Por Gabriel Codas
Investing.com – O índice Ibovespa Futuros inicia a sessão desta quinta-feira com perdas de 0,29% aos 116.805 pontos, com o dólar se aproximando de máxima intradiária com alta de 0,39% a R$ 4,3818, seguindo a alta da moeda americana no exterior.
O mercado deve reagir ao corte de juros na China e à interpretação da ata do Fed no exterior. No cenário local, a temporada local de balanços continua, especialmente após a Petrobras (SA:PETR4) divulgar seus números ontem. Os investidores também reagem aos números do IPCA-15, divulgados pelo IBGE.
– Cenário Interno
IPCA-15
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,22% em fevereiro, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real (1994), e ficou 0,49 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de janeiro (0,71%). Em 2019, a taxa para fevereiro havia sido de 0,34%. O índice acumula no ano alta de 0,93% e, nos últimos 12 meses, de 4,21%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três apresentaram deflação em fevereiro
Esta é a primeira divulgação do IPCA-15 com a nova estrutura de ponderação, obtida a partir dos resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018.
Estimativa do PIB
O BNP Paribas (PA:BNPP) cortou de 2% para 1,5% sua estimativa para crescimento do PIB brasileiro em 2020 e baixou projeções para inflação e Selic, citando impactos do surto de Covid-19 sobre a economia chinesa —a segunda maior do mundo e principal destino das exportações brasileiras.
O efeito de curto prazo do coronavírus será mais forte do que o previsto por muitos, retirando 0,4 ponto percentual da taxa de expansão esperada para a economia global, disse o banco francês, que espera que o PIB chinês cresça 1,2 ponto percentual a menos, marcando 4,5% em 2020.
“Essa queda no crescimento terá um impacto significativo sobre o Brasil, para o qual já mantínhamos uma projeção de aumento do PIB abaixo do consenso para 2020”, afirmou em relatório Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP no Brasil.
– Cenário Externo
China
A China cortou a taxa de empréstimo referencial nesta quinta-feira, como esperado, conforme as autoridades agem para reduzir os custos financeiros para empresas e sustentar a economia afetada pelo surto de coronavírus.
A taxa primária de empréstimo de um ano (LPR) CNYLPR1Y=CFXS, nova medida de empréstimo referencial introduzida em agosto, foi reduzida em 10 pontos básicos, de 4,15% na fixação do mês anterior para 4,05%.
A LPR de cinco anos CNYLPR5Y=CFXS foi cortada em 5 pontos, de 4,80% para 4,75%.
Todos os 51 entrevistados em pesquisa da Reuters esperavam uma redução na LPR, com 38 deles, ou cerca de 75%, apostando em corte de 10 pontos para ambos.
Argentina
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta quarta-feira que a dívida argentina é “insustentável” e que credores privados precisarão dar uma contribuição significativa para que o país se restabeleça.
O comunicado veio em momento em que o Fundo conclui visita de uma semana ao país, que está tentando evitar o calote de cerca de 100 bilhões de dólares em empréstimos e títulos, em meio a uma recessão e inflação elevada.
O FMI disse que a forte elevação da dívida pública significa que o país precisaria de uma “operação de dívida definitiva —demandando uma contribuição significativa de credores privados” para restaurar a sustentabilidade da dívida.
O comunicado oferece suporte ao novo governo peronista da Argentina, que tem insistido que o país não pode pagar suas dívidas a não ser que ganhe tempo para reavivar o crescimento. A Argentina espera concluir suas negociações de dívida até o final de março.
BOLSAS INTERNACIONAIS
Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,34%, a 23.479 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,17%, a 27.609 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,84%, a 3.030 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 2,30%, a 4.144 pontos.
O dia é de rumos distintos para os mercados europeus, com as bolsas operando perto da estabilidade. EM Frankfurt, o DAX tem queda de 13.772 pontos, com o FTSE, de Londres, somando 0,04% aos 7.459 pontos. Já em Paris, o CAC recua 0,19% aos 6.099 pontos.
COMMODITIES
A jornada desta quinta-feira teve, mais uma vez, como principal característica um novo avanço nos preços dos contratos futuros do minério de ferro, negociados na bolsa de mercadorias da cidade chinesa de Dalian. O ativo com maior volume de operações, com data de vencimento para maio deste ano, somou 4,22% para 667,00 iuanes por tonelada, o que representa um ganho de 27 iuanes em relação aos 640,00 iuanes de liquidação da véspera.
No mesmo sentido, a sessão foi de valorização das cotações dos papéis futuros do vergalhão de aço, que são transacionados na também chinesa bolsa de mercadorias da cidade de Xangai. O contrato de maior liquidez, com entrega para 2020, ganhou 71 iuanes para 3.460 iuanes por tonelada, enquanto que o de outubro avançou 51 iuanes para 3.500 iuanes por tonelada.
Os contratos do petróleo registram ganhos na jornada, com o barril do tipo Brent, de Londres, somando 0,05%, ou US$ 0,03, a US$ 59,16. Já em Nova York, o WTI tem alta de 0,39%, ou US$ 0,20, a US$ 53,70.
MERCADO CORPORATIVO
– Petrobras (SA:PETR4)
A Petrobras (SA:PETR4) teve lucro líquido recorde de 40,14 bilhões de reais em 2019, alta de 55,7% ante 2018, principalmente devido ao amplo programa de venda de ativos, apesar de a companhia ter realizado baixas contábeis bilionárias no período.
Em relatório de resultado nesta quarta-feira, a companhia citou desinvestimentos de 16,3 bilhões de dólares em 2019, com transações envolvendo a Transportadora Associada de Gás (TAG), BR Distribuidora (SA:BRDT3), entre outros ativos de exploração e produção.
O resultado poderia ter sido ainda mais forte não fossem as baixas contábeis de 11,63 bilhões de reais em 2019, uma alta de 51% em relação ao ano anterior, segundo a companhia. Do total, mais de 9 bilhões em impairment ocorreram no quarto trimestre.
A companhia ainda citou maiores despesas financeiras com gerenciamento da dívida no mercado de capitais e menores preços do petróleo Brent.
Em carta aos acionistas, o presidente da Petrobras (SA:PETR4) relatou “satisfação” ao apresentar o resultado e frisou que o lucro recorde no ano passado ocorreu mesmo diante de uma queda dos preços médios do petróleo de 71 dólares por barril em 2018 para 64 dólares em 2019.
– Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4)
O grupo varejista GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar (SA:PCAR4), Extra e Assaí, divulgou nesta quarta-feira que teve tem lucro líquido consolidado de 98 milhões de reais no quarto trimestre, queda de 71,4% ante mesma etapa de 2018.
O número veio abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de 327,6 milhões de reais.
Já a performance operacional do grupo medida pelo lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, somou 1,06 bilhão de reais entre outubro e dezembro, queda de 15,9% ano a ano, mas praticamente em linha com a previsão média de analistas, de 1,03 bilhão de reais.
A receita líquida do GPA (SA:PCAR4), que concluiu em dezembro a compra do colombiano Grupo Éxito, cresceu 23,6% no trimestre, sobre um ano antes, a 17,3 bilhões de reais. Na outra ponta, as despesas com vendas, gerais e administrativas avançaram 18,5%, para 2,43 bilhões de reais.
– Ultrapar (SA:UGPA3)
O conglomerado Ultrapar (SA:UGPA3) faz uma baixa contábil de 593 milhões de reais referente ao valor recuperável de ativos de seu negócio de drogarias, a Extrafarma, o que pesou no resultado do grupo no quarto trimestre, com prejuízo de 268 milhões de reais. Excluindo efeitos não recorrentes, a Ultrapar teve lucro ajustado de 133 milhões de reais entre outubro e dezembro.
A baixa contábil refere-se a um ajuste no ágio da aquisição, explicou a companhia do relatório de resultados. A Ultrapar (SA:UGPA3) explicou ainda que deixou a estratégia de expansão acelerada da Extrafarma em diversas regiões para uma consolidação em locais de maior rentabilidade.
O resultado operacional do grupo, medido pelo Ebitda ajustado —que desconsidera efeitos de baixas contábeis— foi de 969 milhões de reais, alta de 20% sobre um ano antes. Analistas, em média, esperavam Ebitda de 925 milhões de reais para a Ultrapar (SA:UGPA3) no quarto trimestre, segundo dados da Refinitiv.
– Raia Drogasil (SA:RADL3)
A maior rede de farmácias do país, RD (SA:RADL3), divulgou nesta quinta-feira lucro líquido de quarto trimestre dentro do esperado pelo mercado, mostrando crescimento cerca de 18% sobre o resultado dos últimos três meses de 2018.
A companhia teve lucro líquido de 143,27 milhões de reais no quarto trimestre ante expectativa média de analistas compilada pela Refinitiv de 141,6 milhões.
A empresa apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 350,43 milhões de reais, avanço sobre os 311,1 milhões de um ano antes. O desempenho, porém, ficou abaixo dos 413,5 milhões esperados, em média, pelo mercado, segundo a Refinitiv.
A RD (SA:RADL3) afirmou que as despesas com vendas representaram 18,3% da receita bruta, abaixo dos 18,8% de um ano antes, mas acima dos 17,9% do período de julho a setembro do ano passado. As vendas mesmas lojas subiram 9,2% no quarto trimestre.
– Marfrig (SA:MRFG3)
A Marfrig (SA:MRFG3), maior produtora de hambúrguer do mundo, reverteu resultado negativo bilionário sofrido no quarto trimestre de 2018 e registrou um lucro modesto no final do ano passado, impulsionada por fortes vendas na América do Norte e demanda acelerada na China.
A companhia, que também é uma das maiores produtoras de carne bovina do mundo, teve lucro líquido de 27 milhões de reais nos três últimos meses de 2019, ante prejuízo de 1,3 bilhão de reais apurado um ano antes, período em que a empresa sofreu um incêndio em uma de suas fábricas no Brasil e problemas de exportação para a Ásia a partir da América do Sul.
A empresa, rival da JBS (SA:JBSS3) em uma série de produtos, teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 1,6 bilhão de reais, salto de 70,5% no comparativo anual. A margem no período passou de 8,2% para 11,4%.
No quarto trimestre, o custo de produtos vendidos da Marfrig (SA:MRFG3) foi de 12,14 bilhões de reais, 18,9% superior ao mesmo período do ano anterior, “explicado pelo maior volume de vendas em ambas as operações e maior custo de gado, principalmente no Brasil e Uruguai”.
– Engie (SA:EGIE3)
A francesa Engie (SA:EGIE3) tem enfrentado algumas dificuldades para fechar a venda de dois ativos termelétricos a carvão no Brasil, o complexo Jorge Lacerda e a usina Pampa Sul, disse um executivo do grupo durante teleconferência com investidores nesta quarta-feira.
A Engie Brasil Energia (SA:EGIE3), subsidiária local da empresa, passou a buscar compradores para as térmicas em meio a uma estratégia de “descarbonização”, que visa focar investimentos em fontes renováveis, como usinas eólicas e solares, e no setor de gás natural, o combustível fóssil com menores emissões.
Mas o processo de negociação de Pampa Sul foi paralisado temporariamente após a usina ter apresentado desempenho operacional abaixo do esperado ao iniciar a geração de energia.
– Petz
A Pet Center, dona da rede de produtos para animais de estimação Petz, protocolou nesta quarta-feira pedido de registro para oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
A operação, que envolve ofertas primária e secundária de ações, será coordenada por Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch, JPMorgan e BTG Pactual (SA:BPAC11), segundo o prospecto preliminar da operação.
A gestora norte-americana de fundos de private equity Warburg Pincus, com 55% do negócio, e o fundador da Petz, Sergio Zimerman, com outros 45%, serão os vendedores na oferta secundária de ações da companhia.
A empresa afirmou que usará recursos da oferta primária —ações novas, cujos recursos vão para o caixa da companhia — para abertura de lojas e hospitais e tecnologia digital.
O grupo fundado em 2002 e que se apresenta como a plataforma de soluções para animais de estimação mais abrangente do país, com 105 lojas em 12 Estados, teve receita líquida de 986 milhões de reais em 2019, um aumento de 28,4% sobre o ano anterior.
AGENDA DE AUTORIDADES
– Jair Bolsonaro
A quinta-feira do presidente da República começa com reunião com Sergio Moro, Ministro da Justiça e Segurança Pública, participando em seguida do lançamento do Crédito Imobiliário com Taxa Fixa. Em seguida, se reúne com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
Na parte da tarde, recebe Nestor Forster, Embaixador do Brasil em Washington designado, e, em seguida, Karina Kufa, Advogada.
– Paulo Guedes
– Reunião com o presidente do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Rubem Novaes;
– Lançamento do Crédito Imobiliário com taxa fixa com o presidente da República, Jair Bolsonaro;
– Reunião semanal com o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues;
– Reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
*Com Reuters