Nesta quarta-feira (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 1,25% em outubro, 0,19 p.p. acima da mediana (1,06%). No mês anterior, o índice havia acelerado para 1,16%.
A alta contamina expectativas de analistas do mercado, tanto para o fim deste ano quanto para 2022.
A Ativa Investimentos elevou de 9,1% para 9,4% a sua estimativa para a inflação, enquanto suas projeções para 2022 passaram de 3,9% para 4,4%. O PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem, segundo a casa, deve ser de 0,5% (de 0,9% antes).
Os reflexos, segundo a Ativa, já serão sentidos na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Passamos a projetar que o BC elevará a Selic em 200 bps na próxima reunião. Assim, a taxa básica de juros encerraria esse ano em 9,75%. Em fevereiro, projetamos mais uma elevação de 200 bps, que levaria o juro para 11,75%, e na reunião de março o ciclo seria encerrado com uma elevação de 150 bps, com os juros a 13,25%."
Para a XP Investimentos, em relatório assinado pela economista Tatiana Nogueira, a projeção de 9,5% para a inflação brasileira está em revisão, com viés de alta.
“A surpresa do mês acima do projetado confirma leitura desafiadora da inflação, pressionada tanto pelos repasses em curso dos elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços”, diz.
Nogueira destaca a aceleração nos serviços. Segundo a economista, a surpresa foi mais generalizada, sendo os preços industriais os que mais se desviaram.
O Bank of America projeta que o IPCA avance 10,74% neste ano, ante projeção de 9,1%. “Os riscos ainda são altistas, devido à volatilidade dos preços das commodities e ruídos políticos e fiscais”, disse David Beker, economista e estrategista para Brasil do BofA.
O BTG Pactual diz que a deterioração adicional do cenário fiscal nas últimas semanas, com maior fragilidade no Teto dos Gastos, promoveu maior abertura da curva de juros.
"O evento se soma aos choques inflacionários já existentes e segue gerando expectativas de inflação distantes da meta em 2022 e, em menor intensidade, 2023. Vale pontuar também uma inflação implícita mais elevada ao longo de toda curva de juro brasileira. Como reflexo, o mercado já precificou juros mais altos nos próximos meses e, nesse sentido, projetamos Selic de 11,75% em 2022", dizem os analistas do banco.