Artigo

Integração de PIX e Open Banking pode transformam o crédito

Tudo indica que o sistema de pagamento instantâneo vai abocanhar uma parcela importante desse mercado

- Pexels
- Pexels

O final de outubro marcou o início oficial da implementação da terceira etapa do Open Banking. A principal novidade foi a integração com o PIX, sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central (BC) junto com as instituições financeiras. A partir de agora, as instituições financeiras poderão compartilhar informações sobre serviços de transferência via Pix, desde que o consumidor expresse o consentimento para que isso aconteça.

A medida pode ser encarada como a largada para o período de maior intensidade das transformações que serão provocadas pelo conjunto de novidades formado pelo Pix e pelo Open Banking. Prestes a completar um ano de existência, o que acontecerá no dia 16 de novembro, o Pix já possuía, em setembro, mais de 101,3 milhões de usuários e, dessa forma, já rivaliza com os cartões de débito e o dinheiro tradicional.

Mas essa rivalidade tende a se acirrar ainda mais a partir de meados do ano que vem, quando será permitido parcelar compras pelo Pix, sem nem ao menos a necessidade de entrar na conta bancária pelo celular.

Ao comprar, o consumidor poderá escolher se pagará à vista ou parcelado e, feito isso, ele informa o número do PIX para que o funcionário do estabelecimento insira o dado no sistema e, dessa forma, o pagamento seja efetuado. Será o cliente quem definirá se o número do seu PIX poderá ficar registrado permanentemente no software da loja ou apenas durante o tempo necessário para quitar a dívida. Nesse caso, a informação é apagada automaticamente após a última parcela.

Em outras palavras, o PIX, que hoje concorre fortemente com outras modalidades de pagamento, como cartão de débito, TED, DOC e boleto, passará a fazer frente também ao cartão de crédito. Não será o fim dessa modalidade de pagamento, mas tudo indica que o PIX vai abocanhar uma parcela importante desse mercado. O cartão de crédito leva a melhor no quesito compras fora do País, coisa que ainda não dá para fazer com PIX, isso sem falar nos programas de recompensa e nos produtos financeiros atrelados aos cartões.

Mas talvez a grande vantagem da integração do PIX com o Open Banking esteja no acesso a informações que possibilitem o desenvolvimento de estratégias de marketing e fidelização mais precisas de um número cada vez maior de indivíduos (alguns antes “invisíveis”). Uma vez que o sistema da loja esteja conectado ao ambiente do Open Banking o comerciante terá à disposição uma infinidade de serviços proporcionados pelas empresas de tecnologia, que fornecem as interfaces, também chamadas de APIs (Application Programing Interface).

Por exemplo, será possível oferecer a linha de crédito mais adequada para financiar uma determinada operação. Imaginemos alguém comprando material de construção. Há linhas de financiamento mais atrativas do que um simples CDC, que o lojista, por meio da plataforma a que ele está conectado, terá acesso e a qual poderá oferecer ao seu cliente.

Com isso, a concorrência entre bancos, fintechs, cooperativas de crédito, entre outros muda de patamar. A interligação proposta pelo Open Banking e a funcionalidade do PIX estão aí para todos usufruírem. Mas se dará bem a empresa financeira que se mostrar mais ágil e precisa no fornecimento das informações necessárias para que seus clientes, ou seja, comércio, indústria, serviços e consumidores, possam tomar as decisões mais adequadas para seus interesses.

Sendo assim, inteligência artificial, big data, machine learning e outras ferramentas com nomes que alguns ainda pensam como possibilidades para o futuro, passam a ter grande importância o quanto antes para o bom desempenho das companhias. Eles são como instrumentos musicais. Cada um com uma sonoridade única que, quando utilizadas com a sensibilidade de um orquestrador eficiente, conseguem criar músicas de qualidade. 

Afinal, sem o apoio dessas ferramentas tecnológicas, é impossível identificar fraudes, ter controle da sinistralidade, gerenciar crédito com eficiência, identificar clientes com maior potencial e conhecer seus perfis com detalhes de forma a desenvolver melhores estratégias de venda de produtos e serviços.

Não basta captar a informação. É preciso processar com habilidade. Separar o joio do trigo. Identificar que tipo de dado revela tendências de comportamento do consumidor. Escolher a melhor forma de usar esse insight. De uma hora para outra, um dos grandes problemas da concessão de crédito no Brasil, que era a falta de informação, está se transformando em excesso.

Não saber o que fazer com muitos dados é tão ruim quanto não ter dados para analisar (ou talvez pior se o seu concorrente souber como usar). A saída desse dilema é apostar em tecnologia. Cada vez mais flexível e robusta. E a hora de começar é agora. 

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.

Sair da versão mobile