IRB Brasil

IRB Brasil reduz perdas após aprovação de aumento de capital com diluição

Por Gabriel Codas – Investing.com – Após abrir em queda de mais de 8% ações do IRB Brasil (SA:IRBR3) RE reduziram as perdas.  O conselho de administração aprovou na véspera o aumento do capital social de até R$ 2,3 bilhões com a emissão de ações ordinárias para subscrição privada ao preço de R$ 6,93 por papel.

Por volta das 14h11, os ativos cediam 2,04% a R$ 8,13.

O valor representa um desconto de 25,6% em relação ao preço de fechamento das ações na quarta-feira. Em 2020, elas acumulam declínio de 76%, respondendo pelo pior desempenho entre os papéis listados no Ibovespa.

O IRB havia anunciado na semana passada a contratação de bancos para coordenar a captação bilionária de recursos para repor provisões técnicas regulatórias fragilizadas por uma fraude contábil.

Os recursos contribuirão para o reenquadramento da companhia aos critérios definidos pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para cobertura de provisões técnicas e margem adicional de liquidez regulatória, segundo fato relevante.

Visão dos analistas

Para a XP Investimentos, destaca novidades no anúncio feito pela companhia, como o fato dos sócios Itaú e Bradesco (SA:BBDC4) se comprometeram a aportar no mínimo seus direitos de subscrição; o preço por ação 26% abaixo do fechamento de ontem e possivelmente para incentivar a subscrição dos atuais acionistas; além da diluição entre 24% a 26% para acionistas que não subscreverem a oferta.

Para o analista da corretora, a oferta possivelmente coloca um fim na inspeção pela SUSEP na resseguradora, aponta a XP.

“Continuamos com a cobertura sob revisão devido às incertezas remanescentes relacionadas aos impactos com reguladores, clientes, retrocessionários e crescimento de prêmios”, destaca a XP.

O Citi avalia que o aumento de capital anunciado na noite de ontem pelo IRB Brasil RE pode levar a uma forte diluição dos acionistas que não acompanharem a operação. Com isso, deve derrubar o retorno (ROE) da resseguradora da faixa de 20% a 22% para o intervalo de 14% a 16%. As informações foram publicadas no site do jornal Valor Econômico.

Em nota, os analistas do banco americano destacam que a diluição vai depender do tamanho da operação, com as ações podendo cair nesta quinta-feira na proporção dessa diluição.

A visão da equipe é que a companhia tinha excesso de capital suficiente para o fortalecimento do balanço com mais provisões. Assim, não esperava que a pressão do mercado por liquidez obrigasse a um aumento de capital da forma aprovada. A dúvida dos analistas é por que o ressegurador optou por essa forma de captação de recursos e não uma emissão de dívida ou de debêntures.

Na avaliação do Citi, com o aumento de capital, a companhia passa a ter um excesso de capital entre R$ 3,2 bilhões a R$ 3,4 bilhões, superando o mínimo regulatório de R$ 1,4 bilhão, indicando uma estrutura de capital “sub-ótima”.

O relatório do banco aponta que os novos dados mostram que o índice de sinistralidade sustentável do IRB poderia ser bem superior aos 63%. Desta forma, se chegar a 70% a 75%, como indicam alguns dados, o índice combinado da resseguradora poderia ficar perto de 100%.

“Isso, combinado com uma taxa de juros na mínima histórica e o excesso de capital após o aumento anunciado agora, sugere que o ROE do IRB pode cair para um dígito nos próximos trimestres. Esperamos esclarecer essas questões com a nova administração do IRB o mais rápido possível. Se a administração confirmar um ROE sustentável de um dígito, pode haver novos riscos de queda para o preço das ações”, diz trecho do documento reproduzido pelo Valor.

O Citi recomenda a Compra de IRB, apesar de destacar que a avaliação não considerava o aumento de capital. O preço-alvo por enquanto é de R$ 14.

Bradesco e Itaú

Sócios do IRB Brasil RE, o Bradesco e o Itaú Unibanco serão também os investidores âncoras do aumento de capital de até R$ 2,3 bilhões. As instituições se comprometeram a acompanhar a operação no mínimo da proporção das participações na companhia, de 15,4% e 11,3%, respectivamente.

O ressegurador informou ainda que os dois bancos consideram a possibilidade de ficar com as ações que não foram subscritas na operação. Com as sobras, a companhia vai ter a garantia de receber os recursos que forem equivalentes ao montante mínimo do aumento de capital.

Com os valores levantados, o IRB passa a ser reenquadrado nos critérios definidos pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) sobre a cobertura das provisões técnicas e da margem adicional de liquidez regulatória.

Pelas regras, os acionistas terão direito de preferência para subscrever ações, na proporção de 0,35938828 nova ação ordinária para cada uma ação de que forem titulares no fechamento do pregão da B3 do dia 13. O prazo para o exercício do direito de preferência vai até 12 de agosto.

O preço de emissão das ações, de R$ 6,93, foi fixado com base no preço médio ponderado por volume (VWAP) dos pregões entre 13 de abril e 8 de julho, aplicando-se um deságio de 30,4%.

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