O Itaú BBA reviu seu preço-alvo para o Índice Bovespa no fim de 2020, para 132 mil pontos, ou quase 30% acima dos 103 mil pontos atuais. Essa alta, segundo o banco, seria impulsionada não pelos estrangeiros, como ocorreu em outras ocasiões, mas principalmente pelo investidor local. Segundo o banco, a queda dos juros fará com que cerca de R$ 600 bilhões hoje aplicados em renda fixa podem ir para a bolsa por conta do juro cada vez mais baixo e da busca por remuneração dos investidores. Isso levaria o volume negociado na bolsa dos atuais R$ 15,8 bilhões para R$ 20 bilhões, e abriria espaço para novas aberturas de capital de empresas.
Em relatório enviado aos clientes, o braço de investimentos do Itaú Unibanco diz que mantém uma visão positiva para o Ibovespa. “Nossa visão é de que estamos entrando em um mercado em alta, um “bull market”, alimentado pela i) liquidez global abundante, evidenciada pelas baixas taxas de juros globalmente; e ii) uma agenda econômica construtiva no Brasil”, diz o banco, que aproveitou para adicionar a ação da Randon no portfólio sugerido na “lista de compras Brasil”, retirando a Azul Linhas Aéreas para realizar lucros.
A migração de capital da renda fixa para a bolsa está apenas começando, acredita o banco, que diz que o Brasil está preparado para desfrutar de um período de taxas de juros excepcionalmente baixas. A projeção do Departamento Econômico do Itaú é que a taxa de juros básica, a Selic, chegará a 5% ao ano até o fim deste ano.
Essa tendência provavelmente terá impacto bastante positivos na renda variável, uma vez que: i) os lucros das empresas aumentarão com as despesas financeiras mais baixas; ii) os valores das empresas, calculados a valor presente por uma taxa de juros mais baixa, aumentarão; e iii) os investidores reduzirão sua exposição aos instrumentos tradicionais de renda fixa e buscarão alternativas de retorno mais alto, como ações.
De acordo com as estimativas do Itaú BBA, a liquidez da Bovespa pode chegar a R $ 20 bilhões à medida que os investidores de renda fixa mudem para ações. O banco faz uma conta: se 10% dos recursos atualmente investidos em títulos, fundos de renda fixa e poupança forem canalizados para as ações, isso levaria a um fluxo de mais de R$ 600 bilhões para a bolsa, o que equivale a 25% das ações em circulação na Bovespa.
O Itaú acredita que a entrada de recursos provavelmente será conduzida por investidores locais, enquanto os investidores estrangeiros poderiam continuar a perder participação no mercado. Os investidores locais ganharam participação e agora representam 49% dos volumes da Bovespa, ante 39% em 2014. Esse aumento pode ser explicado pelo maior envolvimento de investidores institucionais e de varejo em ações.
Já os investidores estrangeiros reduziram sua exposição a ações brasileiras, uma tendência que pode ser atribuída em grande parte a uma combinação de três fatores: i) a disponibilidade de alternativas de investimento sólidas em outros mercados emergentes, particularmente no Sudeste Asiático; ii) a instabilidade política no Brasil durante o período eleitoral de 2018; e iii) a atual situação fiscal desafiadora no Brasil.
Esse ambiente deve favorecer novas aberturas de capital de empresas, diz o Itaú. Segundo o banco, o Brasil ainda tem um mercado de capitais pouco desenvolvido, como evidencia o fato de que a proporção entre os lucros das empresas listadas e os lucros das empresas é muito baixa, de 7%. Nos EUA e no Canadá, essa proporção chega a 25%.
Diante desse cenário, o banco avalia que a melhor posição para o investidor em um mercado tão líquido é não ir contra o fluxo. Em um mercado em alta, as avaliações tendem a atingir níveis máximos, apoiados por uma combinação de crescimento esperado de lucros e um custo de capital menor. As empresas menores, ou small caps, e empresas holdings descontadas em relação a suas controladas estarão de volta à tela do radar dos investidores.
Em períodos de alta liquidez, os investidores tendem a se interessar mais pelas small caps, que podem, assim, superar o Ibovespa. Mas o banco alerta que é preciso cuidado com a qualidade das companhias. Em um período de liquidez excessiva, até mesmo uma ação que se tornou uma venda consensual poderia ter um desempenho positivo.
Roderick Greenlees, diretor global de investimentos bancários do Itaú BBA, confirmou que tem uma visão construtiva dos mercados de capitais e acionários brasileiros. Ele também observou que o governo brasileiro terá um papel fundamental neste ciclo de abertura de capital, e que o apetite dos investidores locais tem sido um destaque positivo das operações de ofertas de ações e outros papéis realizadas recentemente. Rubens Henriques, novo presidente da Itaú Asset Management, endossou a visão de que a parcela de ações atual nas carteiras é modesta e disse que o ambiente de juros baixos está forçando os investidores a adicionar risco às suas estratégias, a fim de melhorar os retornos.
O post Itaú BBA vê Ibovespa em 132 mil pontos com troca de R$ 600 bi em renda fixa por ações; giro da bolsa pode chegar a R$ 20 bi por dia apareceu primeiro em Arena do Pavini.