Junho começa com reforma da Previdência, teste no Senado, IPCA, BCE, atividade industrial e emprego nos EUA

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Maio não foi a tragédia para os mercados como preconizavam alguns, com o Índice Bovespa encerrando o mês em alta de 0,70%, aos 97.030 pontos, e o dólar com ganho modesto, de 0,10%, vendido a R$ 3,925 no mercado comercial. O que não significa que não foi um mês de fortes emoções, com o confronto entre Jair Bolsonaro e o Congresso, protestos pelos cortes no Ministério da Educaçao e denúncias contra o filho do presidente levantando dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar a reforma da Previdência e até mesmo de o presidente concluir seu mandato. Tudo isso, e mais a piora na guerra comercial entre EUA e China, fizeram o Ibovespa chegar aos 91 mil pontos, antes de se recuperar.

O ruído político acabou por agravar os problemas da economia, como a tragédia de Brumadinho, e derrubou o PIB e a esperança dos que contavam com uma virada da atividade com o novo governo. Maio foi o mês que marcou o fim da lua de mel com o governo e a reversão das expectativas, que mostram agora que este ano pode ter um desempenho até pior do que os dois últimos anos.

Junho e a reforma da Previdência

Neste mês, a expectativa é que o governo leve adiante o pacto entre os três Poderes e organize um pouco melhor sua base política, o que fará a reforma da Previdência avançar na Câmara. O apoio de vários partidos e liderança políticas traz a confiança de que a reforma, fundamental para o país seguir adiante e voltar a crescer, será aprovada, mesmo que com uma economia menor que o R$ 1,1 trilhão em 10 anos proposto pelo governo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reafirmou sua intenção de votar a reforma até o fim deste mês. E a Câmara aprovou a Medida Provisória que busca coibir as fraudes no INSS, parte importante da reforma.

Esse cenário seria suficiente para que o Índice Bovespa retomasse sua tendência de alta. Já no cenário externo, a expectativa é com a guerra comercial entre EUA e China, que pode ter um momento de inflexão na reunião do G-20, quando os presidentes Donald Trump e Xi Jim Ping devem conversar pessoalmente. O encontro, porém, acontecerá somente no fim do mês, dias 28 e 29 de junho, em Osaka. Até lá, a tensão entre os dois países deve continuar.

Restrições ao México

Nesta semana, em outra frente de batalha de Trump, uma missão do México tentará reverter o aumento de tarifas anunciada pelo presidente para forçar o país vizinho a controlar a entrada de imigrantes. Impedido de construir o muro por falta de recursos, Trump usa a política comercial para forçar os mexicanos a fazer o papel de limitar os imigrantes, mesmo que a população americana acabe pagando pela medida.

Reforma já tem 277 emendas

Nesta semana, as atenções estarão voltadas, no cenário local, com a tramitação da reforma da Previdência. O relator da proposta, deputado Samuel Moreira, do PSDB, disse que fará um esforço para apresentar seu parecer antes do dia 15 de junho. No total, a reforma da Previdência recebeu 277 emendas, o que mostra que a discussão será acalorada.

Dados darão pistas do PIB no 2º tri

Com relação à atividade, a pesquisa mensal da indústria do IBGE relativa a abril irá estrear os dados de atividade do segundo trimestre, afirma o Banco Fator. O IBGE também divulgará dados da inflação oficial, o IPCA de maio, na sexta-feira, cujo resultado deve revelar uma desaceleração. O IGP-DI e a balança comercial de maio também saem esta semana.

Na agenda externa, o destaque será a estimativa final do PIB da zona do Euro do primeiro trimestre deste ano e a reunião do Banco Central Europeu, ambos na quinta-feira. A divulgação dos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, referentes a maio, também será importante, principalmente com investidores pressionando o Federal Reserve, banco central americano, para cortar juros.

Teste do governo no Senado

A semana começa com teste para o governo no Senado, que precisa aprovar a MP 871, que aumenta a fiscalização dos benefícios da Previdência e que perde a validade na terça-feira. Outra MP que vence na segunda é a 872, que prorroga as gratificações na Advocacia Geral da União. O desafio do governo começa em conseguir que os senadores antecipem a ida a Brasília, normalmente marcada para terça-feira. Já a MP 867, que muda as regras de áreas de proteção ambiental e também perde a validade, não vai ser votada, conforme acordo entre os senadores, que discordam do texto aprovado na Câmara.

Balança comercial, projeções, venda de automóveis, atividade

Na área econômica, o boletim Focus, do Banco Central (BC), trará as projeções do mercado para economia e pode mostrar se o pessimismo com o crescimento do PIB deste ano vai aumentar. As projeções para os juros também devem indicar novas quedas neste ano. O Ministério da Economia deve divulgar os dados da balança comercial de maio.
Saem também os números das vendas de automóveis da Fenabrave referentes a maio e os dados de Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No exterior, na segunda-feira, o mercado vai repercutir a pesquisa de gerentes de compras (PMI) industrial da China, que sai na madrugada. Na Europa, saem os PMIs industriais da Alemanha e da zona do Euro. Também nos EUA será divulgado o PMI da indústria e o Índice dos Gerentes de Suprimento (ISM) da industria, ambos de maio.

Produção industrial, emprego na Europa e encomendas nos EUA

Na terça, o IBGE divulga a Produção Industrial Mensal de abril, que pode trazer uma melhora. A LCA Consultores espera uma alta de 0,5% sobre o mês anterior e uma queda de 3,6% sobre o ano passado.

Na Europa, saem dados de emprego de abril da zona do euro e a inflação ao consumidor, o CPI, de maio. Nos EUA, serão divulgados dados de encomendas à indústria de abril. E, à noite, a China divulga o PMI composto, que inclui serviços e indústria.

Preços de commodities, emprego privado nos EUA

Na quarta-feira, o BC brasileiro divulga seu índice de preços de commodities (IC-Br) de maio. Já no exterior, sai o PMI composto da Alemanha e da zona do euro de maio e os dados de vendas do varejo na zona do euro de abril. Nos EUA, a consultoria de RH ADP divulga os dados de emprego do setor privado de maio. Saem ainda os estoques de petróleo dos EUA e o Livro Bege, do Federal Reserve, que traz as perspectivas para os principais indicadores econômicos.

Anfavea, BCE, PIB da Europa

Na quinta-feira, a Anfavea divulga a produção de veículos de maio. Na Europa, é dia de reunião do Banco Central Europeu, para discutir a taxa de juros e incentivos para a economia, em um momento de pessimismo. Na Alemanha, saem dados de encomendas à indústria e, na zona do euro, os dados de emprego e o Produto Interno Bruto (PIB) da região no primeiro trimestre. Nos EUA, saem dados de Produtividade do Trabalho e Custo Unitário do Trabalho. E a balança comercial de abril do EUA.

IPCA, IGP-DI, emprego nos EUA

Na sexta-feira, saem os dados mais importantes da semana. No Brasil, o IBGE divulga o IPCA de maio, que deve registrar forte desaceleração, para 0,16%, segundo a LCA, ante alta de 0,57% em abril. O IPCA é usado pelo BC nas metas de inflação. Sai também na sexta-feira o IGP-DI da Fundação Getulio Vargas (FGV), que pode mostrar se há pressão nos preços do atacado. O IGP-DI deve ter subido 0,29% em maio, ante alta de 0,90% em abril, segundo a LCA.

Nos EUA, o destaque serão os dados de emprego em maio, o payroll, que deve mostrar uma criação de 190 mil empregos, abaixo dos 263 mil do mês anterior, segundo estimativas do mercado. A taxa de desemprego deve se manter baixa, em 3,6% da força de trabalho. Sai também a produção industrial de abril dos EUA, que pode indicar queda de 0,4% em relação ao mês anterior.

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