Novela da contravenção

Prisão de Rogério de Andrade reacende disputa sangrenta por controle do jogo do bicho no RJ: relembre como Fernando Iggnácio foi morto

Rixa entre Rogério e Iggnácio teve início em 1997, com a morte de Castor de Andrade, e se intensificou no ano seguinte, após o assassinato do herdeiro de Castor

O assassinato de Paulinho de Andrade, em 1998, deu início a uma série de execuções pelo controle de pontos do bicho Foto: Fernando Quevedo 21-10-1998 / Agência O Globo
O assassinato de Paulinho de Andrade, em 1998, deu início a uma série de execuções pelo controle de pontos do bicho Foto: Fernando Quevedo 21-10-1998 / Agência O Globo

Na manhã desta terça-feira (29), Rogério de Andrade, sobrinho do contraventor Castor de Andrade, foi preso no Rio de Janeiro (RJ), e reacendeu uma complexa e violenta disputa pelo domínio do jogo do bicho e das máquinas caça-níqueis na Zona Oeste carioca.

A prisão ocorre quase quatro anos após a execução de Fernando Iggnácio de Miranda, genro de Castor e rival de longa data de Rogério.

A rixa entre Rogério e Iggnácio teve início em 1997, com a morte de Castor de Andrade, e se intensificou no ano seguinte, após o assassinato de Paulo Roberto de Andrade, herdeiro de Castor.

Paulo, conhecido como “Paulinho,” era o sucessor natural do império do jogo do bicho, mas foi morto em 1998, em um crime que a polícia atribuiu a Rogério.

Esse episódio transformou Fernando Iggnácio, cunhado de Paulinho, no principal adversário de Rogério na disputa pelos lucrativos pontos do jogo.

O embate entre os dois atingiu proporções alarmantes: entre 1999 e 2007, as investigações da Polícia Federal registraram 50 mortes associadas à guerra pelo controle do mercado ilegal.

Iggnácio, que comandava a empresa Adult Fifty, focada em caça-níqueis, e Rogério, que fundou a Oeste Rio, disputavam território com constantes ataques e represálias, que variavam de destruição de máquinas a assassinatos.

O assassinato de Fernando Iggnácio

Fernando Iggnácio foi assassinado em novembro de 2020, vítima de uma emboscada.

Ele retornava de Angra dos Reis de helicóptero e, ao caminhar pelo estacionamento do heliponto no Recreio dos Bandeirantes, foi surpreendido por um homem encapuzado armado com fuzil, que disparou várias vezes contra ele, atingindo-o fatalmente na cabeça.

Além de ser alvo da violência entre rivais, Rogério Andrade também sofreu atentados.

Em 2001, sobreviveu a uma tentativa de assassinato após a arma do atirador falhar. No entanto, em 2010, seu filho, de apenas 17 anos, morreu em um atentado com explosivos na Barra da Tijuca, em um ataque inicialmente planejado para Rogério.

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