Klabin cancela assembleia para pagar royalties para a família pelo uso do nome

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Ontem, em fato relevante divulgado ao mercado, a Klabin anunciou o cancelamento da AGE (prevista para ocorrer em 14 de março de 2019), que coloraria fim ao pagamento de royalties pelo uso do nome de uma das famílias fundadoras, após queixa da BNDESPar, detentora de 6,6% das ações preferenciais e 2,8% das ordinárias da empresa, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ao mesmo tempo, a BNDESPar pediu à companhia a convocação de outra AGE, agora para deliberar sobre a rescisão do contrato, o que poderia impedir a Klabin de seguir usando a marca em seus produtos, vendidos no país e exportados para dezenas de mercados internacionais.

No começo de fevereiro, a Klabin chegou a um entendimento com seus controladores para colocar fim ao pagamento de royalties pelo uso do nome de uma das famílias fundadoras. Contudo, desentendimentos entre os acionistas levou a Sogemar, empresa que detém marcas licenciadas para a Klabin e cujos sócios são os controladores, a retirar o aval à proposta que resultaria na extinção dos royalties.

Sem solução para os royalties, é improvável que a Klabin submeta ao conselho de administração seu novo ciclo de crescimento, com investimento esperado de US$ 2 bilhões, nos próximos meses, como era esperado pelo mercado.

O contrato de royalties seria avaliado em R$ 344 milhões. O pagamento aos Klabin seria feito em ações ordinárias (100.845.943) da empresa, o que exigiria uma pequena emissão de papéis, e um lock-up de 5 anos para as ações emitidas serem vendidas no mercado.
Segundo a corretora Guide Investimentos, o fim dos royalties ganhou relevância nos últimos meses à medida que avançaram os estudos para o novo ciclo de expansão da Klabin, que compreenderia uma nova linha de celulose marrom integrada a duas máquinas de papel kraft liner e cartão. O plano, estimado em cerca de US$ 2 bilhões, seria levado ao conselho de administração no início deste ano e a previsão era que as máquinas de papel entrariam em operação em 2021 e 2023. O valor do pagamento dos royalties de cada ano é definido justamente pelo volume de kraftliner produzido e vendido pela companhia. E esse volume cresceria de forma significante com o início de operação da nova máquina de papel em 2021, agregando a capacidade de 450 mil toneladas por ano, sobre a atual, de 1 milhão de toneladas.

Para a Guide, o impacto da notícia é negativo. O valor do acordo, que corresponde a cerca de 50% do valor presente do fluxo de pagamento dos royalties, tinha ficado abaixo do estimado pelo mercado (R$500 milhões a R$ 600 milhões) e diminuiria a pressão em cima das units da Klabin, dado que o tema trazia ruídos por se tratar de contrato entre partes relacionadas. Mais: o acordo ainda representava um avanço na governança da Klabin, e destravaria investimentos futuros de expansão da companhia.
A Guide destaca que as receitas dos produtos de papel e papel ondulado comercializados com a marca “Klabin” e suas derivadas representaram cerca de 56 % do faturamento da Companhia em 2018.

Para a XP Investimentos, o cancelamento da proposta que resultaria na extinção dos royalties, se confirmado, não será bem recebido. A corretora mantém recomendação Neutra para Klabin, com preço alvo de R$23/ação.

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