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LCA: atitudes polêmicas de Bolsonaro podem atrapalhar a recuperação da economia

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Os sinais de esfriamento mundial surgem num contexto desafiador para as autoridades econômicas, avalia a LCA Consultores. Mas, além do cenário externo e das dificuldades internas, outro fator preocupa os analistas no Brasil: as atitudes e afirmações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro.

Os riscos geopolíticos são muitos – a começar pela disputa comercial EUA-China – e mantêm muito alta a incerteza político-econômica global. “Ademais, teme-se que o prometido reforço de estímulos à demanda se revele tardio e insuficiente”, diz a consultoria em relatório. A “munição” das autoridades mundiais para combater uma recessão global parece muito limitada; e os mecanismos para estimular a economia, como corte de juros e cortes de impostos, podem ter se tornado menos eficazes para reativar o consumo e o investimento privados, teme a LCA.

O risco de esfriamento mundial, o recrudescimento da crise argentina e o aumento da aversão global ao risco têm o potencial de retardar a recuperação da confiança privada doméstica, que vinha ensaiando uma melhora na esteira do andamento de reformas estruturais e da flexibilização da política monetária doméstica, alerta a LCA.

Maior preocupação com atitudes e declarações polêmicas

Mas um outro ingrediente pode atrapalhar a recuperação da confiança (e, a reboque, da atividade), alerta a consultoria: o quadro político interno. Nas últimas semanas, parece ter aumentado o nível de preocupação dos mercados com a sequência de declarações polêmicas, desenfreadas, de Jair Bolsonaro – o que tem levado o mercado a questionar o quanto os arroubos presidenciais podem afetar a agenda do Congresso e a recuperação da economia”, diz a LCA em relatório.

Recentemente, o relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati, disse que o melhor que o presidente Bolsonaro pode fazer para ajudar na aprovação do projeto é ficar quieto. “Quanto mais calado ele ficar, melhor”, afirmou. É um sinal de como as declarações do presidente podem incomodar o meio político e prejudicar o próprio governo.

O estilo “espontâneo” de Bolsonaro ainda não tem prejudicado as expectativas dos agentes econômicos, nem tampouco trazido complicações para o andamento da agenda econômica no Congresso, admite a LCA. Mas, nas últimas semanas, declarações e atitudes do presidente em relação a corporações poderosas e tradicionalmente autodefensivas, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), transformado esta semana em Unidade de Inteligência Financeira (UIF), a Receita Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público, vêm ampliando o receio em relação às consequências políticas do comportamento de Bolsonaro. Para a consultoria, eventual aumento de desconfortos e conflitos entre forças políticas de sustentação ao governo poderá ter reflexos negativos na agenda econômica e na confiança privada.

Questão ambiental

Não é apenas a LCA que demonstra preocupação com as declarações polêmicas de Bolsonaro. Para o ex-diretor do Banco Central (BC) Mário Mesquita, economista-chefe do banco Itaú Unibanco, a questão ambiental, um dos alvos das críticas do presidente Bolsonaro, pode se tornar um problema para os investimentos no país. “Nossos parceiros internacionais trabalham com determinados padrões de respeito ao meio-ambiente que precisam ser respeitados”, afirmou, durante encontro com jornalistas. “Isso pode ser um problema, não podemos ficar muito fora das normas globais”, disse.

A LCA afirma que continua a projetar aceleração do crescimento do PIB de 1% em 2019 para 2,5% em 2020. “Mas reconhecemos que, diante do acúmulo de incertezas externas e do risco de desgaste político do núcleo do governo, esses números começam a parecer otimistas”, diz a consultoria.

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