Medo do impacto da prisão de Temer e adiamento de relator da reforma da Previdência derrubam bolsa

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Um evento aparentemente desconexo, a prisão do ex-presidente da Republica Michel Temer e de um de seus principais ministros, Moreira Franco, derrubou a bolsa e trouxe mais incerteza para os investidores sobre as chances de aprovação da reforma da Previdência no Congresso. Ontem, o projeto de reforma das aposentadorias dos militares já havia jogado um balde de água fria nas expectativas, já que o texto reduz custos de um lado, mas aumenta gastos com a reestruturação de carreiras do outro, praticamente anulando a economia com as mudanças e dando vantagens que poderão ser pleiteadas por outros grupos de pressão.

O descontentamento com o projeto dos militares acabou levando o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, a adiar a escolha do relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), previsa para hoje. Em nota, o partido diz que consultou líderes de outras legendas e decidiu que só escolherá o relator depois que o governo e o Ministério da Economia expliquem o projeto dos militares. O projeto aumentou ainda mais o descontentamento de parlamentares com as atitudes do presidente Bolsonaro.

Hoje, o mercado voltou a ficar preocupado, desta vez com as prisões de Temer e Moreira Franco. Ambos são figuras de destaque no MDB, partido ainda muito importante no Congresso, e que pode ter papel determinante para o governo conseguir os votos para aprovar a reforma. Além disso, Moreira Franco é sogro do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que havia brigado com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, por conta do projeto de reforma da Segurança Pública. A prisão foi interpretada por alguns como uma reação de Moro às críticas abertas de Maia ao projeto do ministro, afirmando que se tratava de um “copia e cola” de outro projeto, do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Maia, por sua vez, é o principal defensor da reforma da Previdência no Congresso, e uma eventual briga com o Executivo traria muita dificuldade para o governo aprovar a reforma.

Assim, mesmo com a melhora do humor nas bolsas de Nova York, que avançaram após os investidores digerirem de forma mais minuciosa o comunicado da véspera do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o Índice Bovespa teve perda pelo terceiro pregão consecutivo, segundo destaca o BB Investimentos. “Após o índice Bovespa ter atingido seu recorde histórico no início desta semana, acima do “objetivo psicológico” dos 100 mil pontos, nada mais natural que houvesse realizações”, avalia o banco, atribuindo a queda de hoje à “sensibilidade” dos investidores em torno do andamento da reforma.

A sensibilidade dos investidores fez o Índice Bovespa cair abaixo dos 95 mil pontos, recuperando-se no fechamento para 96.729 pontos, queda de 1,34%. O dólar comercial terminou cotado a R$ 3,80, em alta de 0,88%, com repique das recentes baixas. Os juros futuros subiram após algumas taxas terem tocado ontem em suas mínimas históricas, com destaque altista para os prazos mais longos.

O Ibovespa acumula queda de -2,43% na semana, mas ainda sobe +1,20% no mês, +10,06% no ano e +13,83% em 12 meses. Os estrangeiros estão evitando uma queda maior do índice. No dia 19 de março, houve entrada líquida de capital estrangeiro de R$ 383,785 milhões na bolsa, elevando o saldo no mês para R$ 2,457 bilhões. No ano, o saldo está positivo em R$ 1,362 bilhão.

Já o dólar acumula variações de -0,52% na semana, +1,25% no mês, -1,94% no ano e +16,88% em 12 meses.

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