Os mercados internacionais continuam com o clima de aversão ao risco de ontem, com as bolsas na Ásia e na Europa em queda e os futuros nos Estados Unidos apontando novas perdas. Na Ásia, a tensão prossegue em Hong Kong, um dos mais importantes centros financeiros do mundo, com manifestantes pró democracia paralisando parcialmente o aeroporto internacional da cidade, desafiando o governo comunista de Pequim. É um complicador a mais para o presidente Xi Jinping, que já está às voltas com a guerra comercial com os Estados Unidos. O Índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, fechou em queda de 2,10%, enquanto o índice da Bolsa de Xangai perdeu 0,63%. Em Tóquio, em meio a turbulência na China e disputas comerciais com a Coreia do Sul, o Índice Nikkei perdeu 1,11%.
Confiança na Alemanha é a menor desde 2011
As preocupações afetam também a Europa, que enfrenta os problemas da crise política na Itália, a saída do Reino Unido da União Europeia e a fraqueza da atividade econômica, confirmada hoje na Alemanha pelo Índice Zew de confiança na economia. O indicador caiu em agosto para o menor nível desde 2011, para 44,1, 24,5 pontos abaixo de julho. Com isso, as bolsas estão em baixa, puxadas pelo DAX, da Alemanha, com perda de 0,72%, e o Índice Euro Stoxx 600 cai 0,57%. Em Paris, o CAC recua 0,39% e o Financial Times, de Londres, perde 0,43%.
Nos Estados Unidos, o clima também é negativo, com os mercados futuros apontando uma queda de 0,24% no Dow Jones, 0,23% no Standard & Poor’s 500, e de 0,29% no Nasdaq.
Ouro sobe e juro cai nos EUA
O que vai bem é o ouro, visto como proteção para crises, e que sobe 1,37% em Nova York, para US$ 1.538,00 a onça-troy (31,104 gramas). O petróleo cai diante da perspectiva de que toda essa disputa comercial e essa falta de confiança derrube a economia mundial e o consumo de combustível. O barril do tipo WTI cai 0,35% em Nova York, para US$ 54,74.
Outro indicador de busca por proteção, os juros dos títulos do Tesouro dos EUA, recuam hoje, 0,005 ponto percentual, para 1,644% ao ano, enquanto os da Alemanha têm juros negativos de 0,604% ao ano. Ou seja, as pessoas estão pagando para deixar o dinheiro no banco central alemão. Os juros de 10 anos nos EUA estão a apenas 0,40 ponto percentual da sua mínima história, de 1,27% em julho de 2016.
Argentina pode seguir afetando o Brasil
No Brasil, a expectativa é de que o mercado acompanhe o exterior, com preocupação extra com a Argentina, que ainda pode ter desdobramentos da mudança de governo prevista para ocorrer em outubro. A expectativa é de que o candidato favorito, Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, faça algum aceno para acalmar os mercados, diante do risco de assumir um país quebrado no fim do ano. Outra alternativa é manter o discurso de renegociação da dívida pública e confronto com os credores para segurar a economia em dificuldades e aumentar a rejeição ao governo de Maurício Macri, o que pode ser um jogo perigoso.
Impacto nos mercados e na economia
Para o Brasil, os impactos da mudança de governo na Argentina afetam tanto os mercados, já que os investidores externos têm de ajustar suas carteiras de mercados emergentes, como a economia real, uma vez que 40% do comércio internacional brasileiro envolve o país vizinho. Há ainda o acordo com a União Europeia, que pode enfrentar a oposição dos kirchneristas e colocar em risco o acordo fechado após mais de 20 anos de negociações.
Ontem, o Índice Merval S&P teve a maior baixa em um dia de sua história, 37,9%, e o dólar subiu mais de 20%.
No mercado de câmbio internacional, há a mesma percepção pessimista dos investidores com uma depreciação generalizada das moedas em relação ao dólar, observa o Bradesco.
No campo das commodities, como consequência do fortalecimento da moeda americana, as cotações estão predominantemente no campo negativo – com exceção das metálicas. O petróleo, que reflete perspectivas de demanda enfraquecida, deve ter seus preços norteados também por dados sobre estoques nos EUA, a serem divulgados hoje.
Para o Bradesco, a agenda esvaziada de indicadores econômicos no Brasil deve manter o comportamento do mercado doméstico próximo ao da tendência internacional.
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