Nova frente de negócios

De olho na SpaceX: Militares querem usar estatal aeroespacial de Lula para lançar foguetes de Musk em Alcântara, diz jornal

Os militares defendem a criação da Alada como uma resposta às crescentes necessidades de comunicação via satélite do governo, ao fornecimento de internet banda larga e ao suporte a missões militares

Rui Costa, Lula e Haddad
Rui Costa, Lula e Haddad | Foto/Marcelo Camargo - Agência Brasil

No início de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um projeto de lei (PL) que estabelece a Alada, uma nova empresa pública focada no setor aeroespacial. Essa iniciativa visa transformar a base de Alcântara, localizada no Maranhão, em um polo estratégico para lançamentos de foguetes. O projeto, impulsionado pela Aeronáutica, busca uma colaboração com a SpaceX, a renomada empresa de lançamentos espaciais do bilionário Elon Musk.

De acordo com uma reportagem de Gustavo Côrtes para o jornal O Estado de S.Paulo, um relatório elaborado por um grupo interministerial, que inclui oficiais da Aeronáutica, sugere que a nova estatal, Alada, deve ser a principal responsável pela exploração comercial das atividades privadas na base de Alcântara, e faz referência direta à SpaceX, de Elon Musk.

“A SpaceX domina a reutilização e executa os lançamentos da Starlink em custo marginal, com a recuperação e reutilização do Falcon 9, o primeiro lançador totalmente reutilizável”, aponta o relatório.

Outras empresas, como a Virgin Galactic e a Blue Origin, também são mencionadas.

As Forças Armadas do Brasil já estabeleceram parcerias com a SpaceX.

Em agosto, o Comando Militar da Amazônia (CMA), responsável por proteger as fronteiras nos Estados do Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre, contratou o serviço de internet da Starlink, também de Elon Musk, para suas unidades militares na região.

Além disso, o Exército disponibilizou 100 pontos de acesso à internet via Starlink para comunidades afetadas por enchentes no Rio Grande do Sul, onde mais de 170 pessoas perderam a vida.

Os militares defendem a criação da Alada como uma resposta às crescentes necessidades de comunicação via satélite do governo, ao fornecimento de internet banda larga e ao suporte a missões militares, áreas que já contam com a atuação da Starlink no Brasil.

Se for aprovada pelo Congresso Nacional, a Alada vai ser uma subsidiária da Nav Brasil, vinculada ao Ministério da Defesa e sob a presidência do Major-Brigadeiro do Ar José Pompeu dos Magalhães Brasil Filho.

A nova estatal vai depender de recursos do Tesouro Nacional.

O relatório sugere que a Alada pode abrir subsidiárias internacionais e formar parcerias com outras empresas públicas.

O projeto de criação da Alada foi desenvolvido pelo GT20, um grupo de trabalho instituído pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em dezembro do ano passado, que inclui membros da Aeronáutica, da Agência Espacial Brasileira e de vários ministérios.

Metade dos oito integrantes titulares do grupo foi composta por militares da FAB.

O documento sugere a criação do Sistema de Satélites de Defesa e Comunicações Estratégicas, a ser gerido por um comitê diretor responsável pela implementação de um “plano de absorção e transferência de tecnologia”, com o objetivo de importar conhecimento na construção e lançamento de foguetes e satélites para a indústria nacional.

As informações são do repórter Gustavo Côrtes para o jornal O Estado de S.Paulo.

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