Entre tantas mudanças que a pandemia trouxe, o trabalho remoto foi, sem dúvida, uma das grandes. Mesmo quando se tornou possível o retorno aos escritórios, muitos profissionais desejaram continuar trabalhando no esquema de home office, gerando impasses com as empresas que defendiam claramente retornar ao modelo presencial.
Em uma pesquisa feita no ano passado, pela startup Revelo, 79% dos profissionais afirmaram que preferiam se demitir a perder o sistema de trabalho remoto. Deixariam seus empregos para buscar empresas com modelo de trabalho mais flexíveis, desejo em descompasso com a oferta de vagas que foram se tornando majoritariamente presenciais no período pós pandemia.
Junto disto, um fenômeno começava a aparecer: a contratação de brasileiros por empresas estrangeiras.
Em setores, como o de tecnologia, onde a distância não é um impeditivo e a tendência de outsourcing (terceirização) é muito grande, o aumento do trabalho remoto internacional vem crescendo nos últimos anos.
Na pesquisa realizada em novembro de 2022 pela Husky, fintech de transferências internacionais, revelou que o número de profissionais que vivem no Brasil, mas trabalham para o exterior aumentou 491% entre 2020 e 2022. Isso, considerando apenas os brasileiros que utilizam os serviços prestados por ela.
Vantagens e desvantagens
Apesar das vantagens de se manter em home office, da flexibilidade de horários, do pagamento em euro ou dólar e maior autonomia, obviamente existem desvantagens. Essas contratações são feitas com base na demanda das empresas por mão de obra, ou seja, haverá períodos em que terá mais trabalho, e outros em que não.
Além disso, geralmente são feitas em formato de PJ, portanto sem os benefícios assegurados pelos direitos trabalhistas.
O idioma também pode ser outra barreira. Algumas vagas exigem o domínio da língua, o que restringe muito o acesso a essas oportunidades para os brasileiros. Em uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa Data Popular para o British Council, no Brasil, apenas 5% da população afirma possuir algum conhecimento de inglês e menos de 1% possui fluência no idioma.
Trabalho sem fronteiras
Porém, há vagas onde isso não é um critério obrigatório e observa-se um interesse crescente de brasileiros buscando oportunidades fora do país sem ter que se mudar – o chamado trabalho sem fronteiras.
Na pesquisa “FUTURO DO TRABALHO”, desenvolvida pela plataforma Futuros Possíveis em parceria com o Opinion Box, de 70% das pessoas em busca de um novo emprego que foram ouvidas, 16% delas já consideraram trabalhar para empresas fora do Brasil de maneira remota – isso em todas as faixas etárias e classes sociais.
Para os profissionais da área de tecnologia da informação, essa realidade pode estar mais próxima. Das pessoas que recebem seus pagamentos pela Husky, 82% são de tecnologia, mas designers, empresários, influenciadores digitais, streamers, recrutadores e profissionais de marketing já começam a ganhar espaço.
E você, se pudesse, gostaria de colocar o trabalho no modo avião?
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