O significado do trabalho nos últimos 100 anos

No mercado de trabalho da atualidade, o propósito ganhou posição de protagonismo nas escolhas das pessoas, que buscam alinhar a sua fonte de receita com algo que traga significado para elas. Por esta razão, as empresas e organizações estão cada vez mais focadas em comunicar e incorporar um propósito claro em suas missões e práticas comerciais, seja dando mais transparência à sua visão e valores, seja através da implantação de uma agenda ESG, seja
criando um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Mas nem sempre foi assim. O significado do trabalho, ao longo dos séculos, foi mudando conforme o contexto econômico, social, tecnológico e cultural de cada período.

Trabalho para sobreviver

No início do século XX, durante o período marcado pela Grande Depressão e pela Segunda Guerra Mundial, as pessoas viviam em um mundo de muita instabilidade e escassez. O trabalho nessa época era primordialmente um meio de sobreviver e buscar alguma estabilidade.

As pessoas dessa geração, chamada de “Silenciosa”, tinham o sacrifício para superar as dificuldades como uma tônica do trabalho.

Trabalho para viver

Após a Segunda Guerra, muitas economias desenvolvidas experimentaram um período de crescimento econômico. No Brasil, vivemos o boom econômico dos anos 50 e 60, com a política desenvolvimentista. As pessoas arregaçaram as mangas e trabalharam muito.

Jornadas extensas, dedicação e fidelidade marcaram as relações de trabalho por parte dos profissionais “Baby Boomers”, que também buscavam estabilidade no emprego, mas queriam ser reconhecidos e promovidos dentro da organização.

Para eles, além da segurança financeira, viam no trabalho um meio para garantir alguns benefícios, como aposentadoria e assistência médica.

Trabalho para viver bem

Mais tarde, quando a “Geração X” entrou no mercado de trabalho, o contexto de hiperinflação voltou a trazer certa instabilidade, com desemprego e desvalorização rápida do dinheiro. Nessa época, alguns conceitos como planos de carreira, cargos e salários começaram a ser estruturados e ganharam importância na agenda de atração e retenção de profissionais nas organizações.

A geração da meritocracia entendia como valor do trabalho ascender profissionalmente, em uma estrutura hierarquizada, como reconhecimento por sua dedicação e comprometimento com o negócio.

Queriam conquistar mais para poderem viver melhor e propiciar melhores oportunidades para seus filhos. Foi com eles também que surgiu o desejo de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Trabalho como propósito

Na Era da Globalização e Tecnologia, rápidas transformações marcaram uma nova forma de se relacionar com o trabalho. Com a automação e a informatização de muitos empregos, o conceito de carreira linear e estabilidade caiu por terra, os ciclos de trabalho dentro das organizações encurtaram e profissionais e empresas tornaram-se mais imediatistas, ansiando por resultados o mais rápido possível.

O boom da internet trouxe muita informação – em velocidade, variedade e acesso e não só acelerou as mudanças dos negócios, como também aproximou culturas e globalizou as notícias do que acontecia no mundo, o que trouxe para a Geração Y maior consciência social e ambiental.

Também conhecidos por millennials, são questionadores e querem fazer grandes mudanças, inclusive no significado do trabalho. Foram eles que passaram a buscar sentido e valor nas atividades que realizam, ou seja, propósito. Engajados, lutam por igualdade, diversidade e inclusão e valorizam o trabalho como experiência e oportunidade de desenvolvimento e crescimento.

Trabalho como impacto positivo

E chegamos aos dias de hoje. Era do big data, do mundo pós-digital, virtual. A lógica não linear do digital, ágil, flexível, conectada, sem hierarquia, inovadora, plural e de grande alcance chegou com tudo nas empresas, trazida por eles. Temos que lembrar que enquanto cresciam, assistiram diversas crises sociais, políticas e econômicas, o 11 de Setembro, a pandemia. Diante disso, eles, da “Geração Z” tornaram-se menos idealistas e mais pragmáticos.

Transformaram preocupação em ativismo e querem pertencer a algo nobre e se conectar com um trabalho que cause impacto positivo, de modo a devolver algo para a sociedade. 

Como vimos, em 100 anos, muita coisa mudou no mundo, na visão das pessoas e no ambiente de trabalho. E, ao que tudo indica, daqui para frente, continuará a mudar e de forma ainda mais acelerada.

Não podemos esquecer que o trabalho, na verdade, são as pessoas e se elas mudam, faz todo sentido que ele (e o que significa) mude com elas.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney. 

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