Por Geoffrey Smith e Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – As ações da Netflix (NASDAQ:NFLX) perderam um quarto de seu valor depois que a empresa anunciou uma queda chocante no número de assinantes no primeiro trimestre e alertou que o trimestre atual será muito pior.
A notícia foi um pano de fundo 'interessante' para os resultados da Tesla (NASDAQ:TSLA) após o sino.
A inflação impede o banco central chinês de cortar sua taxa básica, enquanto os preços ao produtor alemão subiram em um ritmo de dar água nos olhos em março, colocando de volta na mesa a alta de julho pelo BCE.
No Brasil, a boa notícia foi o aumento nas estimativas para o PIB.
Aqui está o que você precisa saber nos mercados financeiros na quarta-feira, 20 de abril:
1. PIB mais otimista
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a sua previsão para o crescimento da economia brasileira, após dados positivos do varejo e a alta das commodities.
As estimativas são de que o PIB suba 0,8% em 2022, frente a expectativa anterior de 0,3%. Para o PIB mundial, porém, a previsão de alta passou de 4,4% para 3,6%.
A guerra na Ucrânia foi o principal motivo por trás da mudança anunciada pelo FMI.
O conflito pressiona os preços das commodities na Europa, o que beneficia países produtores de grãos como o Brasil. Em março, por exemplo, as exportações do agronegócio brasileiro subiram 29,4% na comparação anual, a US$ 14,53 bilhões, um valor recorde, segundo o Ministério da Agricultura.
No mercado interno, as vendas no varejo subiram acima do esperado, em 1,1%, mostrou o IBGE, e especialistas também estão otimistas em relação ao setor de serviços.
Além do avanço da vacinação, esses segmentos da economia também são beneficiados pelo “pacote de bondades” do governo, com a liberação do FGTS, o Auxílio Brasil e o aumento salarial dos servidores públicos.
2. Choque nos lucros da Netflix: segunda temporada
As ações da Neflix devem afundar novamente quando abrir mais tarde, depois que a gigante do streaming disse que espera perder 2 milhões de assinantes líquidos no trimestre atual, quando havia relatado uma queda chocante de 200.000 nos últimos três meses.
Foi o segundo trimestre consecutivo que a ex-queridinha do mercado causa uma queda de mais de 20% no preço de suas ações com seus resultados trimestrais e reflete o aumento da saturação e da concorrência no mercado global de streaming, bem como o aumento da pressão nos orçamentos das famílias devido à inflação.
As ações da Netflix caíram 26% nas negociações de pré-mercado, no que seria seu nível mais baixo desde setembro de 2019.
O CEO Reed Hastings disse que pretende lançar uma versão do serviço pelo menos parcialmente apoiada por publicidade, uma grande ruptura com o modelo de negócios da empresa até agora.
O colapso da Netflix aumenta as apostas para os resultados da Tesla que, como o seu par de streaming, desfrutou durante a maior parte de sua existência de uma avaliação altíssimo, sustentada por previsões de crescimento ilimitado e capital ultra barato.
Analistas esperam que os ganhos da Tesla tenham caído para US$ 2,36 por ação, ante US$ 2,54 no trimestre anterior, embora isso ainda seja mais que o dobro dos US$ 0,93 registrados um ano atrás.
A receita deve ter caído no trimestre para US$ 17,63 bilhões.
3. Ações americanas devem abrir mistas
Os mercados de ações dos EUA devem abrir mistos mais tarde, com os resultados da Netflix em abalo a confiança na narrativa de crescimento que sustenta a maior parte do setor de tecnologia.
Esse choque foi apenas parcialmente mitigado pelo crescimento surpreendentemente forte da receita da IBM (NYSE:IBM), um relatório que foi perdido no barulho da Netflix na terça-feira.
Às 08h06, os futuros da Nasdaq 100 caíam 0,08%, enquanto os da S&P 500 e da Dow Jones ganhavam 0,10% e 0,17%, respectivamente. Todos os três índices de caixa tiveram ganhos sólidos na terça-feira, especialmente a Nasdaq, que cresceu 2,2%.
Os primeiros relatórios de balanços incluem a gigante de consumo Procter & Gamble, Abbott Labs e Anthem, enquanto CSX, Equifax e Kinder Morgan (NYSE:KMI) relatam após o sino.
Em outros lugares, os dados semanais para aplicações e taxas de hipotecas serão de interesse às 8h, enquanto as vendas de casas existentes para março são devidas às 11h.
O presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, fala ao mesmo tempo, enquanto Mary Daly, de São Francisco, fala às 11:30.
4. A China se recusa a cortar suas taxas
O banco central chinês decepcionou os mercados financeiros locais ao deixar sua taxa básica de empréstimo inalterada em sua reunião de política regular, em vez de cortá-la como muitos esperavam.
Já havia sinais de que o grau de apoio político real do PBoC pode não corresponder à enxurrada de retórica das autoridades nas últimas duas semanas.
Na sexta-feira, o PBoC cortou apenas seu rácio de reservas obrigatórias, uma ferramenta quantitativa chave para orientar a oferta monetária, em 25 pontos base, em vez dos 50 esperados.
Pelo lado positivo, o fim do bloqueio de Xangai foi visto à medida que mais distritos foram relatados livres de novos casos de covid-19.
Enquanto isso, na Europa, o não muito influente presidente do Banco Nacional da Letônia, Martins Kazaks, colocou a possibilidade de um aumento da taxa de juros do BCE em julho de volta à mesa, apenas alguns dias depois que a presidente Christine Lagarde minimizou essa probabilidade, e citou os riscos para a economia da guerra na Ucrânia.
Os preços ao produtor alemão continuaram a subir, em ganhos de 4,9% apenas em março, com alta de 30,9% no ano.
5. Petróleo sobe com queda do estoque de APIs
Os preços do petróleo bruto subiram para mais de US$ 100 o barril depois que o relatório semanal de estoques do American Petroleum Institute mostrou que os estoques dos EUA caíram quase 4,5 milhões de barris na semana passada, e reverteram a maior parte do aumento da semana anterior.
Os dados do governo dos EUA devem ser entregues às 11h30, como de costume.
Às 08h11, os contratos futuros de petróleo dos EUA subiam 0,96%, a US$ 103,03 por barril, enquanto os futuros de Brent avançavam 0,84%, a US$ 108,15.
Em outros lugares, houve novos lembretes de potenciais crises locais de custo de vida ao interromper o abastecimento global de commodities, já que cerca de 20% da produção de cobre do Peru foi desativada por protestos de mineradores.