O ex-ministro do Exterior britânico Boris Johnson foi eleito nesta terça-feira (23) como sucessor da premiê Theresa May na liderança do Partido Conservador e, por consequência, será o novo chefe de governo do país.
Johnson superou o atual ministro do Exterior, Jeremy Hunt, ao final de uma votação realizada nas últimas quatro semanas, entre 160 mil afiliados da legenda. Durante a campanha, Johnson prometeu obter sucesso nos pontos em que May falhou e levar o Reino Unido para fora da União Europeia (UE) em 31 de outubro, com ou sem acordo.
Vários ministros conservadores do gabinete de May anunciaram preferir a renúncia a colaborar com um governo que vise um chamado Brexit duro, resultado que, segundo economistas, pode levar ao colapso o comércio do Reino Unido e mergulhá-lo numa recessão. Entre eles, o ministro da Economia, Philip Hammond, e o chefe da pasta da Justiça, David Gauke.
Segundo o Departamento Econômico do Bradesco, o maior desafio do novo chanceler é justamente o de coordenar a saída do país da União Europeia, cuja data-limite é 31 de outubro. Com a vitória de Johnson, o risco maior é que esse processo ocorra sem um acordo entre as partes, uma vez que Johnson demostra uma postura mais rígida, afirmando que o Reino Unido sairá da União Europeia “aconteça o que acontecer”.
As incertezas relacionadas ao tema estão gerando impactos relevantes sobre o lado real da economia britânica, como tem sido apontado frequentemente pelo Banco da Inglaterra. Segundo o Bradesco, a autoridade monetária local tem apontado aumento da volatilidade dos dados reais, por exemplo, pelo aumento de estoques precaucionais por parte das empresas. Há também uma elevação das expectativas em torno de um afrouxamento monetário nos próximos meses, ao mesmo tempo em que a libra esterlina tem apresentado perdas. O Brexit continua sendo um dos maiores desafios da Europa neste ano, mantendo-se como fonte potencial de volatilidade sobre os preços dos ativos britânicos.
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Renúncia após fracasso em negociação
May renunciou em 7 de junho deste ano, depois que o Parlamento britânico rejeitou repetidamente o acordo de retirada da UE que ela acertou com o bloco europeu. Johnson insiste que conseguirá levar a UE à renegociação do pacto do Brexit – algo que o bloco insiste que não fará –, caso contrário, ele diz estar disposto a retirar os britânicos da UE “aconteça o que acontecer”.
O novo primeiro-ministro presidirá uma Câmara dos Comuns na qual a maioria dos membros se opõe a deixar a UE sem um acordo e onde o Partido Conservador não possui uma maioria absoluta.
A troca oficial de primeiros-ministros está prevista para esta quarta-feira, quando May vai ao Palácio de Buckingham, comunicar formalmente sua demissão à rainha Elizabeth 2ª e informar que seu partido tem um novo líder.
Depois, o novo premiê vai ao palácio, para uma audiência com a chefe de Estado, antes de se mudar para a residência oficial de Downing Street para começar a nomear seus ministros.
O jornal francês Libération diz, em editorial publicado nesta terça-feira, que Boris Johnson é, depois dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, o terceiro “doido do cenário internacional” a “assumir os destinos de um velho e grande país”.
Antes de ocupar o cargo de ministro do Exterior entre 2016 e 2018, Johnson foi prefeito de Londres de 2008 a 2016.
Com informações da Agência Brasil.
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