Investimentos

Levante: devo mudar minha estratégia com o conflito entre Israel e Hamas?

O cenário, já adverso, ficou ainda mais arriscado para os investidores, apontou Enrico Cozzolino

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Na madrugada do último sábado, o Hamas, organização extremista muçulmana sunita ligada à Arábia Saudita, disparou o maior ataque contra Israel desde a Guerra do Yom Kippur, em 1973.

Na coluna Domingo de Valor, o head de análise e sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, aponta que as declarações das autoridades não permitem prever uma solução rápida para o conflito. 

O executivo aponta as dificuldades para a solução do impasse.

"Dois milhões de habitantes se apertam em uma área um pouco maior do que os 310 quilômetros quadrados do município de Guarulhos, na Grande São Paulo. Não há indústrias, a habitação e os serviços públicos são precários, há poucos empregos e oportunidades. Para piorar, Israel controla o espaço aéreo, o tráfego naval e as fronteiras terrestres", pontuou.

Impactos sobre o petróleo

Cozzolino espera que o impacto mais imediato ocorra sobre os preços de petróleo, mas ele relembra que analistas internacionais avaliam que o movimento pode ser de curta duração, uma vez que Israel não desponta como um player relevante no mercado da commodity.

"Não tem produção, e suas duas refinarias processam 300 mil barris por dia. Porém, a briga ocorre na região mais importante para a produção mundial e a algumas dezenas de quilômetros do Canal de Suez, o mais importante para o comércio entre Ásia, Oriente Médio e Europa", afirmou. 

Assim, a continuidade das hostilidades pode comprometer tanto a produção quanto a distribuição do produto.

O conflito ocorre em um momento em que os estoques globais estão baixos.

Há vários meses, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), aliada à Rússia, aperta a produção de maneira a manter os preços elevados.

"Isso pode levar o preço do barril do Brent, referência para o mercado europeu e para a Petrobras (PETR3)(PETR4), a níveis comparáveis aos da pandemia. O barril pode chegar até a 110 dólares se não houver uma mudança na política da Opep", estima.

A economia em todo o globo

Para o analista, o conflito já eleva as estimativas de uma alta na inflação global, e a continuidade dos juros altos tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

"O aumento sustentado dos preços do petróleo, agravado por um conflito em Israel, torna ainda mais difícil fazer os preços retrocederem às metas. O resultado, claro, são bolsas em baixa, assim como os demais ativos", diz o executivo. 

O que fazer agora?

No curtíssimo prazo, Cozzolino recomenda manter a sua estratégia, uma vez que acredita ser cedo para saber o que vai ocorrer.

"Pode ser que, no próximo Domingo de Valor, a crise já tenha sido superada. Há uma diferença, porém: o cenário, já adverso, ficou ainda mais arriscado para os investidores", completou. 

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