Por Gabriel Araujo, Reuters –
A carga de energia do Brasil deverá avançar 0,9% em setembro ante igual período do ano passado, estimou nesta sexta-feira o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em cifra limitada por uma queda prevista de 0,4% na carga do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra a maior parte do consumo do país.
De acordo com o ONS, os outros subsistemas que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN) tendem a registrar aumento na demanda por eletricidade no próximo mês, também em comparação anual.
A maior alta percentual é projetada para a região Nordeste, de 3,9%, seguida por aumento estimado de 2,6% no Norte e avanço de 1,8% no subsistema Sul.
No geral, a carga mensal brasileira é vista pelo operador em 69.920 MWmed em setembro.
Em meio à grave crise hídrica enfrentada pelo Brasil, o ONS também indicou que as chuvas nas áreas de usinas hidrelétricas seguirão abaixo da média em todo o país no mês que vem.
No Sudeste/Centro-Oeste, onde estão os principais reservatórios brasileiros, as precipitações devem atingir 57% da média histórica para o período.
O pior cenário em termos de energia natural afluente é projetado para o subsistema Nordeste, onde as chuvas deverão ficar em 46% da média. O ONS ainda vê precipitações em 59% da média no Sul e 73% da média no Norte.
Em entrevista coletiva na última quarta-feira, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, disse que "a natureza tem se mostrado muito mais negativa do ponto de vista de chuvas do que as nossas simulações".
Apesar do cenário apertado, com a maior seca em mais de 90 anos nos reservetórios, o governo nega a possibilidade de racionamento de energia neste ano e tem apostado em medidas como a redução do consumo de eletricidade em prédios públicos e um possível prêmio a consumidores do mercado regulado que conseguirem economizar energia.
Na véspera, durante transmissão ao vivo em redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro reiterou pedido para que as pessoas ajudem a economizar energia, afirmando que o país está "no limite do limite".
O cenário hídrico também tem pressionado as contas de luz, devido à necessidade de um maior acionamento de termelétricas, mais custosas, o que levou à aplicação da bandeira tarifária vermelha patamar 2, a mais elevada possível.