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Pagamentos de dívidas deverão consumir 25% dos recursos disponibilizados pelo Auxílio Brasil

Segundo o estudo, desemprego e inflação são os principais fatores para o comprometimento dos gastos com o benefício

Auxílio Brasil - Reprodução
Auxílio Brasil - Reprodução

Nesta segunda-feira (18) começaram a ser pagas as primeiras parcelas mensais aos beneficiários do Auxílio Brasil em 2022. Com valor mínimo de R$ 400 destinado a pelo menos 17,5 milhões de famílias, a tendência é que o novo programa injete, pelo menos, R$ 84 bilhões na economia ao longo de 2022, estima Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Porém, diante das ainda frágeis condições econômicas e das características do público elegível ao benefício, é natural que a maior parte dos recursos seja direcionada para o consumo imediato, aponta o estudo. De acordo com estimativa da CNC, aproximadamente 70% (o equivalente a R$ 59,16 bilhões) dos recursos disponibilizados pelo programa deverão se transformar em consumo imediato. Em seguida, mais de 25% (R$ 21,62 bilhões) devem ser direcionados para quitação ou abatimento de dívidas e, por último, poupados para consumo futuro (3,83% ou R$ 3,21 bilhões).

O consumo imediato ou futuro depende de diversos fatores como massa de rendimentos, nível de preços e grau de endividamento da população. Quanto maior o grau de endividamento, maior tende a ser a parcela destinada ao pagamento de dívidas. Pelos cálculos da CNC, para cada 1 ponto percentual de comprometimento da renda, o estímulo ao consumo é reduzido em 0,71%.

De acordo com indicador do Banco Central do Brasil, no terceiro trimestre de 2021, 30,3% da renda média dos brasileiros estava comprometida com dívidas – maior patamar da série histórica iniciada em 2005. Mesmo com a breve redução desse percentual entre o segundo e o terceiro trimestres de 2020, os desdobramentos econômicos da crise sanitária voltaram a pressionar o endividamento familiar.

Assim diante do avanço no grau de endividamento da população, a tendência é que uma parcela
significativa seja direcionada para a redução do endividamento. Pelas contas da CNC, caso o
percentual da renda comprometido com dívidas regredisse ao mesmo patamar do nível pré-pandemia (24,7%), a destinação de recursos para consumo imediato sofreria um acréscimo de
R$ 6,75, totalizando R$ 65,91 bilhões em vez dos R$ 59,16.

Considerando-se a estrutura de gastos da última Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizada pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), o consumo de bens corresponde, em média, a 47,4% dos gastos das famílias
brasileiras. Ou seja, em termos de consumo imediato, os recursos derivados do pagamento do
Auxílio Brasil produziriam um impacto de R$ 28,04 bilhões no varejo brasileiro e de R$ 31,12
bilhões no setor de serviços.

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