Estatal

Petrobras (PETR4): veja como uma mudança na política de preços afetaria os seus dividendos

Percepção do risco começou a crescer desde que a presidência da Petrobras foi alterada na semana passada, com as ações negociadas nos EUA recuando quase 7% desde quinta-feira passada

- Arquivo/Agência Brasil
- Arquivo/Agência Brasil

Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – O BTG Pactual (SA:BPAC11) acredita que o mercado internacional estava minimizando os impactos que a política de preços (IPP) da Petrobras (SA:PETR4) poderiam sofrer em meio às discussões políticas sobre o tema.

Mas para o banco, ao ignorar os ruído em volta da questão, não se pode negar que a independência da estatal está cada vez mais complicada e que uma eventual mudança de posicionamento da companhia pode afetar os seus números apresentados.

O governo parece cada vez mais disposto a evitar aumentos adicionais nos preços dos combustíveis no curto prazo, segundo o banco. Assim, a percepção do risco começou a crescer desde que a presidência da Petrobras foi alterada na semana passada, com as ações negociadas nos EUA recuando quase 7% desde quinta-feira passada.

Às 15h50, as ADRs da Petrobras caíam 1,26%, a US$ 14,08, enquanto as ações negociadas na B3 (SA:B3SA3) recuavam 0,23%, a R$ 29,92.

Essa reação do mercado fez com que alguns investidores consultassem o BTG sobre como uma possível mudança na IPP poderia afetar o desempenho financeiro da empresa, principalmente em relação aos dividendos da companhia.

O banco explica que, de uma maneira geral, dividir a importação de combustíveis com outras distribuidoras não pressiona os lucros da Petrobras, mas sim, contribui para que ela tenha “mais dinheiro na mesa”.

Agora, caso a Petrobras passasse a financiar a diferença entre os preços praticados nos mercados internacionais e no Brasil, isso afetaria o Ebitda e a distribuição de dividendos da companhia, aponta o BTG.

Levando em conta o Brent a US$ 120 por barril e o dólar a R$ 5, para cada desconto de US$ 15 por barril de gasolina ou diesel que a empresa praticasse sobre o IPP, a Petrobras estaria abrindo mão de US$ 6 bilhões em Ebitda e US$ 3,6 bilhões em possíveis pagamentos de dividendos, segundo cálculos do BTG sobre um cenário em que a empresa continua dividindo o papel de importadora com outras distribuidoras. 

Porém, caso a Petrobras voltasse a ser responsável por importar toda a gasolina e diesel que o país necessita, mas não produz, o que equivale a 12% e 23% das demandas, respectivamente, isso resultaria numa redução de US$ 0,92 bilhão nos dividendos. 

Assim, ampliando as importações no cenário descrito anteriormente de um desconto de US$ 15, um barril a US$ 120 e o dólar a R$ 5, então os dividendos da Petrobras reduziriam US$ 4,5 bilhões e o Ebitda caíria US$ 7,5 bilhões, nas contas do BTG. 

Caso a Petrobras praticasse um desconto de US$ 90 por barril, em uma possibilidade mais extrema projetada pelo BTG, então o Ebitda da empresa reduziria a US$ 45 bilhões. 

A diferença nos números fica ainda mais expressiva, levando em conta que caso o preço do barril de Brent caísse para US$ 70 hoje, a redução no Ebitda da Petrobras seria de US$ 0,7 bilhão. 

Apesar do BTG trazer esse dado para criar uma comparação, ele destaca que uma queda desse nível nos preços do petróleo é improvável no momento e que mesmo que isso acontecesse, a pressão por uma mudança na IPP provavelmente também diminuiria. 

No curto prazo, mesmo com as pressões externas, o BTG acredita que a política de preços da Petrobras deve permanecer inalterada. Para o banco, o mais preocupante é a dificuldade em avaliar os próximos passos da empresa no médio prazo, o que pode se tornar ainda mais complicado caso o estatuto social da empresa seja alterado. 

O BTG se mantém neutro sobre as ações da Petrobras, com o preço-alvo de US$ 15 para as ADRs negociadas nos Estados Unidos. 

Sair da versão mobile