Petróleo

Petróleo cai com retorno de preocupações com armazenamento

Por Peter Nurse

Investing.com – Os mercados de petróleo caíam acentuadamente na segunda-feira (27), em meio a temores de que os cortes de produção esperados nos EUA e em outros paíes não sejam suficientes para atender ao colapso da demanda causado pela pandemia de coronavírus.

Às 14h (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA eram negociados em baixa de 26,15%, a US$ 12,50 por barril, enquanto o contrato de referência internacional Brent caía 8,99%, para US$ 22,77.

Os estoques de petróleo dos EUA subiram para 518,6 milhões de barris na semana que terminou em 17 de abril, perto do recorde histórico de 535 milhões de barris estabelecido em 2017, enquanto o armazenamento flutuante de petróleo atingiu uma alta histórica de 160 milhões de barris.

A capacidade de armazenamento no centro de Cushing, em Oklahoma, provavelmente será estourada dentro de quatro semanas se os estoques continuarem subindo nas taxas recentes. A Bloomberg informou que o espaço de armazenamento comercial da Coreia do Sul já está totalmente alugado, se não fisicamente cheio.

Esse aumento na quantidade de petróleo armazenado é uma indicação sólida de que a oferta continua superando a demanda. A ampliação do spread entre os dois contratos de referência ilustra como o problema é particularmente grave nos EUA, onde o contrato futuro deve ser liquidado fisicamente, e não em dinheiro.

Os contratos futuros de petróleo marcaram sua terceira semana consecutiva de perdas na semana passada – e caíram em oito das nove últimas – com o Brent caindo 24% e o WTI cerca de 7%, incluindo o contrato do WTI de maio no primeiro mês, que se estabeleceu acentuadamente em território negativo antes da rolagem para o contrato de junho.

“A segunda-feira realmente focou as mentes das pessoas no fato de que a produção precisa desacelerar”, disse Ben Luckock, co-chefe de de petróleo da corretora Trafigura, em um relatório da Bloomberg. “É o golpe que o mercado precisava para perceber que isso é sério”.

Em outra ilustração da dor do setor, a Diamond Offshore Drilling (NYSE:DO) entrou com pedido de falência na segunda-feira, dizendo que as condições operacionais pioraram “precipitadamente nos últimos meses”.

Nesta semana começa o corte na produção de 9,7 milhões de barris por dia, acordado pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados liderados pela Rússia em maio e junho.

Há sinais de que alguns países decidiram começar a cortar a produção mais cedo devido ao estado do mercado.

O quarto maior produtor da Opep, o Kuwait, é um dos que cortou, “sentindo a responsabilidade de responder às condições do mercado”, disse o ministro do petróleo do país, Khaled Al-Fadhel.

E houve relatos no fim de semana de que a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, também começaria a reduzir a produção mais cedo.

No entanto, “embora a antecipação de cortes por um punhado de produtores seja útil, ela terá pouco impacto no balanço de petróleo no curto prazo”, disseram analistas do ING, em nota de pesquisa.

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