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Presidente da B3 vê impacto da crise política em lançamentos de ações e no investimento estrangeiro

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Os investidores estrangeiros têm muito interesse em vir para o Brasil e podemos estar começando um ciclo longo de crescimento, mas é preciso mostrar que a coordenação política vai funcionar. Enquanto não funcionar, o estrangeiro não vem. E funcionar significa um pouco menos de barulho vindo de Brasília, um pouco mais de andamento, foco. A avaliação é do presidente da bolsa B3, Gilson Finkelsztain, durante o evento de início de negociação das cotas do fundo que reproduz o comportamento dos papéis do Tesouro corrigidos pela inflação, o ETF IMAB-11. “Participei de um evento no exterior e pela primeira vez em cinco anos eu vi vários gestores de portfólios globais com interesse em Brasil e gestores de fundos voltados para mercados emergentes com interesse no país”, afirmou. “Todos falam que o Brasil pode estar entrando em um ciclo positivo, mas todos preocupados com a articulação política e a demonstração de que a agenda política vai caminhar”.

Segundo ele, a questão da Previdência é o principal, mas os investidores levantam o argumento de que além dela a articulação política como um todo tem de andar. “Brasília tem de funcionar, tem de passar uma reforma e tem de haver diálogo entre Congresso e Executivo”, afirmou. “É preciso mostrar articulação política, que governo e Congresso vão se alinhar em todos os temas”, explicou.

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A Previdência é a primeira demostração de que existe um diálogo entre o Executivo e o Legislativo para o avanço das reformas. E vai dar um belo sinal de que essa agenda vai andar, mas os investidores ainda estão céticos, afirma Finkelsztain.

Sobre as ofertas públicas, ele diz que sente um movimento de retração. “É natural que sim, acho que está todo mundo andando, mas ficamos mais vulneráveis com a volatilidade do mercado com as notícias ruins de Brasília”, diz. Essa é a preocupação, que nos próximos dois ou três meses as nuvens possam clarear um pouco, de como vai ser essa articulação política, afirmou.

Ao mesmo tempo, nenhuma empresa recuou de seu projeto de abrir capital ou lançar ações, diz o presidente da B3. “Ao contrário, estão todos bem animados com a perspectiva de Brasil, mesmo com o PIB mais fraco”, diz. “O lado da oferta está animado, a demanda é que é um pouco mais seletiva”, diz. “Todos os ofertantes estão avançando em suas agendas, e do lado da demanda, dos investidores, estão fazendo o dever de casa, voltando a se interessar, mesmo gestores que não via há muitos anos procurando informações sobre Brasil, e isso mostra que potencial é enorme”, explicou.

Ele lembrou que houve um fluxo grande de recursos para países emergentes, mas o Brasil “não capturou nada”. E isso é uma demonstração de que o Brasil está sub-alocado nos portfólios internacionais e para isso se reverter precisa mostrar a coordenação política funcionando.

Finkelsztain acredita que o Brasil está entrando em um ciclo bom de três a cinco anos. Ele trabalha com um volume de ofertas de ações entre 20 e 30 este ano.

O presidente da B3 acredita também que não há espaço para o Congresso aprovar uma reforma sozinha. “O Congresso não aprova uma reforma que não for em sintonia com o governo”.

Segundo ele, o mercado espera que seja aprovada uma reforma relevante, que leve a uma economia entre R$ 700 bilhões e R$ 800 bilhões. “É um número que o mercado entende como relevante. “É o que o mercado gostaria e os estrangeiros estão esperando”, diz.

Ele também acredita que a revisão para baixo do PIB deste ano não deve interferir no número de ofertas públicas de ações deste ano. “A retomada ser um pouco mais devagar não afeta a agenda de ofertas”, diz. O timing das ofertas é que vai depender um pouco da demanda e dessa agenda política, e do estrangeiro, que responde por metade do volume da bolsa. “O investidor local foi o responsável pela bolsa bater os 100 mil pontos graças à perspectiva positiva, de inflação baixa e juro baixo, e se discute agora queda de juro, o que é muito bom”, diz. Mas o comprador estrangeiro está esperando que essa agenda política destrave e surjam aprovações de reformas no horizonte”, afirma.”Mas não é o PIB crescendo 1% ou 1,5% que muda a decisão da empresa abrir seu capital”.

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