Impasse continua

PT vai ou não apoiar o candidato de Lira à sucessão na Câmara dos Deputados?

Fontes próximas a Lira informaram que o presidente da Câmara dos Deputados não vai usar a proposta de anistia aos golpistas de 8 de Janeiro como moeda de troca

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados - Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom, para a Agência Brasil
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados - Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom, para a Agência Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), manifestou de forma contundente que não vai abrir mão de apoiar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo a partir de 2025.

De acordo com o site Poder360, Lira acredita que não vai haver formação de um bloco opositor ao seu candidato, já que a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se unir em torno de Motta.

Mas, afinal, o PT já definiu apoio?

Na terça-feira (15), o líder do PT na Câmara dos Deputados, o deputado federal Odair Cunha (MG), comentou ao jornal Valor Econômico sobre a possibilidade de a bancada apoiar uma candidatura que represente a “convergência” das forças políticas dentro do maior bloco da Casa e destacou que esse nome seria o de Hugo Motta.

No entanto, Cunha esclareceu que a decisão final do partido deve ocorrer após o segundo turno das eleições municipais, agendado para 27 de outubro.

PT discute internamente…

Em uma conversa com jornalistas na Câmara dos Deputados, Cunha afirmou que o PT avalia se continua no atual “blocão” ou se forma um novo bloco.

Ele expressou a esperança de que a base governista se una em torno de Motta, que pode receber apoio do Partido Liberal (PL).

O PL de Jair Bolsonaro forma a maior bancada

O PL, que contabiliza 92 deputados federais, desempenha um papel fundamental na escolha do próximo presidente da Casa.

A influência do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o partido permanece significativa, mas o político não anunciou oficialmente qual candidato vai apoiar.

Espera-se que o PL opte por apoiar o candidato escolhido por Lira, embora alguns membros destacados do partido tenham ressaltado que apoiarão Motta apenas se ele pautar o projeto de anistia aos presos do dia 8 de Janeiro.

Lira, porém, descarta moeda de troca para a anistia

Fontes próximas a Lira informaram que o presidente da Câmara dos Deputados não vai usar a proposta de anistia como moeda de troca.

O projeto já enfrentou adiamentos em três ocasiões na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados devido a obstruções por parte de governistas.

Lira gasta a sola de sapato por Motta

Para fortalecer a candidatura de Motta, Lira tem contatado lideranças políticas, como o presidente do PSD, Gilberto Kassab, a fim de convencê-los a apoiar seu escolhido.

No entanto, Kassab acredita que seu candidato, o deputado Antonio Brito (PSD-BA), possui uma base sólida na disputa pela presidência.

A aliança de Brito com Elmar Nascimento

Em resposta ao apoio de Lira a Motta, Brito formou uma aliança com Elmar Nascimento (União Brasil-BA), preterido por Lira na disputa.

A bancada do PT, em reunião realizada na terça-feira (15), discutiu a possibilidade de apoiar uma candidatura que represente a convergência das principais forças políticas na Câmara dos Deputados, que atualmente orbita em torno de Hugo Motta.

E, então, o PT vai ou fica?

O PT vai decidir se vamos permanecer no bloco [grupo de Lira] ou se vamos produzir um novo bloco aqui na Casa. E nessa tese de permanência, temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, o Hugo Motta”, afirmou o líder do PT.

Ele acrescentou que “a maioria absoluta das falas aponta para o caminho da convergência. Uma disputa acirrada na Casa não nos parece ser o melhor para a estabilidade institucional e para o governo”.

Os coordenadores do PT na Câmara dos Deputados planejam conversar com os candidatos nas próximas duas semanas, com a intenção de definir um rumo logo após o segundo turno das eleições municipais.

O diretório nacional se reúne no dia 28 de outubro, seguido por uma reunião da bancada no dia 29 de outubro, que vai ocorrer presencialmente em Brasília (DF) e contar com um quórum elevado.

O que os pré-candidatos fazem para atrair o PT?

Nascimento tem buscado apoio nas bases do PT para fortalecer sua narrativa e sugerir uma aliança que ele acredita beneficiar o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele tem conversado com representantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a cúpula do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ambas organizações ligadas ao PT.

Entre os tópicos mais controversos abordados por Brito e Nascimento está a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de vandalismo ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.

“Se tivermos anistia ao bolsonarismo na pauta, não há convergência”, declarou o deputado Jorge Solla (PT-BA).

“Ele [Hugo Motta] garantiu que não tem acordo com a oposição sobre anistia. Vamos dialogar para garantir que nossas pautas sejam debatidas e votadas”, afirmou a deputada Camila Jara (PT-MS).

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