Como acontece com várias perguntas sobre investimentos, a resposta para essa questão é: não existe fórmula mágica para saber. Apesar de, em momentos de crises, alguns investidores não aguentarem ver os preços caírem, a realização de vendas pode acarretar em prejuízos.
“Em casos como os das companhias aéreas no momento, vale a pena manter na carteira? Acho que não”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. “Prefiro liquidar a posição, mesmo com o prejuízo, para tentar achar outro investimento que possa me beneficiar”.
A venda na hora da turbulência não significa que você saiu da estratégia de buy and hold, ou seja, esqueceu o horizonte a longo prazo de seu portfólio. “Vai de cada perfil”, afirma Fernando Franklin, gerente da corretora Amaril Franklin. “Mas pode valer a pena trocar a ação por alguma outra que vai se recuperar mais rapidamente”.
Entre segurar um papel ou não, as emoções também embaralham a decisão. “Quanto vale uma noite de sono perdida? Se te afeta tanto, pode fazer sentido de desfazer, mesmo com prejuízo, para poupar sua qualidade de vida”, completa Franklin.
A crise do coronavírus pegou a todos de surpresa, alterando o cenário-base para todas as aplicações. Logo, ninguém conseguiu prever a desvalorização e se desfazer de ativos antes do tombo. “Fatos inesperados acontecem e é necessário analisar se a tese de investimentos ainda faz sentido”, aconselha Moliterno.
Uma tarefa diária
“A recomendação é que o investidor esteja sempre acompanhando os investimentos”, diz o especialista da Veedha. “Isso não significa operar sempre, mas estar de olho, porque a economia e as empresas são dinâmicas”.
E não apenas o cenário externo se transforma, mas também os objetivos e horizonte temporal de cada investidor. Isso também pede um rebalanceamento da carteira. “O cenário macro te obriga a revisar o seu portfólio”, acrescenta Moliterno. “Depois, você pode entrar no panorama micro de cada empresa para encontrar papéis que atendam seus desejos”.
Há, por exemplo, investidores que priorizam o pagamento de dividendos em detrimento do preço das ações, lembra Fernando Franklin. “Cada fator pesa de maneira diferente para cada perfil, cada momento do investidor”, diz. “Para longo prazo, o planejamento é escolher empresas sólidas, como as blue chips, com pouca probabilidade de quebra, mesmo em crises”.