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Queda da Selic vem aí? O que esperar de macroeconomia, renda fixa e renda variável caso haja corte

Crédito deve ganhar impulso, ações de varejistas devem ganhar protagonismo e setor de exportação pode ser impactado negativamente; FIIs de tijolo devem alavancar

- Antônio Cruz/Agência Brasil
- Antônio Cruz/Agência Brasil

Nesta quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá para decidir o futuro da taxa básica de juros. O mercado espera, em sua maioria, uma redução de 0,25 pontos-(base) para a Selic, logo, o indicador ficaria em 13,5% ao ano com o corte.

A partir da decisão, que marca a primeira queda do índice em dois anos e a  mudança da política, até então contracionista pela autoridade monetária, tanto a macroeconomia quanto investimentos de renda fixa e variável devem ser impactados.

Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, pontua que a redução da taxa básica de juros tende a incitar o consumo, pois o crédito se torna mais barato. Com isso, os consumidores têm condições favoráveis para adquirir aquilo que desejam, como eletrodomésticos e veículos, o que deve impactar positivamente a bolsa de valores e seu principal índice, o Ibovespa.

“Em relação aos investimentos, considerando que as ações são fragmentos das empresas, a redução tende a ser benéfica para os resultados gerais das empresas. Isso contribui para impulsionar o Ibovespa”, explica.

Para Bruno Musa, economista e sócio da Acqua Vero Investimentos, a queda da Selic pode impulsionar o crédito, mas precisa vir acompanhada de reformas importantes, como uma melhor definição do novo arcabouço fiscal.

“A dívida brasileira continuará crescendo e o país ainda não possui nem uma alíquota em relação à reforma tributária”, destaca Musa. 

Porém, segundo ele, a primeiro momento o custo do crédito não deve sofrer grandes alterações.

“A redução da Selic já está precificada. O crédito deve continuar alto por conta de diversos fatores externos, como legislação e pouca concorrência dos bancos, que deixam o capital centralizado. A queda dos juros pode até gerar uma sensação de melhoria no curto prazo, por conta da injeção de crédito subsidiado pelo governo, mas traz consequências de médio e longo prazo. Por isso, é importante avaliarmos quanto o governo continuará injetando em dinheiro através do crédito subsidiado, pois a partir daí poderemos analisar a economia brasileira de forma ampla e a longo prazo”, explica.

Segundo Gustavo Gomes, especialista de renda variável da Acqua Vero Investimentos, com os juros mais baixos, o impacto será sentido de formas diferentes em cada setor. “O setor varejista deve ganhar protagonismo, principalmente com a renegociação de dívidas já vigentes”, explica. 

Entretanto, o setor de exportação pode ser afetado negativamente, pois com juros baixos a injeção de capital é maior do exterior, então o dólar tende a cair.

“Partindo desse movimento, devemos observar empresas como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), que exportam quase tudo o que é produzido. Além delas, Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), pois vendem muito, o que pode compensar um pouco uma possível queda”, ressalta.

Uma das classes de ativos que deve se beneficiar pela queda da Selic é a de fundos imobiliários.

Gabriel Barbosa, sócio da TRX Investimentos e gestor do FII TRXF11, comenta que o mercado de fundos imobiliários está ansioso por esse momento e já vem se antecipando.

“Quando olhamos a performance dos últimos 4 meses, estamos falando de uma valorização de 15,8% do IFIX, o que é bem relevante para esse modelo de fundo, e mostra que o setor já está se preparando para esse movimento de corte de juros, que deve se iniciar nesta semana”, explica.

Na perspectiva do gestor, os fundos de tijolo, classe que mais sofreu com a escalada dos juros, devem voltar a ganhar protagonismo.

“Os fundos de papel performaram muito bem nesse período de alta, pois conseguiram repassar os dividendos. Com esse movimento, acreditamos que o protagonismo passe para o tijolo, que tem um grande potencial nesse ciclo de corte, com a valorização das cotas da B3”, explica. 

As informações são de Economídia.

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