Polêmica

Reajustes e interferências movem ações da Petrobras (PETR3;PETR4)

Os papéis preferenciais (PETR4) fecharam cotados a R$ 27,31, uma queda de 6,09%, enquanto os ordinários (PETR3) recuaram 7,25% a R$ 29,93

- Fernando Frazão/Agência Brasil
- Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Após pedidos do presidente Jair Bolsonaro no feriado de Corpus Christi para que a Petrobras não reajustasse os combustíveis, a estatal anunciou novos aumentos nesta sexta (17), derrubando as ações. Os papéis preferenciais (SA:PETR4) fecharam cotados a R$ 27,31, uma queda de 6,09%, enquanto os ordinários (SA:PETR3) recuaram 7,25% a R$ 29,93. Em Nova York, as ADRs (NYSE:PBR) caíram 3,89% a US$ 11,61, estendendo as perdas da véspera (-5,33%).

A repercussão foi a pior possível. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que o presidente da Petrobras deveria renunciar imediatamente e defendeu dobrar a taxação do lucro da companhia.

Já Bolsonaro disse que a Petrobras poderia mergulhar o país num caos. Usando as redes sociais, o presidente da República afirmou que “o governo federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”. Ainda, chamou a alta de traição e defendeu uma CPI para investigar Conselho da Petrobras.

A estatal se defendeu por meio de nota e disse que apenas busca o equilíbrio de preços com o mercado global. Mas, tendo em vista a escalada dos preços do petróleo nos últimos meses, impulsionados pela guerra da Ucrânia, os combustíveis viraram a pedra no sapato do presidente, que é criticado pelas altas taxas de inflação no seu governo.

A petrolífera reportou um lucro líquido de 44,56 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano, uma disparada na comparação com o valor de R$1,167 bilhão na comparação anual.

Bull case, tese de alta

A expectativa é que os lucros continuem elevados devido às cotações do barril do petróleo, pois a companhia adota preços dolarizados em sua política de paridade internacional. Phillip Soares, chefe de análise da Órama, aponta a guerra da Ucrânia como grande impulsionador dos preços da commodity. "Chegou a superar o nível de U$130 o barril do [contrato negociado em Londres] Brent, então nossa perspectiva é que esse lucro deve continuar ou até ficar maior se o petróleo continuar nesse patamar alto".

"A receita da Petrobras é basicamente pautada em receita dolarizada. Por mais que tenha alto nível de vendas para o mercado local, a cotação é em parâmetros internacionais", completa Sidney Lima, analista de investimentos da Top Gain e colunista do Investing.com.

Bear case, tese de baixa

Apesar da expectativa de lucro elevado no curto prazo, há incertezas sobre a cotação do preço do barril do petróleo no futuro. Aliada a essa instabilidade, as interferências políticas são um fator de baixa ressaltado pelos analistas.

Flavio Conde, analista da Levante Investimentos, acredita que o mercado já precifica o risco eleitoral. Segundo ele, se a Petrobras fosse uma companhia privada e que seguisse sempre o preço internacional, com alterações diárias, poderia valer muito mais.

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