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Recado do CS para os ricos do mundo: não mudem de aplicação agora. Banco vê oportunidade no real

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A crise provocada pela volta da guerra comercial entre Estados Unidos e China mexeu com os mercados financeiros mundiais nas duas últimas semanas, levantando preocupações entre os investidores. Mas o recado do Credit Suisse (CS) para seus clientes endinheirados de private banking é direto: permaneçam investidos. Nada de mudar de estratégia, ao menos por enquanto. O banco também se mostra mais cauteloso com as moedas de países emergentes, mas vê oportunidades no real brasileiro.

Em relatório da área de gestão de fortunas do CS, o destaque vai para o poder das redes sociais. “Bastou um único tweet para derrubar os mercados de ações, depois de navegarmos por águas tranquilas em boa parte deste ano”, dizem os responsáveis pela área, Michael Strobaek e Burkhard Vanholt. Depois de quatro meses de desempenho positivo, a maioria dos mercados sofreu desvalorização à medida que as tensões comerciais entre EUA e China se intensificaram, o que reduziu o apetite dos investidores por risco e aumentou a volatilidade.

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Eles acreditam que o nervosismo provavelmente permanecerá elevado até que haja maior clareza nas questões comerciais, mas um eventual acordo ainda é o cenário que o CS considera mais provável. Eles destacam que, apesar dessa turbulência, o cenário macroeconômico ainda aponta para uma recuperação cíclica da economia mundial, a política monetária, ou seja, os juros, permanece favorável. E os investidores ainda estão estrategicamente pouco investidos em ações. “Portanto, ainda esperamos que o mercado acionário registre desempenho positivo nos próximos três a seis meses e mantemos nossa preferência por essa classe de ativos, principalmente nos EUA e nos mercados emergentes”, dizem os especialistas do CS.

Setorialmente, o banco prefere os chamados “setores cíclicos”, como os de energia e de materiais ou matérias-primas. No entanto, a convicção quanto às moedas dos mercados emergentes perdeu força, pois a melhora na atividade econômica fora da China foi mais suave do que a esperada, e o sentimento de risco perdeu o ímpeto. “Dessa forma, neutralizamos nossa visão tática para moedas de mercados emergentes”, diz o CS.

Em virtude dos riscos de mudança na liderança política no Reino Unido em meio ao processo de saída da União Europeia, o Brexit, o banco também alterou para ‘neutra’ a visão para o câmbio libra esterlina/dólar. “Por falar em câmbio, o dólar continuou ganhando força, mas não acreditamos que esse movimento seja sinal de uma tendência duradoura”, dizem os especialistas do CS.

O banco suíço vê os EUA fortalecendo sua posição nas negociações para chegar a um acordo mais favorável, ainda que possivelmente após o prazo esperado, afirma Sylvie Golay Markovich chefe de estratégia de mercados financeiros. A recente fraqueza dos mercados sugere que essa possibilidade está mais precificada do que a possibilidade de um aumento permanente nas tarifas. Mesmo que o retorno das tensões comerciais pese temporariamente sobre os indicadores, os dados mais recentes continuam apontando para uma retomada na atividade econômica, diz.

Permaneça em ações globais

Por isso, a sugestão de Markovich é permaneça investido em ações globais. O banco continua projetando que os mercados de ações globais terão desempenho positivo nos próximos três a seis meses. Em particular, espera que o desempenho das ações nos EUA e em mercados emergentes supere o dos papéis da Zona do Euro, já que os bancos centrais dos EUA e da China têm maior flexibilidade monetária para sustentar a economia em condições adversas do mercado.

Além disso, as projeções de lucros dos analistas nessas duas regiões estão se recuperando, e as condições financeiras seguem acomodatícias, com juros básicos baixos. Em contrapartida, as ações da Zona do Euro estão sujeitas a riscos eleitorais e a uma menor flexibilidade da política monetária. Apesar disso, o CS diz que gosta das ações do setor imobiliário da Zona do Euro. Setorialmente, o banco mantém certa inclinação por setores cíclicos globalmente, expressa pela preferência pelos setores de TI, materiais e energia.

O CS vê riscos cambiais reduzidos, mas permanece neutro em relação à libra esterlina e moedas de países emergentes Apesar do aumento da probabilidade de um acordo para o Brexit, os riscos para a libra esterlina aumentariam se a primeira-ministra, Theresa May, renunciasse.

Riscos em moedas emergentes, mas oportunidade no real

O banco também adotou posição neutra para moedas de mercados emergentes. “Ainda que o crescimento nos mercados emergentes tenha se estabilizado nos últimos meses e que as ações nesses mercados continuem apresentando valor atrativo, a melhora na atividade econômica fora da China tem sido mais suave do que a esperada, e o nosso índice de sentimento de risco em mercados emergentes mudou para o território de redução de risco” diz o estrategista. “Se analisarmos moedas individualmente, agora enxergamos potencial no real brasileiro”, diz o banco.

Em tendências de longo prazo o banco destaca a infraestrutura de transporte. A iniciativa chinesa “Um cinturão, uma rota” está avançando na Europa e provavelmente proporcionará mais investimentos em projetos na região. Nos EUA, o recente anúncio do apoio bipartidário a um projeto de lei de infraestrutura mais amplo do que o esperado é promissor, diz o banco. .

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