Como será?

Relatório da XP mostra o que esperar para a bolsa brasileira em 2022

Do ponto de vista eleitoral, o relatório da XP não aponta nenhum padrão claro, porém, uma característica que parece ser comum é a de que 2022 será um ano com volatilidade maior que o normal

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Relatório do time de estratégia da  XP aponta um ano desafiador do lado macroeconômico, com desaceleração do crescimento, inflação ainda elevada e a taxa de juros Selic chegando em 11% ou mais. Conforme o documento, o Brasil permanece com uma dívida elevada (83% do PIB) e a trajetória dessa dívida será um dos grandes debates para o país durante o próximo cenário eleitoral.

Do ponto de vista eleitoral, o relatório da XP não aponta nenhum padrão claro, porém, uma característica que parece ser comum é a de que 2022 será um ano com volatilidade maior que o normal.

A XP atualizou o preço-alvo para o Ibovespa. Para o final de 2022, o cenário base projetado é de 123.000 pontos. No cenário pessimista, o relátório aposta em um índice em 93.000 pontos, e no cenário otimista em 145.000.

Para ações brasileiras, a principal preocupação para os investidores para o ano que vem deverão ser as incertezas trazidas pelas eleições. A XP  analisou o histórico de retornos dos ciclos eleitorais anteriores, e concluiu que é difícil definir um padrão comum.

Foram analisados períodos eleitorais a partir de 2002, quando as políticas econômicas eram mais semelhantes às que temos hoje.

Em 2002, as ações brasileiras caíram quase 30% nos seis meses antes das eleições daquele ano, e subiram +27% durante o semestre seguinte. Porém, em 2014, em ambas janelas de seis meses, antes e depois das eleições, os retornos foram positivos.

Já na média, o índice Ibovespa teve rentabilidade negativa de 6,7% no semestre anterior, e registrou valorização de 5,9% após as eleições. No entanto, olhando para outras janelas de tempo, retornos foram positivos 12 meses e 3 meses antes das eleições, e positivas para todas as janelas pós-eleições.

Em outras palavras: o preço das ações não parece seguir nenhum regra. "A democracia brasileira é jovem e a amostra de períodos eleitorais em que as políticas e o mercado eram similares ao atual são pequenas. Além disso, o mercado brasileiro é sensível aos movimentos do mercado global, como a volatilidade cambial, períodos de bonanças e crises econômicas globais, e mudanças nos preços das commodities, como fatores que podem afetar as ações brasileiras mais do que as incertezas políticas domésticas", afirma no documento.

E quanto à volatilidade?

Olhando para a volatilidade das ações brasileiras, a resposta é a mesma: também é difícil traçar um padrão.

Em 2002 e 2006, os mercados viram maior volatilidade à medida que o período eleitoral se aproximava e, mais tarde, diminuiu.

Porém, em 2014 a volatilidade aumentou mesmo depois que os resultados foram divulgados, possivelmente, refletindo a recessão econômica que ocorreu depois. E em 2010, a volatilidade reduziu antes das eleições.

Na média, historicamente a volatilidade tende a aumentar antes do segundo turno, e em seguida, diminuir após as eleições. Em resumo, a regra é que a volatilidade nos mercados é normal e, embora não se possa antecipar exatamente o que nos espera, devemos nos preparar para alguma turbulência em 2022.

O Brasil está barato? Sim!

O índice Ibovespa continua barato, com sua relação P/L de 12 meses atualmente sendo negociado em 7,6x, um desconto de quase 30% em relação à sua média de 15 anos em 11,2x.

Ao retirar as duas maiores empresas de commodities do índice Ibovespa, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), a relação P/L continua abaixo de sua avaliação histórica em 10,6x. No entanto, ao remover o restante de todas as empresas vinculadas a commodities (empresas de Materiais e Energia), a relação P/L do índice sobe para 11,6x.

Ou seja: o Ibovespa como um todo é barato, mas quando tiramos commodities não parece tão barato assim.

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