Cringe? Não cringe? Bom.. de acordo com a data do meu nascimento, nem consegui descobrir ainda a que geração pertenço… Sou de antes do computador e, por consequência, usei máquina de datilografia… isso!…
Existia uma máquina na antiguidade que servia para datilografar textos e congêneres… Sou de antes do celular e na minha casa “tocava” o telefone… é… sou da geração P-J: pré-jurássica.
Preciso fazer esse raciocínio porque usei uma máquina de datilografar por uns dez anos… a mesma! O telefone que tocava na casa da minha mãe, ainda está lá! Faz uns 30 anos que ele toca e é atendido como no século passado.
Passando em revista a casa da minha mãe, a geladeira é a mesma faz uns 20 anos. Na antiga casa da minha avó, a mesa dela devia ter uns 60 anos na última vez que a vi… e nem sei que fim levou aquela lindeza.
Talvez minha avó tivesse um desejo secreto de ter uma mesa de fórmica, ou uma com pé de ferro, ou uma de vidro… nunca vou saber, mas fato é que as “coisas” dela duraram, as “coisas” da minha mãe duraram e as minhas “coisas” não duram mais.
E aí chego em outro tema mais que atual e de maior importância que o “cringe”, que é o ESG, sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance” (ambiental, social e governança, em português). Em época de palavras novas, aprender é uma obrigação, mas raciocinar faz parte do processo que nos tornou humanos e é imperativo que nós, seres comuns, gerações quaisquer, consumidores de tudo, enfrentemos os fornecedores e governos com perguntas que anseiam respostas: como criar um planeta ambientalmente confortável para os terráqueos dos séculos vindouros se o descarte é uma exigência da economia? Produtos que alcançam a disfuncionalidade rápido demais se tornam obsoletos seja por programação da indústria, ou por percepção do próprio consumidor, que foi educado para desejar “coisa nova”, e acumulam-se em uma imensa Terra-lixão. Coisas, coisas e mais coisas.
Na minha singela mentalidade, que começou a pensar antes do Google e conheceu um “negócio chamado Barsa”, essa balança não tem fiel. O desafio dos próximos anos é promover a sustentabilidade, sem abrir mão do lucro. Que os economistas respondam: como é possível vender se não se fabricar?
Veja que é uma mera pergunta sem qualquer pretensão de alcançar resposta imediata, tampouco inaugurar tese econômica ou filosófica, feita somente para deixar uma pulga atrás da sua orelha… e lembro que sua orelha é de brasileiro, portanto, sujeita, a orelha e o todo, e inclusive a pulga, às regras nacionais.
Dito isso, ilustro para chegar ao fim desse assunto, o “BatteryGate”, escândalo envolvendo a Apple, que nos Estados Unidos teve de indenizar os consumidores em U$ 500 milhões e assumiu que reduzia o desempenho dos iPhones após a atualização do sistema operacional. A chamada obsolescência programada das baterias. E aqui no Brasil? Nossas autoridades entenderam que a Apple não tinha qualquer culpa, e arquivaram todos os processos e vamos esquecer isso.
Esqueça também o “cringe", o Oráculo diz que a palavra da vez é “descarte”, mas pode trocar pela sigla ESG, em um Brasil que não respeita seus consumidores, tampouco o meio ambiente. E se nada lhe agradar, mate a pulga… é ela que te incomoda.
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