A corretora Guide Investimentos divulgou a alocação recomendadas para as carteiras em abril nesta quarta-feira (15). O cenário brasileiro e internacional em março foi de quedas, “um dos piores meses da história para ativos de risco ao redor do globo”, escrevem analistas, com desvalorização de bolsas, moedas e commodities devido à pandemia de coronavírus. Por isso, pós-fixados ganharam espaço nos portfólios recomendados, enquanto ações recuam na alocação.
A equipe da corretora atualiza suas alocações após um março negativamente “histórico” para o mercado financeiro. “Diversas ativos tiveram seus preços dizimados após uma grande corrida dos investidores por segurança e liquidez”, resume. O S&P 500 desvalorizou mais de 10%, assim como o índice de bolsas europeias, Eurodoxx, e a Nikkei, bolsa japonesa. O Ibovespa, índice da B3, amargou queda de 29%, tocando patamares abaixo dos 70 mil pontos.
“O mercado local foi um dos que mais sofreu com o movimento global de busca por ativos mais seguros, seja porque é mais liquido em relação a outros países latinos”, explicam especialistas. Ativos de renda fixa também não saíram ilesos: “as NTN-Bs e títulos pré-fixados com vencimentos mais longos foram os mais impactados, dada a busca por ativos mais seguros e aumento do risco-país.”
Ao fim do primeiro trimestre de 2020, a equipe da Guide enxerga uma “piora do quadro de incerteza no cenário mundial, com uma recessão de escala global se aproximando nos próximos meses”, projetando retração de 2,5% no PIB em 2020 e novos cortes na taxa de juros básica, a Selic, que está em 3,75% ao ano.
Alocação e estratégia de investimentos
Ações e fundos imobiliários dão espaço para posicionamento em renda fixa pós-fixada na carteira de abril da Guide Investimentos. Pré-fixados e fixados à inflação continuam em posição neutra; multimercados se mantém em boa posição; ações e fundos imobiliários recuaram.
A carteira recomendada para os ultraconservadores é composta por 90% em renda fixa (pós-fixado) e 10% em fundos multimercados. Esse é o perfil com tolerância zero para riscos.
Os conservadores recebem recomendação para investir 70% da sua carteira em renda fixa e os 30% restantes em multimercados. A partir daqui, pré-fixados e ativos indexados à inflação ganham mais espaço. Esse perfil procura retorno levemente acima da CDI, mas sem grandes oscilações.
O perfil moderado deve investir, segundo a Guide, 52,5% dos investimentos em renda fixa; 35% em fundos multimercados; e 5% em renda variável e fundos imobiliários. Investidores moderados tem “tolerância moderada a risco e aceitam pequenas oscilações com o objetivo de obter rentabilidade acima do CDI.”
Já os arrojados, perfil com alta tolerância a risco e em busca de rentabilidade bem acima do CDI, tem recomendação dominante nos fundos multimercados: 40% da carteira recomendada é neste ativo. Em seguida, 37,5% em renda fixa, 15% em ações (variável) e 7,5% em fundos imobiliários.
Por fim, os agressivos ganham recomendação de investir 35% do portfólio em fundos multimercados; 30% em ações; 27,5% em renda fixa e 7,5% em imobiliário. É o perfil com mais disposição a tomar riscos, já que sua expectativa é de retorno máximo no longo prazo.
O contexto de março
“As medidas adotadas para contenção do surto do coronavírus, como restrição do fluxo de pessoas e fechamento de centros comerciais, vem provocando forte desaceleração econômica em diversos países, com impactos principalmente nos setores de turismo, aviação, indústria, comercio varejista e serviços”, resume a Guide. “A forte queda do preço do petróleo em meados de março também teve efeito nocivo para companhias do setor de óleo e gás e commodities em geral, que representam uma parte importante da composição do índice Ibovespa.”
O relatório destaca a disseminação da Covid-19 no Ocidente, principalmente Europa e Estados Unidos, que levaram à “sequência de revisões baixistas para o crescimento da economia global, tendo em vista que as medidas de contenção da pandemia paralisaram parcialmente as principais economias do mundo”. As medidas de estímulos de governos também chama a atenção de analistas ao resumir o contexto de março.
A dinâmica de preços reduzidos do petróleo, “promovida por uma forte queda na demanda global e pela mais nova guerra de preços travada entre a Rússia e a Arábia Saudita”, também é um marco do primeiro trimestre.