Investimentos

Renda fixa se recupera em março após BC sinalizar proximidade do fim do ciclo de alta de juros

Segundo Anbima, carteiras de títulos públicos e de debêntures apresentavam resultados fracos até o BC sinalizar a proximidade do fim do ciclo

- Pixabay
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Em março, as carteiras de títulos públicos e de debêntures marcadas a mercado registraram as maiores rentabilidades, segundo o Boletim de Renda Fixa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Essas carteiras avançaram 1,57% e 1,98%, respectivamente, o melhor resultado do ano na comparação com janeiro e fevereiro.

Segundo Marcelo Cidade, economista da Anbima, os resultados foram impulsionados pela divulgação do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) em 16 de março, ocasião em que a taxa Selic foi elevada pela nona vez seguida e chegou a 11,75%.

A autoridade monetária indicou no documento que, caso não ocorram novos choques inflacionários, o ciclo de alta dos juros deve ser encerrado na próxima reunião do colegiado, em 3 e 4 de maio.

“O posicionamento do Copom foi decisivo nos resultados dos títulos de renda fixa em março. O mercado esperava um ciclo de alta dos juros mais longo, com algumas casas estimando que a Selic fechasse o ano em 14%. Mas, após o comunicado, o mercado entendeu que aumentaram as chances de a taxa chegar ao patamar de 12,75% em maio e permanecer estável até dezembro. Por isso, a curva de juros foi revisada para baixo, o que, consequentemente, levou à valorização no preço dos ativos”, explica Cidade.

Títulos públicos

O impacto do comunicado do Copom nos preços de ativos de renda fixa pode ser mensurado ao comparar a performance desses papéis entre 1º e 16 de março (pré-Copom) e entre 17 e 31 de março (pós-Copom).

Cidade ressalta a trajetória da carteira de títulos públicos, refletida no IMA (Índice de Mercado Anbima). O IMA registou perdas de 0,11% até a véspera do comunicado, mas avançou 1,68% no período após a publicação, fechando o mês com valorização de 1,57%.

O resultado foi puxado pelos papéis de prazos mais longos, com destaque para os títulos públicos indexados ao IPCA e vencimento superior a cinco anos. O subíndice IMA-B5+ mostra que esses títulos recuaram 0,94% no período pré-Copom e saltaram 4,54% no pós-Copom. Essa carteira acumulou a maior rentabilidade de março (3,56%).

Entretanto, a maior valorização no primeiro trimestre foi registrada pela carteira de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que avançou 2,68% no período. Indexadas à Selic diária, as LFTs tiveram a melhor performance entre os títulos públicos em janeiro e fevereiro, graças à expectativa do mercado de um ciclo de alta dos juros mais longo. O recente posicionamento do Copom segurou a valorização desses papéis em março (0,91%).

Debêntures

A carteira de títulos corporativos seguiu a mesma tendência da carteira de títulos públicos em março. O resultado de 1,98%, o maior desde julho de 2020, foi alcançado graças à valorização de 1,68% após o comunicado do Copom, segundo a Anbima.

O destaque é a carteira de debêntures incentivadas, refletida no índice IDA IPCA Infraestrutura, que apresentou retorno mensal de 3,09% após a alta de 3,03% no período pós-Copom.

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