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Selic em 12,75% a.a.: analistas dizem ser improvável que o Copom amplie magnitude dos cortes

Espera-se, agora, que o Comitê reduza a taxa básica de juros em 0,5 p.p. nas próximas reuniões restantes neste ano e sobram incógnitas para 2024

- Antônio Cruz/Agência Brasil
- Antônio Cruz/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros Selic em 0,50 p.p., a 12,75%, na última quarta-feira (20). A decisão foi unânime.

Foi o segundo corte consecutivo promovido pelo colegiado e, com isso, os juros básicos do País caíram ao menor patamar em dezesseis meses.

Em comunicado que informa a decisão, dirigentes citaram que “o ambiente externo mostra-se mais incerto, com a continuidade do processo de desinflação, a despeito de núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países”.

Membros disseram notar a “elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China”, e que ambos exigem maior atenção por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, observou-se maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado, mas o Copom antevê um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.

O Comitê reforçou, no documento, “a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

Membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões.

Dirigentes reforçaram “a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação”.

As projeções de inflação do grupo em seu cenário de referência situam-se em 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.

Análises

Sérgio Goldenstein, economista-chefe de Warren Rena, avaliou o comunicado como neutro.

“Pelo lado mais dovish, vale destacar as projeções de inflação no cenário de referência, que subiram apenas 0,1 p.p., abaixo do que a maioria dos analistas esperava. Pelo lado mais hawkish, nota-se um aumento da preocupação com o ambiente externo e com a execução das metas fiscais”, comentou.

O executivo cita que a modificação da frase em que dirigentes dizem antever uma redução de 0,50 p.p. nas próximas duas reuniões “seria vista como uma forte sinalização de aceleração do ritmo de ajuste”. 

Goldenstein alega que não se materializaram surpresas positivas substanciais que elevem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva.

Na opinião de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe de Levante Investimentos, “o que ficou claro foi que o Copom estabeleceu limites para o que pode ocorrer com a Selic em 2024”.

“Ao estabelecer os juros em 12,75% e confirmar com todas as letras um corte de mais um ponto percentual até dezembro, o BC chancelou projeções. A incógnita, agora, fica para 2024”, declarou.

Bevilacqua aponta que havia uma crescente percepção entre os investidores de que o Comitê poderia acelerar o ritmo de corte de juros no início do ano que vem. “Era uma aposta otimista – e improvável”, afirma.

“Dependia de uma melhoria da percepção dos investidores internacionais, da baixa dos preços do petróleo e das commodities, e de algo ainda mais difícil: de que o setor público se tornasse, subitamente, responsável com o dinheiro dos contribuintes”, pontuou.

O executivo conclui: “Na impossibilidade de ancorar as expectativas no curto prazo, o Copom resolveu estabelecer limites para as expectativas dos investidores”. 

Para analistas do BTG Pactual, após retirar a “incerteza fiscal residual” do seu balanço de riscos no comunicado de agosto, o colegiado do Banco Central elevou o tom sobre a sua preocupação fiscal, ao dedicar um parágrafo exclusivo ao tema onde sinaliza “a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação”.

A XP Investimentos afirmou, em relatório, que o comunicado foi consistente com o seu cenário-base de que o Copom vai continuar com o ciclo de cortes da taxa Selic em 0,50 p.p. nos próximos meses.

A casa projeta a Selic em 11,75% no final deste ano. Taxas de juros mais elevadas nos EUA e as incertezas fiscais internas podem limitar espaço para cortes adicionais mais profundos, declarou Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos.

“Projetamos a taxa Selic em 10,00% no final de 2024”, acrescentou.

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