Bolsonaro

SEMANA: Ibov estável com exterior agitado; Bolsonaro liberal e intervencionista

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Investing.com – O Ibovespa encerrou a semana com um feriado no meio estável, influenciado pelo exterior movimentado por balanços corporativos, decisão de política monetária do Fed e divulgação do relatório de emprego nos EUA, o payroll. Não houve novidades em relação ao tramite da reforma da Previdência na Câmara, apenas alguns ruídos vindos de partidos do Centrão. O dólar teve quarta semana de ganhos, acumulando uma alta de 1,71% e 0,5% no ano.

Bolsonaro: intervencionismo x liberalismo

A semana foi marcada por mais uma gafe do presidente Jair Bolsonaro, que flertou novamente com seu lado intervencionista. Bolsonaro sugeriu, mesmo em tom de brincadeira, ao presidente do Banco do Brasil (SA:BBAS3) reduzir a taxa de juros para o setor agrícola durante a Agrishow em Ribeirão Preto, na segunda-feira. As ações do banco estatal despencaram rapidamente, mas se recuperaram ao longo dia, fechando no azul.

O governo, no entanto, soube trabalhar a pauta positiva e sinalizou prosseguimento com sua agenda liberal. Em pronunciamento nacional à rádio e à TV, um Bolsonaro liberal, sem a sombra intervencionista, a medida provisória de combate à burocracia – a MP da Liberdade Econômica -, que visa facilitar o ambiente de negócios no país, alterando regulamentações de diversos setores.

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Reforma da Previdência

O líder sindical e deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ligou o alerta amarelo dos investidores. O sindicalista declarou, durante atos do 1º de Maio em São Paulo na quarta-feira, que os partidos do Centrão buscam desidratar a economia projetada em 10 anos de R$ 1,2 trilhão para a reforma da Previdência proposta pelo Palácio do Planalto. O objetivo é, segundo o deputado, não permitir que o presidente Jair Bolsonaro consiga a reeleição em 2022.

Os líderes do Centrão negaram o sindicalista, assim como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou à Broadcast que esta não é a posição do bloco parlamentar, prometendo trabalhar para conseguir aprovação de uma reforma que gere uma economia de R$ 1 trilhão em 10 anos, próxima à proposta original do Ministério da Economia.

Na sexta-feira, o MDB soltou uma lista de medidas as quais concorda, discorda e nas quais há disposição de negociação. Apenas os pontos em que o partido concorda resulta em uma reforma com economia de R$ 500 bilhões, mas as partes a ser negociadas o número pode chegar a R$ 831 bilhões. O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), disse à Rádio Eldorado que o governo não tem os 308 votos necessários para aprovação e avalia que texto prevendo economia de R$ 600 bilhões é positivo.

Esta semana, além disso, se iniciou a contagem das 10 sessões para que o relator possa entregar o parecer do texto, pois oficialmente teve sessão na terça-feira e, de acordo com regimento da Câmara, o que conta são as sessões do plenário, não da Comissão Especial.

Indicadores no Brasil e no mundo

O Tesouro Nacional anunciou que o déficit primário do governo central foi de R$ 21 bilhões em março. Já o IBGE informou que a taxa de desemprego subiu para 12,7% no trimestre encerrado, registrando 13,4 milhões. Sobre a taxa de desemprego, vale ressaltar que há sazonalidade no aumento de pessoas sem trabalho no início de todos anos. A taxa deste início de 2019 está menor que os 13,1% do primeiro trimestre de 2018.

Mas não há um contraponto para a queda de 1,3% na produção industrial em março ante fevereiro. Em comparação ao mesmo mês do ano passado, a queda foi de 6,1%.

Na China, terça-feira foi divulgado o índice de pesquisa com gerentes de compras na China (PMI, na sigla inglês), que apontou desaceleração inesperada no gigante asiático, com a queda para 50,1 de 50,5. A marca de 50 separa crescimento de contração.

No mesmo, na Europa, os indicadores surpreenderam. O PIB da Itália, que estava em recessão no segundo semestre, subiu 0,2% no primeiro trimestre em relação ao período anterior e acima da expectativa de 0,1%. Na França, a atividade econômica no primeiro trimestre manteve expansão de 0,3%, seguindo os dois trimestres anteriores.

Na zona do euro, a Eurostat, órgão de estatísticas da União Europeia, informou que a estimativa preliminar do PIB dos 19 países que adotam o euro como moeda cresceu 0,4% em relação ao último trimestre de 2018, acima do consenso de 0,3%. Na sexta-feira, a surpresa foi com a taxa de inflação. com a aceleração da inflação acima do esperado. A inflação nos 19 países que usam o euro acelerou a 1,7% em abril de 1,4% no mês anterior, superando a expectativa de 1,6%, mostraram dados da Eurostat. Um alívio para o Banco Central Europeu (BCE), que pelo menos deve manter a atual postura de não elevar os juros neste ano sem sofrer a pressão para cortes ante a falta de dinamismo.

Fed

Os diretores da autoridade monetária americana mantiveram o intervalo da taxa de juros entre 2,25-2,5%, sinalizando que não vai haver alteração para cima ou para baixo ao longo de 2019. A manutenção era aguardada, mas os investidores esperavam sinalização de que houvesse cortes nas próximas reuniões. Era essa a expectativa que indicava a ferramenta Monitor da Taxa de Juros do Investing.com, o qual apontava, na semana passada, a probabilidade de 24,1% de ao menos um corte na próxima reunião em 19 de junho. Na sexta-feira, a expectativa de uma redução até dezembro era menor que 40%. A decisão levou à correção na percepção de risco dos investidores e queda aos mercados acionários e às moedas em relação ao dólar no mundo todo.

Payroll

O relatório de emprego não agrícola indicou aumento de 263 mil postos de trabalho, ante uma expectativa de 181 mil. A taxa de desemprego, desta forma, fica em 3,6%, abaixo da expectativa de 3,8%.

O fortalecimento do mercado de trabalho nos EUA está de acordo com a avaliação do Fed em relação ao sólido crescimento econômico da economia americana, o que influenciou na manutenção da taxa de juros no intervalo de 2,25-2,5%, sem sinalizar variação para cima ou para baixo ao longo de 2019.

No entanto, os ganhos salariais em abril ficaram abaixo do consenso. Os salários subiram 0,2% ante expectativa de crescimento de 0,3%. O resultado indica que Fed não deve subir os juros em 2019, mas abre espaço para o mercado continuar questionando se os preços estão abaixo da meta informal de inflação de 2% do Fed.

Desta forma, pode alimentar, novamente, expectativa de ao menos um corte na taxa de juros. Powell disse, na quarta-feira em entrevista coletiva após reunião do Fed, que a autoridade monetária observa como “temporária” os preços abaixo da meta.

Petróleo

O sentimento bearish predominou durante a semana. Houve a pressão, na segunda-feira, do presidente dos EUA Donald Trump para que a Arábia Saudita aumente a produção para compensar a retirada do petróleo do Irã após o fim das isenções à importação do petróleo dos aiatolás concedido a oito países, entre os quais a China.

Na terça-feira, foi divulgado que a produção nos EUA aumentou houve a elevação acima do esperado dos estoques americanos de petróleo bruto. No mesmo dia, foi deflagrado novo capítulo da crise política na Venezuela, um fator altista na cotação internacional do petróleo.

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