Paulo Guedes

Semana terá cenário político, PIB do 1º tri no Brasil e nos EUA, IGP-M e dados de crédito e contas públicas

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O mercado doméstico deve continuar atento ao noticiário político, com o governo jogando no tudo ou nada para aprovar a reforma administrativa, que reduziu o número de ministérios no Senado. Se não passar até dia 3, a Medida Provisória perde a validade e o número de ministérios volta a ser de 29. Para aprovar a medida, o governo deve abrir mão até da transferência do Coaf do Ministério da Economia para o Ministério da Justiça, pois se o texto for modificado, terá de voltar a ser votado na Câmara.

As votações ocorrem em meio à repercussão das manifestações a favor do governo Jair Bolsonaro em todo o país no domingo. Apesar de não terem sido tão grandes quanto os protestos contra o governo da semana anterior, as manifestações, menos agressivas contra o Congresso do que o esperado inicialmente, podem não ajudar muito no relacionamento do Executivo com o Congresso, mas pelo menos não serão tão negativas. Tudo será analisado pelo mercado, que quer saber das chances do governo de aprovar a reforma da Previdência ainda este ano.

No exterior, as atenções se voltam para a disputa entre os Estados Unidos e China, com o presidente Donald Trump reduzindo um pouco as pressões sobre a empresa de tecnologia chinesa Huawei diante do impacto das restrições sobre as próprias companhias americanas como a Google. O presidente americano afirmou na semana passada que pode adiar as sanções às empresas que negociarem com os chineses.

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Parlamento Europeu mais populista

Nesta semana haverá ainda a repercussão da votação para o Parlamento Europeu, que mostrou a perda de espaço dos partidos mais tradicionais. As pesquisas de boca de urna mostraram que o Partido do Povo Europeu, de direita, e os Socialistas e Democratas, de esquerda, não têm mais a maioria do Parlamento, de 751 lugares. Partidos populistas e de extrema direita, por sua vez, não tiveram um crescimento tão grande como o esperado, o que evitou uma reação mais negativa dos mercados.

Feriado nos EUA na segunda-feira

Na agenda econômica, o destaque da próxima semana será a divulgação na quinta-feira do PIB do primeiro trimestre de 2019, calculado pelo IBGE.  A expectativa dos analistas é de uma queda da atividade neste início de ano.

Antes, na segunda-feira, o Boletim Focus mostrará se o mercado continuou a reduzir as projeções para o PIB. O Banco Central divulgará ainda os dados das contas externas brasileiras de abril. Nos EUA, os mercados estarão fechados por conta do feriado do Memorial Day, em homenagem aos militares mortos em guerras.

Na terça-feira saem os dados do BC de mercado aberto, enquanto o Tesouro divulga os números das dívida pública de abril.

Na quarta-feira, a Fundação Getúlio Vargas divulga a Sondagem de Serviços e o Banco Central os dados de crédito dos bancos e a taxa de inadimplência.

Dados do PIB e IGP-M

Quinta-feira é o dia mais importante com a FGV divulgando o IGP-M de maio, usado na correção de contratos de longo prazo, como aluguel. A consultoria LCA esprea uma alta de 0,56%, menor que a esperada pelo mercado, de 0,64%, e que o resultado do mês anterior, de 0,92%.

O IBGE divulgara o PIB do primeiro trimestre, que deve ter ficado negativo em 0,2%, contrariando a expectativa de recuperação para este ano. No mesmo dia, nos Estados Unidos, sai o PIB do primeiro trimestre.

Na sexta-feira, o Banco Central divulga o resultado primário do setor público de abril. Já o IBGE divulga a Pnad Contínua de abril, com os dados de emprego e desemprego oficiais. A estimativa da LCA Consultores é de uma queda no desemprego de 12,7% para 12,3% da força de trabalho.

Nos EUA, saem dados de inflação do consumidor, o PCE, usado como deflator do PIB e referencial do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para definir as taxas de juros.

Dados de crédito mais completos

O Banco Fator destaca que o BC anunciou que passará a divulgar mensalmente a estatística de crédito ampliado ao setor não financeiro na Nota para a Imprensa – Estatísticas Monetárias e de Crédito. A nova estatística e a sua metodologia estarão descritas em um dos boxes do Relatório de Economia Bancária, que seja revelado na próxima terça-feira.

A série, que tem início em janeiro de 2013, engloba tanto as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) – empréstimos e financiamentos concedidos por bancos e outras instituições financeiras –, quanto as operações de crédito dos demais setores institucionais residentes, os títulos de dívida públicos e privados e os créditos concedidos por não residentes (dívida externa).

PIB ruim pode influenciar projeções para o ano

O Bradesco destaca a divulgação do PIB do 1º trimestre, que deve ter recuado 0,2%. Com a confirmação do dado, as estimativas de crescimento em 2019 tendem a ser revisadas pelo mercado, mantendo a tendência baixista das últimas semanas. Também podem ajudar nessa revisão os dados de abril de desemprego, indicadores fiscais, contas externas e crédito.

No exterior, o Bradesco destaca a agenda mais fraca pelo feriado nos EUA. As atenções se voltam para os dados de gasto pessoal e inflação nos EUA. No Reino Unido, com o anúncio de renúncia de Theresa May em junho, as atenções se voltam para a indicação do novo primeiro-ministro e as consequências para o Brexit.

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