Mercados

Semana terá mudanças no crédito imobiliário, BC vendendo dólar, IPCA-15, emprego e Argentina

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A semana nos mercados financeiros deve continuar marcada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos. Apesar de o presidente americano Donald Trump afirmar no fim de semana que as negociações duras com a China não vão afetar a economia americana, os investidores continuam buscando proteção em títulos do Tesouro dos EUA e da Alemanha e no ouro, ao mesmo tempo em que reduzem as aplicações em bolsas, como mostraram as quedas dos índices ao redor do mundo. Além disso, Trump afirmou que “não está pronto” para fechar um acordo com os chineses agora, o que deve alimentar o receio de que as tarifas e retaliações de ambas as partes podem reduzir o comércio mundial e afetar a economia, que já está fraca, como mostraram os dados econômicos da China e da Europa na semana passada.

Nesta semana, nos EUA, a recessão mundial e o que os bancos centrais podem fazer devem ser os temas do tradicional simpósio de Jackson Hole, que reúne os representantes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e outros especialistas. O encontro será na quinta-feira e o tema deste ano será “Desafios da Política Monetária”.

No Brasil, na quinta-feira, sai a prévia da inflação oficial, o IPCA-15 de agosto, cuja coleta de preços termina 15 dias antes da do IPCA, usada pelo Banco Central em suas metas de inflação. O Banco Fator projeta uma inflação de 0,18% do IPCA-15 em agosto, com 3,33% no acumulado de 12 meses. Em julho, o IPCA-15 subiu 0,09% e acumulava 3,27% em 12 meses. Apesar da alta, a inflação segue bem comportada.

Os dados de emprego com carteira assinada e a arrecadação de julho podem ser divulgados na próxima semana também, sem data certa.

BC volta a vender dólares

No dia 21, quarta-feira, o BC vai também voltar a vender, após dez anos, dólares à vista no mercado de câmbio. A troca de dívidas em dólar por dívidas em reais pelas empresas em um ambiente de juro baixo no Brasil pressiona o mercado à vista em relação ao mercado futuro. A troca, portanto, não é permanente, dado que o estoque de dívidas é limitado, explica o Banco Fator.

Para o Fator, as discussões sobre manutenção de reservas, seus custos e tamanho, bem como seus efeitos sobre a dívida interna bruta e a despesa do Tesouro com juros vai ser retomada. A avaliação do banco é que manter reservas na situação global atual é adequado, combinado com flutuação suja do câmbio. Uma venda de 10% das reservas resultaria na redução da dívida bruta em 2,2% do PIB e redução das despesas com juros em 0,2% em um ano.  O fluxo cambial, que acumula déficit de 2,04 bilhões de dólares em 2019, indica maior demanda pela moeda estrangeira.

Novas linhas de crédito imobiliário pelo IPCA

Antes, na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro deve anunciar que a Caixa Econômica Federal vai começar a oferecer crédito imobiliário com correção pela inflação do IPCA. Hoje, os contratos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) são corrigidos pela correção da poupança mais a Taxa Referencial (TR), que está em zero há vários meses. Com a mudança, os bancos poderão oferecer o crédito com juros reais mais o IPCA, voltando a indexar os contratos do setor à inflação, como era antes do Plano Real.

Segundo o presidente, será uma “mudança histórica” no crédito imobiliário, que, segundo ele, “mudará a vida dos brasileiros” e “fará os juros caírem 31,5%”. Ele prometeu o anúncio da quinta-feira, depois que foi divulgado que o Conselho Monetário Nacional (CMN) havia autorizado os bancos a fazer financiamentos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com taxas subsidiadas, usando o IPCA como indexador. A medida está sendo preparada pela Caixa, segundo o presidente. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que o banco está próximo de anunciar oficialmente linhas do SFH corrigidas pelo IPCA.

Nos mercados, a expectativa será com a avaliação dos balanços das empresas, cuja divulgação terminou na quinta-feira da semana passada.

A Argentina também deve estar no radar dos investidores, com a crise provocada pela provável vitória da chapa da ex-presidente Cristina Kirchner, que promete rever a política de austeridade adotada pelo atual presidente, Maurício Macri. No fim de semana, o ministro da Fazenda pediu demissão e foi substituído pelo ministro da Economia da Província de Buenos Aires.

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