Semana terá sabatina de novo presidente do BC, IGP-M, PIB do Brasil e dos EUA e presidente do Fed

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A última semana de fevereiro será agitada para os mercados, tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, além do início da tramitação da proposta de reforma da Previdência no Congresso, há os desdobramentos das crises dentro do governo por conta dos atritos entre os filhos do presidente Jair Bolsonaro e políticos do que seria a base do governo. Haverá ainda a sabatina do novo presidente do Banco Central (BC) e dados importantes como o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, a inflação do IGP-M, que corrige os aluguéis, e os números de desemprego, contas externas, crédito e resultados fiscais de janeiro. No mercado, saem os balanços de Petrobras, Ambev, BRF e várias outras companhias importantes.

Já no exterior, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) falará na terça-feira na Câmara e quarta-feira no Senado dos EUA e pode dar novas pistas sobre o futuro dos juros no país. Na quinta, saem os dados do PIB no quarto trimestre, e vão prosseguir as negociações entre China e EUA para tentar evitar que as novas tarifas de importação de produtos chineses entrem em vigor na sexta-feira.

As preocupações com o desaquecimento das economias desenvolvidas, em especial com a Europa e a China, vão continuar, com a divulgação de dados dos gerentes de compras (PMI) dessas economias, bem como inflação e indicadores de confiança europeus. Os mercados ficarão de olho também na retomada das negociações do Brexit e seu impacto no Reino Unido. E as preocupações com a economia americana podem voltar após a divulgação de uma atualização dos dados do PIB dos EUA no quarto trimestre.

CCJ dá início à discussão da Previdência

A criação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a escolha de um relator para a proposta da Nova Previdência devem ser acompanhadas de perto pelos investidores, assim como as articulações do governo para garantir uma base para aprovar as mudanças na Constituição e driblar os lobbies de grupos contrários à reforma.

Ainda no Congresso, o novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deverá ser sabatinado no Senado na terça-feira, abrindo espaço para a definição da data de sua posse no lugar de Ilan Goldfajn. Será uma troca de perfil de comando, já que Campos Neto tem perfil mais de operador de mercado, tendo comandando a Tesouraria do Banco Santander até o fim do ano passado, enquanto Goldfajn é economista de carreira. Campos Neto traz um perfil também mais liberal para o BC, de acordo com a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, o que pode significar menor intervenção nos mercados. Não que hoje haja grandes intervenções, mas a expectativa está especialmente no mercado de câmbio e nos leilões de swap cambial para regular os mercados.

PIB, crédito, contas públicas, emprego e contas externas

Já entre os indicadores econômicos, o destaque vai para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, que deve confirmar a fraqueza da economia brasileira no fim do ano passado. O IBGE divulga o dado na quinta-feira, e a expectativa da mediana do mercado é de alta de 2% sobre o mesmo trimestre do ano passado. Já a LCA Consultores estima estabilidade em relação ao trimestre anterior e alta de 1,3% sobre o 4º trimestre de 2017.

Além do PIB, o mercado acompanhará as contas externas de janeiro, divulgadas pelo Banco Central na segunda-feira, e a sondagem da indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de janeiro. O boletim Focus do BC mostrará se houve alguma mudança nas projeções do mercado.

Na terça-feira, além da sabatina de Campos Neto no Senado, a Fundação Getulio Vargas divulga as sondagens da Indústria e do Comércio de fevereiro. O BC anuncia os dados de crédito de janeiro e o Tesouro os dados da dívida pública de janeiro.

Na quarta-feira, a FGV divulga o IGP-M de fevereiro, que deve mostrar uma aceleração da inflação, com o índice passando de alta de 0,01% em janeiro para 0,65% neste mês, segundo a LCA Consultores. Ainda na quarta, saem os dados de emprego da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílio (Pnad) contínua de janeiro, do IBGE,  e o Tesouro traz o resultado primário (sem os juros da dívida) do governo central, formado por Tesouro, Banco Central e Previdência. Sem data fixa, o Ministério do Trabalho vai anunciar os números de criação de vagas formais de emprego no Caged de janeiro.

Os dados fiscais serão completados na quinta-feira, quando o BC anuncia o resultado do setor público consolidado de janeiro, que inclui estados, municípios e estatais. Ainda na quinta, sai o PIB do quarto trimestre e a FGV divulga os índices de confiança Empresarial e o Indicador de Incerteza da Economia de fevereiro. A Fiesp divulga os dados da indústria paulista de janeiro.

Na sexta-feira, 1º de março, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio divulgará a balança comercial de fevereiro.

No exterior, PIB dos EUA, Powell e PMIs

Já no exterior, destaque para a fala de Jerome Powell no Congresso e para o PIB dos EUA na quinta-feira, atrasado pela paralisação do governo americano no começo do ano. Por isso, serão divulgadas de uma só vez a primeira e a segunda estimativas do PIB. Um dia depois do PIB, na sexta-feira, sai o seu deflator, o Índice de Preços de Gastos Pessoais (PCE), usado pelo Fed em suas metas informais de inflação. Uma mudança mais brusca no PCE pode provocar mudanças nos juros americanos.

Na sexta-feira, saem o PMI, dos gerentes de compras, e o Índice do Instituto dos Gerentes de Suprimento (ISM) de fevereiro, dando uma indicação da confiança na economia.

Na Ásia, destaque para os principais números de atividade no Japão e para os PMIs na China. Na Europa, além dos PMIs, serão conhecidos os números de desemprego e inflação da zona do euro na quinta-feira.

Brexit e negociação China-EUA

Investidores locais e no exterior vão ficar focados em três temas principais, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais. No exterior, atenções voltadas para discussões sobre o Brexit, na medida em que se avizinha o prazo fatal de 29 de março, para saída do Reino Unido da União Europeia. E até o momento, sem acordo.  Nos EUA, a avaliação recai sobre a discussão com os chineses de um acordo bilateral de comércio e tarifas, mas também sobre propriedade intelectual e espionagem industrial. “Aparentemente, deveremos ter alguns acordos sobre esses dois temas, mas enquanto isso não ocorre, a desaceleração econômica global se mostra bastante presente e tem afetado o comportamento das moedas e fluxo de recursos internacional”, afirma Bandeira.

No segmento doméstico, teremos muita volatilidade ainda por conta das marchas e contramarchas da reforma da Previdência em sua tramitação em comissões e no Congresso Nacional. Há um certo temor que possa sofrer desidratação e descaracterização por parlamentares. “Mas nossa avaliação é que o projeto ficou bem amarrado, e se houver economia fiscal da ordem de R$ 700/800 bilhões em 10 anos já estaria bom, que dirá se conseguir a economia prevista por Paulo Guedes de R$ 1,16 trilhão”, afirma Bandeira. Para o economista, o governo de Bolsonaro deve deixar de ser beligerante e pregar a união do parlamento e motivar a sociedade para o sacrifício que estará sendo imposto, mas que é absolutamente necessário.

Bandeira diz que permanece otimista com os mercados de risco, com muita volatilidade de curto prazo, mas com tendência primária de alta dos ativos, mesmo considerando as incertezas e riscos externos e a fraca e lenta recuperação interna.

Petrobras, Ambev e BRF anunciam seus resultados

A safra de balanços do quarto trimestre continua na próxima semana, com Transmissão Paulista, BR Distribuidora na segunda-feira depois do fechamento do mercado. Na terça, saem os dados de Marcopolo antes da abertura e de Aliansce, Carrefour Brasil, Ecorodovias, Enel, Guararapes e Iguatemi, RaiaDrogasil, AES Tietê, Wiz, Ouro Fino Odontoprev e Sulamérica depois do fechamento.

Na quarta-feira, quem divulga seus balanços são Marfrig, EDP, Fleury, Movida, Petrobras e Burger King depois do fechamento

Na quinta-feira, BRF e Gol anunciam o balanço antes da abertura, e Ambev, Copasa, Cia Hering, MRV e CCR depois do fechamento.

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