Saúde

Setor de saúde lidera ranking de fusões e aquisições. Vale investir?

Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de M&As; e reúne as maiores operações de compra de empresas no país

Hapvida - Divulgação
Hapvida - Divulgação

Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de M&As (fusões e aquisições) e reúne as maiores operações de compra de empresas no país. Toda essa movimentação vem chamando a atenção do mercado e especialistas do Nord Research traçaram um panorama e analisaram o atual cenário.

Duas das maiores transações ocorreram em janeiro deste ano, entre Hapvida e a NotreDame Intermédica (GNDI). O negócio formou um gigante com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões.

Recentemente, toda a movimentação em torno de Alliar (AALR3) vem chamando cada vez mais a atenção dos investidores.

A companhia, que está em processo de compra pelo MAM Asset Management, do empresário Nelson Tanure, divulgou na segunda-feira (14) que o fundo de investimento fez uma pesquisa com os atuais acionistas controladores e, pelo levantamento, das 57,009.219 ações atualmente em posse do bloco controlador, 50.154.878 devem ser vendidas, o que representa 42,3% do total de ações da Alliar e 87,9% do total em posse dos controladores. 

Atualmente, Tanure detém uma fatia de 27,6% na Alliar. Caso os integrantes do bloco de controle firmem o contrato para venda, o empresário terá de estender a proposta aos acionistas que estão fora do bloco de controle, numa OPA, pelos mesmos R$ 20,50 oferecidos inicialmente.

Outra máquina de aquisições apontada pela Nord Research é a Rede D’Or (RDOR3), dona dos hospitais São Luiz.

Pouco mais de um ano depois do IPO, a companhia vem executando objetivos apresentados no prospecto: 50% dos recursos destinados para a construção de novos hospitais e expansão de unidades existentes, e os outros 50%  para a aquisição de novos ativos, como hospitais, clínicas e corretoras de seguros de saúde.

Ou seja, reforçando uma característica principal que é buscar crescimento (seja ele de forma orgânica ou inorgânica).

A Nord Research lembra que a empresa anunciou 17 aquisições de hospitais espalhados pelo Brasil, aumentando ainda mais a sua área geográfica de atuação e suas perspectivas de crescimento de receitas nos próximos anos.

No entendimento do analista Victor Bueno, da série Nord 10X, além do potencial de crescimento de receitas com o aumento no volume de atendimentos e da complexidade dos procedimentos realizados nessas novas unidades, em sua estratégia de integração, a Rede D’Or também consegue obter retornos que são gerados por ganhos de escala e por efeitos de sinergia com a otimização dos custos operacionais.

Com as aquisições, a empresa adicionou 2.213 novos leitos para as suas operações e ultrapassou a marca de 10 mil leitos em suas unidades, chegando a um total de 10.128. Pelos hospitais, a Rede D’Or pagou, em média, 8,5x Ebitda e aproximadamente 1,95 milhão de reais por leito.

Os grandes destaques foram para a aquisição de 51% da Biocor pelo valor de R$ 383 milhões e para a conclusão da compra total do Hospital Aliança, em que foram pagos R$ 230 milhões pelos 20% restantes.

Além dos hospitais, a Rede D’Or acabou de adquirir a seguradora SulAmérica, uma das mais tradicionais do País. O negócio avaliado em R$ 15 bilhões, em fevereiro deste ano, é a maior aquisição da rede de hospitais desde sua estreia na B3.

A transação entre as companhias é vista por ambas as partes como uma grande oportunidade de consolidação no mercado de saúde brasileiro.

Sobre as estratégias, neste primeiro momento, ambas esperam acelerar o crescimento de seus negócios, que continuarão sendo geridos de forma independente. Para a Rede D’Or, Bueno diz que pode representar a entrada em novas regiões, novos negócios, novos nichos econômicos e o mais importante: destravar o crescimento de novos serviços que a empresa já estava buscando acelerar.

Oportunidade em Amil

Recentemente, outra possível aquisição foi veiculada à empresa, a da Amil, operadora de planos de saúde com 5,7 milhões de beneficiários e que também possui uma rede com 18 hospitais e 2,7 mil leitos. Assumindo o valor de 2 milhões de reais por leito (muito próximo da média paga pela Rede D’Or em suas aquisições), somente a operação hospitalar da empresa pode valer cerca de 5,4 bilhões de reais.

Além do interesse nos hospitais da Amil, uma possível compra de toda a empresa para desenvolver uma operação de saúde verticalizada (sem deixar de atender outros planos) também é cogitada como hipótese para a Rede D’Or.

"Porém, como não temos nenhuma declaração oficial por parte das empresas envolvidas, ainda é apenas uma especulação e precisaremos aguardar para saber se existe realmente a possibilidade da aquisição", afirma Bueno.

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