Ata do Comef

Sistema financeiro não teria problema relevante mesmo com mudanças em impostos federais, diz BC

Autoridade monetária, entretanto, não entrou em detalhes sobre as alíquotas que foram consideradas nos testes de estresse para averiguar resiliência

- REUTERS/Amanda Perobelli
- REUTERS/Amanda Perobelli

Por Marcela Ayres, da Reuters – O Banco Central indicou nesta quarta-feira (8) que, após a realização de testes de estresse, averiguou a resiliência do sistema financeiro nacional, que não teria problema mesmo com mudanças nas alíquotas de impostos federais.

"A avaliação de cenários de estresse macroeconômico indica que o sistema não apresentaria problema relevante caso os cenários considerados se concretizassem, inclusive levando-se em conta eventuais alterações nas alíquotas de impostos federais", afirmou o BC em ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef).

O BC não entrou em detalhes sobre as alíquotas que foram consideradas no teste de estresse.

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma sobre o Imposto de Renda que diminuiu a carga tributária das empresas em troca da instituição de um imposto sobre dividendos.

A reforma também aumentou a faixa de isenção do IR para pessoas físicas. O texto, considerado controverso por muitos especialistas, ainda precisa de aprovação do Senado.

A reunião do Comef foi realizada em 31 de agosto e a ata foi publicada na manhã desta quarta.

No documento, o BC avaliou que as provisões das instituições financeiras para potenciais perdas de crédito estão adequadas, num cenário em que repactuações ocorridas na esteira da crise de Covid-19 continuaram mostrando desempenho melhor do que o inicialmente imaginado.

Mas o BC pontuou que, para algumas carteiras, os ativos problemáticos permanecem em patamares elevados, citando o crédito

Sobre essas modalidades, que a ata incluiu entre seus "pontos de atenção", o BC ponderou ser "importante que os intermediários financeiros continuem preservando a qualidade das concessões".

"Os volumes mensais das contratações no crédito imobiliário seguem em patamares elevados, estimulados pelo nível historicamente baixo das taxas de juros cobradas", afirmou o BC.

"Nos financiamentos de veículos, principalmente de automóveis usados, tem-se observado alongamento dos prazos e elevação do percentual do valor do bem financiado pelos intermediários financeiros", acrescentou.

Solvência

De acordo com a autoridade monetária, os índices de solvência do sistema financeiro nacional subiram "levemente" no segundo trimestre, com recuperação da rentabilidade em meio à menor despesa com provisões.

"As instituições que acumularam ativos líquidos ao longo de 2020 para enfrentar a demanda por recursos durante a pandemia retornam gradativamente a liquidez a seus níveis anteriores", disse o BC.

O BC também afirmou que a incerteza sobre a solvência de empresas e famílias foi reduzida com "materialização recente de perdas apenas modestas". Mesmo assim, a mensagem da ata foi de cautela.

"O Comef segue recomendando que as instituições financeiras mantenham prudência na política de gestão de capital. É importante que, ao longo de 2021 e 2022, as instituições financeiras destinem os lucros de forma conservadora e alinhada às incertezas presentes no atual momento econômico", afirmou.

Na ata do Comef, o BC também reconheceu que o aumento da inflação em economias avançadas traz riscos de aperto monetário, dinâmica que poderá levar à reversão dos fluxos de capital para economias emergentes, tornando o ambiente "desafiador" para elas.

Ainda assim, o BC destacou que a exposição do sistema financeiro nacional ao risco da taxa de câmbio é baixa e que a dependência de financiamento externo é pequena.

Sair da versão mobile