Um olhar sobre a aquisição da Kopenhagen pela Nestlé

Recentemente, a mídia foi agitada pela aquisição da icônica marca brasileira, Kopenhagen, pela gigante Nestlé, em uma negociação de R$ 3 bilhões. Essa operação foi seguida por um aumento de 11,5% nas ações da Nestlé no dia do
anúncio, um motivo de celebração para os investidores, que acreditam que essa aquisição impulsionará as vendas e os lucros da Nestlé no Brasil.

As fusões e aquisições (M&A) são estratégias empresariais com diversos objetivos, tais como:

  • – 1. Crescimento: Acelerar a expansão em um segmento de mercado específico.
  • – 2. Diversificação: Ampliar o portfólio de produtos ou serviços.
  • – 3. Redução de Custos: Cortar despesas por meio da otimização de processos.
  • – 4. Aquisição de Tecnologia: Incorporar inovação tecnológica.
  • – 5. Aquisição de Talentos: Integrar talentos e expertise, especialmente em empresas com forte base tecnológica e pesquisa e desenvolvimento.

No caso da Kopenhagen, a aquisição visou, a princípio, expandir a presença da Nestlé no mercado brasileiro de chocolates, aproveitando a extensa rede de mais de 200 lojas da marca.

Entretanto, nem todas as operações de M&A são bem-sucedidas, e é nesse ponto que surge o outro lado da moeda. Inúmeras fusões, tanto no Brasil quanto no mundo, enfrentam desafios e fracassaram, frequentemente devido a problemas como:

  • Falta de Comunicação e Alinhamento: A ausência de uma comunicação clara sobre as estratégias e objetivos da fusão pode prejudicar a integração eficaz dos colaboradores.
  • Conflitos de Interesses: Divergências nos interesses e prioridades podem gerar conflitos internos e dificultar a tomada de decisões fundamentais.
  • Perda de Talentos: Empresas com base tecnológica sólida e estruturas de P&D podem sofrer com a saída de talentos valiosos, resultando em uma perda substancial de conhecimento e retrocesso em projetos inovadores.

Embora seja difícil quantificar o número exato de fusões malsucedidas nos últimos anos, alguns casos notáveis não alcançaram seus objetivos ou acabaram sendo revertidos. Por exemplo, a fusão entre a Daimler-Benz e a Chrysler em 1998, destinada a criar um gigante automotivo global, foi marcada por problemas de integração e divergências culturais, levando à sua desintegração em 2007.

Outro caso emblemático foi a fusão entre as gigantes de conteúdo AOL e Time Warner em 2000, que buscava criar um conglomerado de mídia dominante, mas foi criticada por ser excessivamente cara e mal planejada. A AOL acabou vendendo a Time Warner em 2009.

Esses exemplos demonstram que as operações de M&A têm seus riscos, e como costuma-se dizer,"a lua tem dois lados". Mas o que acontece com as empresas no mercado de investimentos após uma fusão?

Embora seja difícil prever com precisão, estudos da consultoria McKinsey & Company sugerem que fusões bem-sucedidas geralmente resultam em um aumento médio de 15% no valor das ações da empresa logo após o anúncio oficial, impulsionado pelo entusiasmo dos investidores com as perspectivas de crescimento e lucratividade.

No entanto, é importante notar que nem todas as fusões bem-sucedidas geram ganhos imediatos. Em alguns casos, o aumento no valor das ações pode demorar meses ou anos para se concretizar. Por outro lado, em situações de insucesso, o valor das empresas pode cair consideravelmente, como observado nas quedas de valor da Daimler-Benz e da AOL após suas respectivas fusões mal sucedidas.

É fundamental ressaltar que esses são apenas alguns exemplos, e o desempenho de uma empresa após uma fusão pode variar amplamente. Portanto, as empresas devem realizar uma avaliação criteriosa antes de se envolverem em operações de M&A, levando em conta não apenas o potencial de mercado e o valor futuro, mas também o fator humano e a cultura organizacional que serão implementados, pois esses elementos desempenham um papel crucial no sucesso dessas transações.

Sair da versão mobile