Todo investimento tem um tripé de características básicas que devem ser analisadas antes de se investir: prazo, rentabilidade e risco. E não é fácil encontrar um equilíbrio entre esses três fatores, ao mesmo tempo.
Para se buscar alta rentabilidade em curto prazo, por exemplo, é preciso aceitar grandes riscos. Quem quer evitá-los precisa assumir uma estratégia de longo prazo, pois, na maioria das vezes, ativos mais “seguros” oferecem rentabilidade média mais baixa.
Investidores iniciantes quase sempre não enxergam a parte do “risco” do tripé. “Analisam” as opções do mercado financeiro pela rentabilidade que podem trazer e esperam, de preferência, que o retorno chegue no menor prazo possível.
Essa visão ambiciosa torna, por exemplo, operações como o day trade sedutoras para quem está começando. Porém, o final da história de quem começa por esse caminho normalmente acaba em prejuízo.
Um estudo realizado em 2019 por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas) chegou à conclusão de que é “impossível viver de day trading”. Segundo o levantamento, apenas 7% dos 19 mil traders pesquisados conseguiram persistir na estratégia por mais de 300 pregões da bolsa (cerca de um ano de atividade). No geral, 91% tiveram prejuízo.
Mas e com o swing trade? A possibilidade de sucesso é maior do que operar diariamente? Confira como funciona esse tipo de estratégia e os riscos a ela associados.
Dias ou semanas
Diferentemente do day trade, em que o investidor compra e vende ativos – como ações e minicontratos de dólar ou índice – no mesmo dia para ganhar com a sua volatilidade, no swing trade, as operações levam dias para serem concluídas. Às vezes, mais de uma semana.
Isso torna o swing trade menos arriscado? Em termos. A maneira de se analisar as oportunidades é muito parecida, pois ambas são operações de curto prazo.
Para decidir operar “comprado” ou “vendido” com um ativo, ambos as operações utilizam a análise técnica de gráficos das cotações, enquanto investidores de longo prazo costumam seguir o método fundamentalista, analisando empresas, mercado, fatos econômicos e até políticos antes de incluir ou tirar um ativo da sua carteira.
A grande diferença é que, no swing trade, um dia de extrema volatilidade no mercado não determinará se o investidor teve ou não prejuízo.
Vamos supor que você decida investir R$ 1.000 para fazer day trade com ações da Petrobras, cujas ações estavam valendo R$ 30 na abertura do pregão da B3, a bolsa de valores brasileira.
Ao final do dia, porém, elas passam a valer R$ 27, uma queda de 10%, e você fecha a sua posição (vende as ações que comprou), assumindo o prejuízo daquele dia e esperando trades melhores para o futuro.
Na estratégia de swing trade, talvez você não terminasse o dia cabisbaixo, pois a queda de 10% foi pontual daquele dia e o valor das ações no dia seguinte passaram a R$ 33, o que significa que, se você fechar a posição, terá 10% de lucro.
Mas, claro, esse é um grande “talvez”, porque as ações da Petrobras poderiam seguir caindo dia após dia, “derretendo” os seus R$ 1.000 investidos até que você decidisse pela venda. Nesse caso, a estratégia de swing poderia ser até mais nociva do que o day trade.
Para tentar “controlar o risco” dessas estratégias, os investidores utilizam ferramentas como “stop loss” e “stop gain”.
Esse recurso, disponível no home broker, permite a venda automática dos ativos assim que eles atingem certo limite, seja de valorização ou de desvalorização. Dessa forma, os prejuízos poderiam ser amenizados. Porém, ainda assim, a possibilidade de grandes perdas ainda existe.
Menos horas em frente ao computador e custos mais baixos
Outra vantagem do swing trade em relação às transações diárias é que não é preciso dedicação exclusiva.
O trader analisa os ativos, escolhe como ficará posicionado, define os stops e acompanha com mais calma o mercado ao longo dos dias, o que não acontece no day trade.
Para não perder uma oportunidade, nesse tipo de operação pode ser necessário ficar horas em frente à tela esperando para vender na hora certa.
Além disso, como não compra e vende vários ativos todos os dias, com o swing trade o investidor paga menos taxas para as corretoras, que cobram por cada operação.
Esse é um fator importante a ser levado em consideração, pois embora esses custos não sejam altos, essa conta muitas vezes pode ficar cara quando se faz muitas transações todos os dias, transformando os lucros em perdas.
Vale a pena operar com swing trade?
Para responder a essa pergunta, o investidor primeiro precisa conhecer o seu perfil.
Porém, por mais agressivo que você seja, é importante não descuidar de alguns princípios básicos da educação financeira: diversificar sempre a carteira, adquirindo ativos com diferentes níveis de rentabilidade e exposição ao risco, misturando títulos e ativos de renda fixa com ações, fundos de investimento ou até alguns alternativos, como criptomoedas.
E lembre-se: mesmo que tenha a ambição de lucrar no curto prazo, pense sempre que a sua carteira deve ser pensada para fazer crescer seu patrimônio ao longo do tempo e que não te deixará milionário do dia para a noite.
Por isso, não reserve grande parte do seu capital para operações muito arriscadas e nem acredite em fórmulas mágicas de “gurus” da internet. Aplique nessas operações valores cujas perdas possam ser reparadas no médio ou longo prazo.