IPO (Initial Public Oferring), sigla em inglês que em português significa Oferta Pública Inicial, se traduz em momento único vivido por uma empresa. De fato, representa um grande marco, pois é o primeiro caminho de acesso à economia popular, por meio da emissão de ações, seja emissões primárias ou secundárias e comercialização no mercado bursátil, sendo que no caso brasileiro, a única bolsa de valores homologada é atualmente a B3 (antigamente denominada com Bovespa).
Em outras palavras, o momento do IPO para uma companhia de fato representa um importante marco, geralmente é um momento de euforia para os Diretores, founders e proprietários e equipe de trabalho, pois, no geral, trata-se de um momento em que a Companhia atinge a maturidade com operações consolidadas, capazes de performar com excelência, e uma oportunidade de acesso a vultosos valores para promover um crescimento expressivo em decorrência dos recursos amealhados pelo próprio IPO.
Analisando de forma pragmática, de fato é um momento único, complexo, trabalhoso e minucioso, que requer uma análise cuidadosa, em especial das vantagens e desvantagens de tal processo.
Desvantagens
A rigor, se pode observar 4 grandes desvantagens, sendo elas: (i) burocracia (e custos); (ii) fiscalização mais rígida; (iii) falta de sigilo; (iv) menor liberdade para decisões estratégicas.
O processo de IPO envolve a necessidade de produção de uma série de documentos, criação de práticas e políticas, a construção de muitas estruturas de governança e compliance, necessárias para a manutenção e acompanhamento pelos acionistas. Toda essa nova estrutura de governança além de aumentar a burocracia no desenvolvimento e tomada de decisão, implica em um aumento considerável nos custos.
Além disso, pela própria transparência e visibilidade, o efeito colateral natural, é um aumento natural dos órgãos de fiscalização. Por fim, a necessidade de transparência, acarreta na falta de sigilo, que no mundo dos negócios se mostra salutar para o desenvolvimento de uma estratégia de crescimento, inclusive em relação aos concorrentes, gerando uma menor liberdade na tomada de decisão, haja vista a necessidade de submissão das grandes decisões aos mencionados órgãos de governança corporativa.
Vantagens
Por outro lado, as vantagens são facilmente evidenciadas e iremos analisar somente as principais.
Primeiramente, trata-se de uma forma de captação de recursos relativamente barata, o que estimula e viabiliza os planos de crescimentos orgânicos e inorgânicos (aquisição de sociedades estratégicas).
Outro fator muito exaltado é a atratividade de melhores profissionais. Os profissionais estratégicos (em cargos de gerência e C-Levels) vislumbram uma importante oportunidade de trabalhar em companhias abertas pela natural possibilidade de receber parcela de seus vencimentos em remuneração baseadas em ações (stock options), o que alinha os interesses de tais profissionais ao crescimento da Companhia, sendo uma verdadeira oportunidade de enriquecimento.
Ainda, o próprio IPO atrai uma natural visibilidade da Companhia, de seus negócios, de suas marcas, gerando inúmeras oportunidades, uma vez que cria um network entre potenciais investidores e parceiros de negócios, que passam a compreender como as partes podem se associar e gerar riquezas em conjunto.
Naturalmente, é preciso avaliar os prós e contras, e, sem fazer um juízo de valor, resta claro, uma predominância das vantagens, o que impulsiona e estimula muitos empresários a seguirem para a jornada de IPO.
Conclusão
Passada a euforia e todo o assessoramento dos muitos profissionais que trabalham no procedimento do IPO, os meses que sucedem são de fatos muito desafiadores e irão revelar se de fato a Companhia irá conseguir o crescimento almejado.
Tais meses são a verdade prova de fogo, pois a Companhia se vê sozinha para navegar pelo emarando de regras contábeis, necessidade de compliance e disclosure das ações tomadas pela alta administração, da necessidade da estrita observância das normas da CVM (relativas a registro de companhia abertas e divulgação e uso de informações sobre ato ou fato relevante) e da autoregulação decorrentes dos níveis de governança da B3.
A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.