Criptomoedas

Terra (LUNA): quais são as chances do ecossistema se recuperar após plano do CEO?

O CEO da Terraform Labs, identificado como Do Kwon, propôs um "Plano de Reavivamento do Ecossistema Terra" em um post publicado no fórum da plataforma na tarde de sexta-feira (13)

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Às 9:18 desta segunda-feira (16), Terra (LUNA) caía 30,32%, ao preço de R$ 0,0009901 (US$ 0.0001944, aproximadamente) no acumulado de 24 horas. O movimento negativo era menor que o registrado em dias anteriores, quando o ecossistema colapsou por completo.

Agora, analistas discutem se a criptomoeda pode se recuperar.

O CEO da Terraform Labs, identificado como Do Kwon, propôs um “Plano de Reavivamento do Ecossistema Terra” em um post publicado no fórum da plataforma na tarde de sexta-feira (13).

Ele afirma que, a partir deste momento, ainda existem vários bilhões de dólares em UST (stablecoin), e o valor do token Luna caiu para praticamente zero. 

Do Kwon diz que mesmo que o eventualmente se restabeleça após a capitulação dos últimos compradores e vendedores marginais, os detentores da Luna foram tão severamente liquidados e diluídos que pode faltar o ecossistema para reconstruir das cinzas.

“Os detentores de UST precisam possuir uma grande parte da rede, pois os detentores de dívidas da rede merecem ser compensados pelos tokens que estão mantendo até o fim”.

De acordo com o texto do CEO da Terraform Labs, a comunidade Terra deve reconstituir a cadeia para preservar a comunidade e o ecossistema de desenvolvedores.

Segundo Do Kwon, os validadores devem redefinir a propriedade da rede para 1B tokens, distribuídos entre:

  • 400M (40%) para os detentores de Luna antes do evento de depegging (o último tick de $ 1 antes do depeg na Binance deve ser razoável), bLuna, LunaX e Luna mantidos em contratos também devem ser destinatários, menos a conta do Terraform Labs. A nova cadeia deve ser de propriedade da comunidade. Preservar a propriedade decente da rede em seus crentes e construtores mais fortes é importante.
  • 400M (40%) para os detentores de UST pro-rata no momento da nova atualização da rede. Os titulares de UST precisam ser o mais completos possível.
  • 100M (10%) para os detentores da Luna no momento final da interrupção da cadeia – os compradores marginais de última hora da luna devem ser compensados por seu papel na tentativa de fornecer estabilidade para a rede.
  • 100M (10%) para o Community Pool para financiar o desenvolvimento futuro.

O grito de guerra da comunidade Terra sempre foi “uma economia descentralizada precisa de dinheiro descentralizado”, diz o CEO. 

O Terra deve primeiro preservar sua L1, e a comunidade deve se reunir para discutir o dinheiro descentralizado assim que a poeira baixar, indica Do Kwon. “Espero que a comunidade possa chegar a um consenso rápido sobre como reviver o ecossistema Terra. Eu sempre estarei aqui”, complementou.

Edul Patel, co-fundador e CEO da Mudrex, consultado por The Economic Times, disse que seria muito cedo para afirmar se isso vai ajudar ou não os investidores. "O Terra está em queda e precisa de um bom tempo para se recuperar", acrescentou.

O analista recomendou que investidores com intolerância a alto risco não entrem em atividades de compra impulsiva agora.

Já a Levante recomendou ir com calma se por acaso alguém falar em fim dos tempos.

A tentação de colocar o universo de criptomoedas em uma única gaveta é grande. Porém, aqui vale a regra de que toda pergunta muito complexa pode ter uma resposta extremamente simples, que estará completamente errada. Não é possível comparar o UST com outras “stablecoins” como Tether (USDT) e USD Coin (USDC)

“Pelo começo. As “stablecoins” surgiram para ser o mais parecido possível com uma reserva fiduciária no universo cripto. Ou seja, proporcionavam um valor estável, em geral de um dólar americano. A estabilidade do dólar, somada às facilidades das criptos, torna esses ativos uma excelente alternativa de reserva de valor e moeda de referência”, escreveram os analistas.

Entenda as stablecoins

As primeiras “stablecoins” têm sua estabilidade garantida por ativos. Em geral, outras criptomoedas. Assim, se houver qualquer instabilidade – por exemplo, um ataque especulativo contra a moeda – essas reservas garantem o equilíbrio.

A UST é diferente. É uma “stablecoin” algorítmica. Em português: a estabilidade não é garantida por reservas, mas por algoritmos que compram e vendem constantemente a moeda por meio de contratos inteligentes (os “smart contracts”). Esse comprar e vender contínuo busca neutralizar as oscilações. Quando há excesso de vendedores das criptomoedas, o algoritmo compra o excesso. E quando a demanda supera a oferta, a relação se inverte.

Sua contraparte é outra criptomoeda, a Terra, cujo código (paradoxalmente) é LUNA. Seu valor é flutuante. Em teoria, quando o valor da UST ameaça cair, quem tem LUNA troca automaticamente suas moedas, sustentando o preço. Mas o valor do Luna também caiu vertiginosamente: a moeda perdeu 99,96 por cento do seu valor.

Entender o colapso significa entender seu calcanhar de Aquiles – o protocolo de empréstimo Anchor (ANC). Um dos primeiros sinais de que as coisas estavam dando errado para a Terra veio quando os depósitos de UST no Anchor começaram a cair no dia 6 de maio.

O Anchor oferece rendimentos de até 20 por cento ao ano para usuários que depositam UST em sua plataforma.

Antes de a UST iniciar seu declínio no sábado, o protocolo abrigava 75 por cento de todo o suprimento circulante da stablecoin. Isso representa 14 bilhões de dólares em UST, de uma oferta circulante total de 18 bilhões de dólares. Um estoque tão grande prova que a maioria dos investidores estava comprando a UST só para obter rendimentos.

Essa é a grande diferença.

Uma “stablecoin” algorítmica depende de um fluxo contínuo de recursos para garantir sua estabilidade. Ou seja, é parecido com uma startup que subsidia os consumidores para ganhar mercado.

A estrutura funciona enquanto houver capital para pagar o subsídio, na expectativa que, em algum momento, o negócio se tornará sustentável. Se o capital acabar antes disso, a estrutura desaba.

Assim, não é possível comparar moedas como UST com Bitcoin e Ethereum. São criaturas totalmente diferentes, com objetivos e origens distintas.

O Bitcoin está caindo devido a um aumento dos juros e essa queda foi potencializada pelos problemas do UST. Mas está longe de ser o fim dos tempos. E a turbulência pode até criar algumas oportunidades, complementou a Levante.

Com informações de Levante e The Economic Times.

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