A Vale anunciou hoje um prejuízo líquido de R$ 6,422 bilhões no primeiro trimestre por conta das perdas causadas pela tragédia do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. No mesmo trimestre do ano passado, a empresa registrou um lucro de R$ 5,122 bilhões. A tragédia de Brumadinho deixou cerca de 200 vítimas entre mortos e desaparecidos, centenas de pessoas desabrigadas e um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil.
O mercado projetava um lucro líquido para a empresa de R$ 8,5 bilhões.
O prejuízo do primeiro trimestre representou uma diminuição de R$ 20,9 bilhões em relação ao quarto trimestre do ano passado, principalmente em decorrência dos eventos subseqüentes relacionados à ruptura da barragem de Brumadinho e menores volumes de venda.
Primeiro Ebitda negativo
Os impactos financeiros da ruptura da barragem de Brumadinho levaram ao primeiro prejuízo antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda negativo) da Vale em sua história, com -R$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre.
O impacto financeiro de Brumadinho no Ebitda foi de R$ 19,0 bilhões, devido principalmente a: (a) provisões para os programas e acordos de compensação/remediação (R$ 9,3 bilhões); (b) provisão para descomissionamento ou descaracterização de barragens de rejeito (R$ 7,1 bilhões); (c) despesas incorridas diretamente relacionadas a Brumadinho (R$ 392 milhões); (d) volumes perdidos (R$ 1,1 bilhão); (e) despesas de parada (R$ 605 milhões); (f) outros (R$ 469 milhões). As provisões e despesas relacionadas aos itens (a), (b), (c) e (f) foram registradas no segmento “Outros” (vide “Provisões relacionadas à ruptura da barragem de Brumadinho” na seção “Desempenho operacional e econômico-financeiro” deste relatório), enquanto o impacto das paralisações nos volumes de vendas (d) e nas despesas (e) foram registrados no segmento de Minerais Ferrosos.
O Ebitda da Vale também foi impactado pelo menor volume de vendas de minério de ferro e pelotas, que ficou 30% e 20% inferior ao quarto e ao primeiro trimestres de 2018, respectivamente. A redução em relação ao quarto trimestre foi decorrente da sazonalidade usual (14 Mil toneladas, Mt), do impacto de paradas de produção após a ruptura da barragem de Brumadinho (7 Mt), de novos procedimentos de gerenciamento de estoque nos portos chineses, que impactaram o momento de reconhecimento da receita de vendas (6 Mt). Houve também chuvas anormais impactando os embarques do porto de Ponta da Madeira, no Sistema Norte (5 Mt), parcialmente compensados pela utilização de estoques nos portos chineses no primeiro trimestre deste ano (3 Mt).
O prêmio de qualidade de minério de ferro e pelotas foi impactado pelos menores prêmios do mercado de Carajás e atingiu US$ 10,7 por tonelada no primeiro trimestre, US$ 0,8 por tonelada abaixo do quarto trimestre.
O menor efeito do prêmio de mercado de Carajás foi compensado por preços mais altos do minério normal e pelo efeito positivo dos novos contratos na venda de pelotas.
Dívida sobe para compensar bloqueios
A dívida bruta totalizou US$ 17,051 bilhões em 31 de março de 2019, aumentando em US$ 1,585 bilhão em relação a 31 de dezembro, principalmente como resultado da adição de US$ 1,842 bilhão de novas linhas de crédito captadas para cumprir com a obrigação de manter fundos bloqueados relacionados à ruptura da barragem de Brumadinho.
A dívida líquida aumentou US$ 2,381 bilhões em comparação com o quarto trimestre, totalizando US$ 12,031 bilhões, principalmente como resultado de caixa restrito e dos depósitos judiciais no valor de US$ 3,490 bilhões, que foram separados da posição de caixa disponível, e do mencionado aumento na dívida bruta.
Empresa diz que segue de luto
A nota da empresa divulgando seus resultados abre com uma menção à tragédia, afirmando que “três meses e meio após a trágica ruptura da Barragem I na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), toda a organização ainda está de luto e completamente focada em fazer todos os esforços para garantir a segurança das pessoas e a integridade de seus ativos, atendendo às necessidades dos afetados e mitigando os danos”.
A nota traz ainda uma declaração de Eduardo Bartolomeo, recentemente confirmado como diretor-presidente pelo Conselho de Administração. “Estou comprometido em liderar a Vale no momento mais desafiador de sua história”, afirma. “Trabalharemos incansavelmente para garantir a segurança das pessoas e das operações da empresa. Nós nunca esqueceremos Brumadinho e não pouparemos esforços para aliviar o sofrimento e reparar as perdas das comunidades impactadas.”, diz Bartolomeu.
“Este enfoque nas pessoas e na segurança impulsionará nossa excelência operacional e fortalecerá nossa licença para operar, garantindo resultados sustentáveis através do fornecimento de portfólio de produtos de alta qualidade”, acrescentou.
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