Até 18 de dezembro, 30 empresas abriram seu capital (IPO, na sigla em inglês) na B3, a bolsa de valores brasileira, em 2020. No total, essas operações movimentaram mais de R$ 30 bilhões. Muitas vezes, o preço das ações dessas companhias valoriza muito em um curto espaço de tempo, porém isso não é regra. A pergunta que fica é: será que os investidores que participaram dessas negociações tiveram oportunidades de lucrar?
A SpaceMoney procurou responder a isso ao analisar cinco IPOs de empresas de diferentes segmentos. Essa análise não tem a intenção de demonstrar se um IPO é sempre atrativo, ou não. Apenas ajuda a entender que cada oferta pública inicial tem de ser avaliada isoladamente, com base nos fundamentos das empresas.
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IPO?
IPO, ou Oferta Pública Inicial, é quando uma empresa abre seu capital e passa a ter suas ações negociadas na bolsa de valores – no caso do Brasil, na B3. O primeiro passo desse processo é um período de reserva de ações, quando investidores manifestam seu interesse em comprar papéis da companhia dentro de uma determinada faixa de preço.
Saber se vale a pena entrar em um IPO, porém, é uma tarefa que envolve a análise de diversos aspectos. Para obter orientação, os investidores recorrem muitas vezes aos relatórios das casas de análises, que fornecem um prospecto da oferta.
Outro fator importante é saber se o preço de uma ação está justo. Para isso, o indicador fundamentalista “P/L” – o preço da ação sobre o lucro da empresa – é uma ferramenta que pode ajudar. O indicador é ideal para saber se o papel está caro ou barato, considerando o setor no qual ele está inserido.
Confira abaixo o comportamento dos papéis de cinco empresas que tiveram sua primeira aparição na B3 em 2020.
Locaweb (LWSA3)
Preço das ações da Locaweb ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Essa empresa de hospedagem de sites foi uma das primeiras a realizar IPO em 2020, no dia 6 de fevereiro. Na ocasião, a oferta movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão e as ações da companhia foram precificadas em R$ 17,25. Já no primeiro dia de negócios, as ações da empresa tiveram uma forte alta de 19,42%, cotadas a R$ 20,60.
Desde então, as ações da Locaweb se valorizaram de forma consistente, atingindo sua maior cotação em 5 de novembro, a um preço de R$ 76,43. Isto é, quem as comprou no IPO, e as vendeu nessa data, obteve um retorno bruto de aproximadamente 343%.
Segundo analistas do mercado, a valorização da Locaweb é reflexo dos avanços no uso de serviços de internet durante a pandemia, como a criação de sites e comércios eletrônicos.
Quando este texto foi escrito, por volta das 12h50 de 18 de dezembro, os papéis da Locaweb tinham preço de R$ 73,19, uma alta de aproximadamente 324% em relação ao preço de seu IPO.
Petz (PETZ3)
Preço das ações da Petz ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
A rede de produtos para animais Petz precificou em R$ 13,75 suas ações no IPO, que aconteceu em 9 de setembro deste ano.
No primeiro dia de negociação na bolsa, as ações da Petz valorizaram 21,8%, atingindo R$ 16,75. Houve, ainda, uma movimentação de R$ 3,03 bilhões realizada por mais de 39 mil investidores.
Desde então, as ações da empresa tiveram um bom desempenho, apresentando diversas altas diárias e chegando ao seu máximo até o momento em 27 de novembro, quando atingiram R$ 19,25, uma alta de 40% em comparação com seu valor de IPO.
Análises do mercado indicam otimismo quanto ao bom desempenho da Petz. Em outubro deste ano, o banco de investimentos BTG iniciou a cobertura da rede de petshops com recomendação de compra e destacou a boa gestão da companhia como um dos principais pontos positivos da análise.
Quando este texto foi escrito, por volta das 12h50 de 18 de dezembro, os papéis da Petz tinham preço de R$ 18,80, uma alta de aproximadamente 36% em relação ao preço de seu IPO.
Hidrovias do Brasil (HBSA3)
Preço das ações da Hidrovias ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
A empresa de soluções logísticas Hidrovias do Brasil decidiu precificar suas ações de IPO no piso de sua faixa estimada de preço, a R$ 7,56. A oferta aconteceu no dia 24 de setembro deste ano e movimentou cerca de R$ 3,4 bilhões.
As ações da companhia sofreram instabilidades ao longo dos últimos meses. Em 30 de outubro, os papéis da empresa tiveram sua maior queda, chegando a valer R$ 5,90, um recuo de aproximadamente 21% quando comparado com o valor estipulado em seu IPO.
Apesar do retrospecto ruim das ações desde seu IPO, a Hidrovias do Brasil pode apresentar melhora nos próximos meses e render bons frutos aos investidores. O BTG Pactual iniciou a cobertura da companhia em novembro e chamou atenção, entre outras coisas, pelo forte posicionamento de mercado da empresa.
Quando este texto foi escrito, por volta das 12h50 de 18 de dezembro, os papéis da Hidrovias do Brasil tinham preço de R$ 6,71, uma baixa de aproximadamente 11% em relação ao preço de seu IPO.
Pague Menos (PGMN3)
Preço das ações da Pague Menos ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Já no setor de produtos farmacêuticos, a rede de drogarias Pague Menos realizou seu IPO no dia 2 de setembro, com precificação de R$ 8,50 por papel – bem abaixo da faixa indicativa, que variava entre R$ 10,22 e R$ 12,54. A captação foi de cerca de R$ 858 milhões.
A maior alta das ações da empresa ocorreu dias após sua estreia na bolsa, em 3 de setembro, alcançando R$ 11,30. No começo de novembro, porém, mais especificamente no dia 3, as ações despencaram para R$ 8,02, uma baixa de aproximadamente 5,6% quando comparado com o preço do IPO.
Entretanto, a rede de drogaria pode apresentar melhoras futuras. O JPMorgan iniciou a cobertura da Pague Menos em outubro deste ano com recomendação overweight – performance acima da média do mercado. Para os analistas do banco de investimentos, os resultados fracos que a empresa apresentou foram frutos da má gestão anterior.
Quando este texto foi escrito, por volta das 12h50 de 18 de dezembro, os papéis da Pague Menos tinham preço de R$ 8,53, uma alta de aproximadamente 0,3% quando comparado com o preço do IPO.
Grupo Mateus (GMAT3)
Preço das ações da Grupo Mateus ao longo do tempo
Dados e gráfico: br.tradingview.com
Dono do segundo maior IPO do ano até o momento, a empresa de atacado e varejo Grupo Mateus captou R$ 4,63 bilhões em sua estreia na B3, em 13 de outubro. A ação saiu a R$ 8,97, no piso da faixa indicativa de preço.
Desde então, as ações da companhia apresentaram leves baixas diárias, com sua maior queda sendo registrada no dia 30 de outubro, quando os papéis atingiram R$ 7,80, uma baixa de aproximadamente 13%. No mês de novembro, os preços das ações recuperaram a forte queda registrada no final de outubro, mas mantiveram a baixa em relação ao preço de seu IPO.
O Grupo Mateus é mais um caso de possível melhora no desempenho futuro. A Ágora Investimentos iniciou a cobertura da empresa em novembro com recomendação de compra. A casa de análise vê com bons olhos o plano de expansão da companhia de atacado e varejo, o que possibilitaria a atuação em mais cidades na região de atuação da empresa.
Quando este texto foi escrito, por volta das 12h50 de 18 de dezembro, os papéis do Grupo Mateus tinham preço de R$ 8,30, uma baixa de aproximadamente 7,4% quando comparado com o preço do IPO.