Avaliação

XP projeta dois cenários possíveis para a renda fixa após decisão do Copom sobre a taxa Selic

Camilla Dole, analista da XP, alerta também para forças que agem no mercado diariamente e que muitas vezes fogem do radar

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Economistas da XP, assim como a grande maioria do mercado, aguardam um novo aumento de 0,75% na taxa de juros a ser anunciado após o fim da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central amanhã (5).

Nesse sentido, Camilla Dole, analista de renda fixa da XP, projetou, em relatório divulgado na segunda-feira (3), dois cenários possíveis para a renda fixa conforme o que o comunicado do Copom pode sinalizar para a política monetária adotada pelo Banco Central, visto que a decisão de elevar a taxa Selic já é esperada.

Segundo a especialista, para exemplificar as duas possibilidades, a curva de juros "expressa a expectativa para os juros de um mesmo emissor para diferentes intervalos. Pode-se dizer que as taxas de prazos mais curtos sinalizam expectativas ligadas à política monetária e que as de longo prazo estão conectadas ao risco fiscal".

Cenário I – Dovish

Esse cenário, conforme o relatório da XP, "sinaliza uma conduta do Banco Central mais confiante de que o cenário de inflação não será um problema, e, portanto, pendente a adotar uma política monetária expansionista ou menos restritiva para estimular a economia".

Em caso de concretização deste cenário, "os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam valorização, o que resultaria em possibilidade de ganhos de capital para quem já tivesse os títulos e decidisse vendê-los antes do vencimento, para capturar esta possível oportunidade", afirma Camila.

No caso da renda fixa, essas oportunidades aparecem quando a taxa do mercado é inferior àquela contratada na compra do ativo. A especialista sugere realizar os ganhos apenas se houver uma alternativa melhor de alocação deste capital. E prossegue: "com a elevação dos prêmios (taxas) de longo prazo, os títulos de prazos mais longos se desvalorizariam no mercado secundário. Ou seja, quem buscasse por esses títulos a partir desse movimento, conseguiria rentabilidades mais interessantes para prazos mais longos, a preços mais baixos em relação ao período pré-Copom".

A XP interpreta o cenário atual como positivo para alocação nos títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, uma vez que a expectativa para a taxa Selic é de elevação em qualquer um dos cenários apresentados.

Por fim, aponta que "há também títulos bancários e de crédito privado atrelados ao IPCA ou prefixados e que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos".

Cenário II – Hawkish
De acordo com a especialista, esse cenário "sinaliza uma conduta do Banco Central preocupada com os riscos inflacionários, e, portanto, pendente a adotar uma postura monetária mais dura, com subidas mais fortes na taxa de juros, ainda que isso possa prejudicar o emprego e a atividade no curto prazo".

Em caso de concretização desse cenário, Camila Dole avalia que "os investimentos prefixados e indexados à inflação de prazos mais longos apresentariam valorização neste primeiro momento, com redução nas taxas dos títulos. Para quem já detém este tipo de ativo, poderia ser uma oportunidade de ganhos de capital".

Ela indica que "para o curto prazo, com a elevação esperada dos juros, os títulos se desvalorizariam. Para quem busca alocação em títulos de curto prazo com estes indexadores, poderia representar uma boa oportunidade, uma vez que passariam a pagar remunerações mais elevadas e preços mais baixos".

Para os títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, a analista avalia que não há alteração em relação ao “Cenário I”. "A diferença é de que, em caso de elevações maiores nas taxas de juros, os ativos apresentariam rentabilidades ainda maiores já neste ano como reflexo da política monetária", pontua.

O que pode contrariar os cenários

"Além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações anteriores), outras forças agem no mercado diariamente que muitas vezes fogem do radar. Como exemplo, podemos citar movimentos nos mercados externos que podem ter efeito sobre a percepção de risco local ou até mesmo acontecimentos no cenário político-econômico nacional que podem exaltar ou acalmar os ânimos dos agentes para além do que for decidido na reunião", conclui.

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