Juros

XP vê juros em 5% no fim deste ano e crescimento modesto

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A corretora XP Investimentos espera uma queda maior nos juros este ano, para 5% ao ano, uma das menores taxas da história do país, com inflação controlada, mas crescimento da economia ainda modesto e com riscos vindos do exterior. É o que diz o relatório assinado pelos economistas Zeina Latif e Marcos Fernandes.

O relatório destaca algumas surpresas positivas ao longo desse ano. A primeira foi o ambiente mais favorável no Congresso, o que facilitou a tramitação da reforma da Previdência e sua aprovação nos dois turnos da câmara com ampla maioria de votos.

A segunda diz respeito ao início quase sincronizado de cortes de juros no mundo, com destaque para a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de cortar sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual. “Esses dois eventos abriram espaço para que um ciclo de corte de juros mais acentuado se iniciasse no Brasil também, sendo essa uma terceira surpresa”, diz o relatório.

Segundo os economistas, o Banco Central deve seguir cortando juros, levando a taxa básica Selic para a sua mínima histórica de 5,00% ao ano até o fim de 2019, ficando nesse patamar até o fim de 2020. Com relação à inflação, a corretora vê ainda um quadro confortável, com o IPCA próximo à meta de 4,00% nos dois anos: 3,74% em 2019 e 4,00% em 2020. Esse cenário segue condicionado a avanços concretos das reformas estruturais que dependem de consenso político e do cenário de crescimento econômico.

Já a economia brasileira ainda fraqueja e preocupa, mas alguns sinais positivos já surgem e a XP espera um crescimento do PIB de 0,9% em 2019 e de 2,1% em 2020. “Esperamos que o consumo lidere a recuperação da economia, sustentado por juros mais baixos, maior oferta de crédito e pelas medidas de liberação do FGTS e PIS/Pasep”, diz o relatório. Em contrapartida, haverá recuperação ainda lenta dos investimentos dada a alta ociosidade da indústria (transformação e construção civil), e o quadro político ainda incerto.

Nas contas públicas, dúvidas ainda existem em relação à magnitude do impacto fiscal da reforma da Previdência, com ampla dispersão das estimativas do mercado e do governo. “Entretanto, mesmo no cenário mais conservador, vemos a trajetória do endividamento brasileiro estabilizando na próxima década”, diz a XP. Ainda assim, novas medidas de ajustes serão necessárias para o cumprimento de regras fiscais e para que a resultado primário (receitas menos despesas do governo) volte ao terreno positivo.

Por fim, a desaceleração da economia mundial confirmou as expectativas da corretora. A guerra comercial, travada não apenas, mas principalmente entre EUA e China, é grande parte do problema. “Acreditamos que tensões comerciais seguirão no radar, o que deve impactar negativamente as expectativas de crescimento mundiais”, dizem os economistas. O Brasil não deve sair imune a isso.

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