sexta, 19 de abril de 2024
PÃO DE AÇÚCAR

Pão de Açúcar lidera perdas do Ibovespa após balanço

30 julho 2020 - 15h05Por Investing.com

Pão de Açúcar

Por Gabriel Codas, da Investing.com - As ações do Grupo Pão de Açúcar lideram as perdas do Ibovespa no início da tarde desta quinta-feira, depois de reportar ontem, após o fechamento do mercado, que teve queda de 20,3% no lucro líquido do segundo trimestre, impactado por operações descontinuadas, apesar de crescimento expressivo nas vendas em meio à pandemia do novo coronavírus.

Dono das bandeiras Pão de Açúcar, Assaí e Extra, o grupo varejista teve lucro líquido consolidado das operações no Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai de R$ 333 milhões de abril a junho, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, acima da expectativa do mercado, que previa lucro de R$ 195 milhões. 

No entanto, avanço dos custos preocupam os investidores. Os custos gerais, com vendas e administrativos, bem como as despesas financeiras saltaram mais de 50%, enquanto gastos com depreciação e amortização, incluindo logística, dispararam mais de 70%.

Por volta das 12h16, os ativos da companhia recuavam 5,58% a R$ 75,25. O Ibovespa recuava 0,82% a 104.735 pontos. 

Visão dos analistas

Para a XP Investimentos, o resultado foi acima do esperado, com EBITDA ajustado 18% acima da estimativa. O GOA reportou resultados sólidos no 2T20. As vendas cresceram +20% na comparação anual, em linha com as estimativas. Entretanto, a equipe observa uma melhora significativa da rentabilidade da companhia.

Os analistas mantiveram a recomendação de Neutro e preço-alvo de R$ 70,0 por ação para o final de 2020. Para eles, os resultados da companhia foram suportados pelo aumento do consumo básico em meio à pandemia. Entretanto, também observam o progresso importante de algumas das iniciativas estruturais da empresa, com a melhora sequencial dos resultados das bandeiras Extra Hiper e Mercado Extra, além do avanço no processo de desalavancagem (2,2x Dívida Líquida / EBITDA no 2T20 vs. 2,5x no 1T).

O BTG Pactual (SA:BPAC11) vê números resilientes do 2T20, que corroboram a visão positiva sobre as ações, com o Pão de Açúcar se beneficiando do aumento do tráfego nas lojas, devido aos maiores gastos com alimentos em casa dos consumidores, ao aumento da inflação de alimentos no país e à monetização de ativos não essenciais, juntamente com uma avaliação relativamente atraente (PCAR3 (SA:PCAR3) a 14x P / E 2021E vs. mediana do setor de varejo de 35x) justifica a classificação de compra.

Balanço

Excluindo as operações da Via Varejo (SA:VVAR3), na qual o GPA vendeu sua participação em meados do ano passado, o lucro líquido subiu para 274 milhões de reais ante 65 milhões no segundo trimestre de 2019.Em novembro, a controladora do GPA, o grupo francês Casino, concluiu uma reorganização societária de seus ativos na América Latina em que o GPA incorporou o grupo colombiano Almacenes Éxito.

Com isso, a receita bruta consolidada do GPA saltou 61,1% no segundo trimestre, para 22,9 bilhões de reais, dos quais 17,08 bilhões vieram do Brasil. As vendas brutas subiram 26,4% na rede de atacarejo Assaí e 13,6% na unidade chamada “multivarejo”, que envolve as bandeiras Extra, Pão de Açúcar e Compre Bem. As operações de comércio eletrônico dispararam 272% sobre o segundo trimestre do ano passado, como efeito do isolamento social.

A captação de recursos para aquisição do Éxito elevou a dívida líquida do GPA para cerca de 9,5 bilhões de reais ao fim de junho ante 1,4 bilhão um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 83,2%, para 1,54 bilhão de reais, e a margem Ebitda ajustada passou de 6,6% para 7,6%.

As ações do GPA avançaram quase 11% até agora em julho, enquanto os papéis do rival Carrefour (SA:CRFB3) Brasil subiram quase 13%. Na segunda-feira, o Carrefour Brasil divulgou alta de quase 76% no lucro líquido, impulsionado por vendas maiores e controles de custos, citando expectativas de forte desempenho no terceiro trimestre por conta das vendas já registradas em julho.