Política

Anderson Torres presta novo depoimento sobre blitze da PRF nas eleições de 2022

O depoimento ocorre após o seu indiciamento, que investiga suposta tentativa de interferência no resultado eleitoral

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O ex-ministro da Justiça Anderson Torres presta, nesta segunda-feira (14), um novo depoimento à Polícia Federal (PF) sobre as blitzs realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Esta vai ser a primeira vez que Torres vai ser ouvido desde que foi indiciado no inquérito que investiga o caso.

Na época das eleições, Torres era ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL), o que o colocava como superior hierárquico da PRF.

A PF apura se as blitzes teriam sido orquestradas para dificultar que eleitores do Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha forte apoio, chegassem aos seus locais de votação.

Mais de 2 mil bloqueios foram realizados na região pela PRF, no comando de Silvinei Vasques, que também foi indiciado.

Investigação e indiciamento

A investigação aponta que Anderson Torres, Silvinei Vasques e outros quatro policiais federais podem ter cometido crime previsto no artigo 359-P do Código Penal, que penaliza quem tenta impedir ou restringir o exercício de direitos políticos com uso de violência ou outras ações.

Em agosto, todos os envolvidos foram indiciados pela PF, que enviou o inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, a PF solicitou ao STF mais tempo para concluir as investigações e apresentar o relatório final.

Os bloqueios realizados nas rodovias durante o segundo turno das eleições levantaram suspeitas de uma possível interferência para favorecer Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição, especialmente após a ampla vantagem de votos conseguida por Lula na Região Nordeste.

Primeiro depoimento de Torres

Em maio do ano passado, Anderson Torres prestou seu primeiro depoimento sobre o caso.

Ele afirmou que recebeu um levantamento sobre o resultado do primeiro turno das eleições de Marília Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça.

No entanto, Torres negou ter compartilhado o documento com a PRF ou com a PF.

Torres também admitiu ter visitado a Bahia (BA) dias antes do segundo turno, mas afirmou que a viagem foi apenas para acompanhar obras na Superintendência da PF local.

Uma foto dele com outros membros da Polícia Federal (PF) em frente a um prédio em construção foi utilizada como prova pela defesa.

Existe a suspeita, porém, de que a viagem tenha sido usada para planejar as ações da PRF no dia da votação.

Torres nega as acusações de ter orientado os bloqueios.

Depoimento de Silvinei Vasques

Na última segunda-feira (7), Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, prestou depoimento por videoconferência.

Segundo fontes próximas à investigação, Vasques negou qualquer interferência no processo eleitoral.

Marília Alencar foi interrogada novamente.

A PF, no entanto, deve manter o indiciamento de Vasques, apontado como um dos principais responsáveis pelas blitzs no Nordeste.

Ele argumenta que as ações da PRF foram operações de rotina, sem qualquer intenção de prejudicar o resultado das eleições.

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