Delação premiada

Mauro Cid: aliados moderados temiam que Bolsonaro assinasse 'doidera'

Delação do ex-ajudante de ordens revela divisões internas no grupo de Bolsonaro e receio de que radicais o convencessem a dar um golpe

Crédito: Antônio Cruz/Agência Brasil
Crédito: Antônio Cruz/Agência Brasil

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou em delação premiada que os apoiadores moderados do ex-presidente temiam que a ala mais radical o levasse a assinar uma “doidera”. 

Essa é mais uma das informações obtidas após a quebra do sigilo do depoimento nesta quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“Esse grupo temia que o grupo radical trouxesse um assessoramento e levasse o presidente Jair Bolsonaro a assinar uma ‘doidera’”, afirmou Cid. 

De acordo a delação, eles “estavam preocupados com o grupo radical que estava tentando convencer o então presidente a fazer alguma coisa, um golpe”. 

Grupos de apoiadores de Bolsonaro

De acordo com Cid, após o resultado das eleições de 2022, Bolsonaro passou a receber diversos conselheiros no Palácio da Alvorada, que se dividiram em três grupos distintos: conservadores, moderados e radicais.

Radicais

A ala radical se dividia em dois grupos. Os “menos radicais”, que buscavam encontrar uma fraude nas urnas e eram os mais pressionados por Bolsonaro:

  • General Pazzuelo;
  • Valdemar Costa Neto (presidente do PL);
  • Major Denicole;
  • Senador Heinz.

Os que incentivavam o golpe de Estado, acreditando que Bolsonaro teria apoio popular e dos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) caso assinasse um decreto:

  • Felipe Martins;
  • Onyx Lorenzoni;
  • Senador Jorge Seiff;
  • Gilson Machado;
  • Senador Magno Malta;
  • Deputado Eduardo Bolsonaro;
  • General Mario Fernandes.

Além disso, sua própria esposa e até então primeira dama do Brasil, Michelle Bolsonaro pertencia a esse grupo. 

Moderados

Acreditavam que havia abusos jurídicos no país, mas entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. Este grupo se subdividia em dois:

Generais da ativa com mais contato com Bolsonaro:

  • General Freire Gomes (Comandante do Exército);
  • General Arruda (Chefe do DEC – Departamento de Engenharia e Construção);
  • General Teófilo (Comando de Operações Terrestres);
  • General Paulo Sérgio (então Ministro da Defesa).

Moderados que defendiam a saída de Bolsonaro do país:

  • Paulo Junqueira (empresário do agronegócio que financiou a viagem de Bolsonaro para os EUA);
  • Naban Garcia;
  • Senador Magno Malta (que também transitava entre os radicais, mas defendia a saída do país).

Conservadores

Este grupo aconselhava Bolsonaro a se posicionar como líder da oposição e desmobilizar os manifestantes que estavam nos quartéis. Além disso, seu próprio filho Senador Flávio Bolsonaro era um conservador a ideia do golpe. Entre seus membros estavam:

  • AGU Bruno Bianco;
  • Ciro Nogueira (então Ministro da Casa Civil);
  • Brigadeiro Batista Júnior (então Comandante da Aeronáutica).
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