De olho nas eleições

Por 2º turno, Lula enfatiza proposta que amplia isenção do IR, dizem colunistas

Essa mudança de agenda ocorre em um momento em que o governo se concentra na expectativa de cumprir a meta de déficit zero para este exercício fiscal

Por 2º turno, Lula enfatiza proposta que amplia isenção do IR, dizem colunistas
Crédito: Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou a todos de surpresa na última semana ao antecipar discussões sobre a reformulação da tabela do Imposto de Renda, um tema que estava inicialmente previsto para ser tratado apenas no próximo ano, informaram os repórteres Gustavo Uribe e Vinícius Murad, da CNN Brasil.

Essa mudança de agenda ocorre em um momento em que o governo se concentra na expectativa de cumprir a meta de déficit zero para este exercício fiscal.

Lula quer impulsionar seus candidatos no segundo turno

A proposta de Lula visa, de um lado, aproveitar a conotação positiva que a recuperação econômica pode trazer ao setor produtivo, enquanto, do outro, sugere a taxação dos super-ricos para financiar uma ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para aqueles que recebem até R$ 5 mil.

Esta estratégia foi especialmente relevante em meio ao desempenho insatisfatório da esquerda nas recentes eleições municipais.

Em uma entrevista concedida à rádio O Povo-CBN na última sexta-feira, 11 de outubro, Lula enfatizou a importância de compensar o aumento da isenção com a contribuição dos mais abastados.

“Nós queremos isentar aquelas pessoas até R$ 5 mil e no futuro isentar mais”, afirmou o presidente.

Afinal, fala de Lula traz dividendos eleitorais?

De acordo com aliados próximos ao presidente, a fala de Lula buscava uma conotação eleitoral e direcionava uma mensagem à classe média, especialmente em um cenário em que o PT disputa treze prefeituras em segundo turno.

No entanto, a antecipação do debate gerou um mal-estar significativo entre os membros da equipe econômica, que avaliam que a discussão sobre a taxação dos ricos deveria ocorrer em um contexto mais favorável ao governo.

A equipe econômica defende que seria mais apropriado abordar esse tema após a confirmação de um crescimento econômico superior ao esperado para 2024, o que poderia proporcionar uma base mais sólida para essa proposta.

Como o Palácio do Planalto analisa a movimentação do petista?

Apesar das tensões internas, no Palácio do Planalto, a avaliação foi que a atitude do presidente pode contribuir para suavizar as resistências em relação à proposta a longo prazo.

A estratégia seria iniciar a discussão agora, permitir que a classe média tome conhecimento da iniciativa e, assim, comece a construir apoio social antes da apresentação formal da proposta ao Congresso Nacional.

Isso pode facilitar a aceitação da proposta quando ela for finalmente apresentada no primeiro trimestre de 2025, conforme os planos delineados pela equipe econômica.

Compromissos de campanha

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) e a taxação dos mais ricos estão entre as promessas de campanha do presidente.

Vale lembrar que a isenção de até R$ 5 mil também foi uma promessa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não a cumpriu durante seu mandato.

Essa comparação reforça a relevância da proposta de Lula, que busca não apenas atender a uma necessidade fiscal, mas também responder a uma demanda social por justiça tributária.

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